Anualmente, dezenas de candidatos do Enem alcançam a tão sonhada nota mil na redação. Basta dar uma lida nos textos e conversar com estes estudantes para entender que, para alcançar a pontuação máxima, todos eles seguiram uma mesma “receita” do sucesso. Treinar, pelo menos, uma redação por semana; ficar de olho nas principais discussões da atualidade; desenvolver e acumular um repertório diverso ao longo do ano; rever os erros apontados pelos professores na correção, entre outros. Para além dessas dicas mais amplas, o GUIA DO ESTUDANTE decidiu investigar se há outras particularidades compartilhadas entre as redações avaliadas como perfeitas pelo Inep.
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Para isso, selecionamos 5 redações nota mil do Enem 2022 e 2023 – que, caso não lembre, tiveram como temas “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil” e “Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil“, respectivamente. Ao dissecar essas redações, observamos algumas semelhanças entre elas. Isso, claro, não significa que as incluir na sua redação a tornará uma nota mil. Mas, sem dúvidas, são elementos que enriquecem o texto.
Antes, clique e leia as cinco redações analisadas:
- Enem 2023: redação de Letícia Vicente da Silva;
- Enem 2023: redação de Mariane Clementino Barbosa;
- Enem 2022: redação de Carina Beatriz de Souza Moura;
- Enem 2022: Ana Alice Teixeira Freire;
- Enem 2022: Ana Alice Azevedo.
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1. Citaram autores nacionais
É unânime entre as cinco redações analisadas: todas citaram pelo menos um autor nacional. E como autores nos referimos tanto a sociólogos, filósofos ou pensadores quanto escritores literários e jornalistas. Percebe-se que nos cinco textos, eles foram citados ou como repertório externo ou como próprio embasamento teórico na argumentação, a partir de um conceito criado ou defendido por eles. Nas dissertações, encontramos citações a Ailton Krenak (filósofo e ambientalista mineiro); Sueli Carneiro (filósofa paulista); Darcy Ribeiro (sociólogo e antropólogo mineiro); Ricardo Antunes (sociólogo paulista); e Nelson Rodrigues (jornalista e autor pernambucano).
2. Atribuíram ao Estado a proposta de intervenção
Para alguns, atribuir ao Estado a proposta de intervenção é simplesmente óbvio. Afinal, o governo é a maior máquina pública atuante no país. No entanto, há outros agentes que podem ser citados na proposta de intervenção – que, vale lembrar, é considerada obrigatória pela banca corretora. Um macete para se lembrar é decorar a sigla GOMIFES, que engloba os principais agentes possíveis: governo; ONGs; mídia; instituições e indivíduos; família; escola; sociedade.
Ainda assim, as cinco redações analisadas atribuíram ao Governo Federal as medidas de intervenção. A maior parte delas sugere a criação de projetos de conscientização ou a maior fiscalização na garantia da lei. Entre os órgãos citados, estão o Poder Executivo e os ministérios da Educação e do Trabalho. A dica aqui é buscar compreender minimamente o que faz cada esfera do governo e o que é possível cobrar de cada uma.
3. Citaram pensadores contemporâneos
Essa é uma dica polêmica. Há estudante que quando encontra uma citação de algum pensador clássico, como Sócrates, Platão, Locke, não larga mais. Sobretudo, quando são frases coringas o suficiente para fazerem sentido em temas variados. Algo na linha “O homem é o lobo do homem”, de Thomas Hobbes. Não há nada de errado com isso, claro. Observamos, no entanto, que as cinco redações analisadas citaram pensadores contemporâneos – e parte deles brasileiros, como já dissemos.
E que diferença isso faz? Citar pensadores atuais demonstra ao corretor que o estudante tem uma bagagem diferenciada e que está antenado às discussões contemporâneas. Os autores citados nos textos foram: Chimamanda Ngozi Adichie; Boaventura de Sousa Santos; Nelson Rodrigues; Ailton Krenak; Sueli Carneiro; Ricardo Antunes; e Darcy Ribeiro.
4. Fizeram alusão a fato ou evento histórico
Nas cinco redações nota mil analisadas, os candidatos citaram algum evento ou fato histórico. Seja sobre a história do Brasil ou do resto do mundo, trouxeram esses elementos como embasadores da tese defendida na dissertação. A técnica é recomendada pelos professores, uma vez que demonstra, além de domínio conceitual sobre o tema, a capacidade de enxergar a temática sob diversos prismas – entre eles, o histórico.
Alguns utilizaram da referência logo na introdução, como forma de evocar a temática a partir de um fato ou evento histórico, outros citaram nos parágrafos de desenvolvimento. Obviamente, essa é uma técnica que vai depender do tema proposta na edição, mas, a título de curiosidade, os eventos ou fatos citados foram: a corrente literária do Romantismo (em dois textos diferentes); a carta que Pero Vaz de Caminha enviou a Portugal ao chegar no Brasil; a colonização portuguesa; a luta pelos direitos das mulheres no século 20; e a Revolução Farroupilha (por meio da referência ao livro “A casa das sete mulheres”).
Anotou as dicas? Confira outras redações nota mil do Enem 2022 e Enem 2023.