Totó, pebolim ou fla-flu: por que o nome desse jogo muda entre estados
Já adiantamos: nessa história, não tem ninguém errado! Entenda o que são as variantes linguísticas
Durante o encerramento do Jornal Nacional, na última sexta-feira (12), os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos surpreenderam os espectadores com um momento de descontração. Eles comentaram sobre o nome de um brinquedo, formalmente chamado “futebol de mesa”. Bonner afirmou que em São Paulo se fala pebolim, enquanto no Rio de Janeiro, é totó. Mas, para ele, o surpreendente mesmo era o nome dado no Rio Grande do Sul: fla-flu. Afinal, por que o nome desse jogo muda entre estados? As variantes linguísticas podem explicar!
Aliás, a variação linguística explica muitas outras palavras que mudam de forma Brasil afora. Dependendo da região na qual está o falante, mexerica pode ser sinônimo de tangerina ou até de bergamota, por exemplo. Assim como no Rio de Janeiro se fala biscoito, em São Paulo se fala bolacha. Na época das festas juninas, a discussão esquenta para decidir o nome de um prato feito com leite e milho: canjica, mungunzá, canjicada ou cural?
Ufa! A verdade é todos estão corretos – dos jogos e brincadeiras aos pratos típicos. Neste texto, entenda o que é variação linguística, um tema que cai direto no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e que é essencial para combater o preconceito linguístico.
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Vários nomes, um mesmo jogo
Antes de mergulhar nas variantes, vamos esclarecer sobre o jogo que dá nome a este texto. Alguns defendem que o pebolim (ou como você preferir chamar) foi criado na Espanha, durante a Guerra Civil Espanhola. Já outros defendem que foi na Alemanha, em 1930. É considerado um esporte e ganhou federação própria lá fora em 16 de agosto de 2002, a International Table Soccer Federation (ITSF). Aqui no Brasil, a coligação responsável pelo jogo desde 2007 é a Federação Brasileira de Pebolim (Febrape), antiga Associação Brasileira de Pebolim. O pebolim chegou em terras brasileiras em 1950.
Quais são as variantes linguísticas
Existem quatro tipos de variantes linguísticas: as variações diatópicas (geográficas), variações diacrônicas (históricas), variações diastráticas (grupos sociais), variações diafásicas (formal x informal).
As variações diatópicas podem ser tanto vocabular (o significado que as palavras trazem) quanto sintática e são comuns em país de tamanho continental como o Brasil. O pebolim, totó ou fla-flu é um exemplo clássico de variação geográfica vocabular. Já a variação sintática é a troca de palavras dentro de uma oração – como quando alguém diz “é não” ao invés de “não é” ou “quero não” em vez de “não quero”.
As variações históricas, ou diacrônicas, são aquelas que ocorrem de acordo com a época dos falantes. Com elas, é possível diferenciar o português arcaico do português moderno, por exemplo, como a mudança do “vossa mercê” para o “você”. Podem ser encontradas na literatura e na música.
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As variações linguísticas também ocorrem entre grupos sociais, que divergem entre si nos conhecimentos, costumes e vivências. Nada mais natural: diferentes grupos falam de diferentes formas.
Por fim, as variações diafásicas nascem a partir do contexto social, mas principalmente da situação em que o falante se encontra. Entre amigos, se faz o uso da variação informal da língua. Já se dirigindo a um juiz, por exemplo, o mais indicado é usar a variação formal.
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