Envelhecimento ou trabalhador rural: qual tema de redação do Enem 2025 foi mais difícil?
Uma disputa entre desafios, repertórios e pegadinhas semânticas
Qual redação foi mais difícil no Enem 2025? Neste ano, o exame apresentou dois temas diferentes – e ainda terá um terceiro, no exame para pessoas privadas de liberdade (PPL). No Enem regular, o assunto foi: “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. E no Enem para candidatos das cidades paraenses de Belém, Ananindeua e Marituba (por conta da COP30), foi “A valorização dos trabalhadores rurais no Brasil”. Mas, afinal, qual deles exigiu mais habilidade dos candidatos?
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Um tema mais presente: o envelhecimento
“O tema aplicado em Belém segue uma tendência recente do Enem de abordar desafios para grupos sociais específicos”, explica Felipe Rico, analista pedagógico da plataforma Redação Nota 1000. Ainda assim, ele observa que propostas dedicadas exclusivamente aos trabalhadores rurais são menos comuns.
Esse conteúdo costuma aparecer diluído em recortes mais amplos — como agro, meio ambiente, uso de agrotóxicos, agricultura familiar ou êxodo rural — o que torna o tema da reaplicação mais desafiador e dependente de um repertório sociocultural mais específico.
O cenário é diferente quando se olha para o tema do Enem regular, centrado no envelhecimento. Desde a divulgação do Censo 2022, o debate sobre o envelhecimento populacional ganhou força e passou a aparecer com mais regularidade nas propostas de treino.
Questões como etarismo, desvalorização da população idosa, saúde mental da população 60+ e até desafios da aposentadoria e da previdência tornaram-se comuns no repertório dos estudantes. Por isso, explica Felipe, o assunto já era mais familiar para a maior parte dos candidatos. E isso pode ter facilitado na hora de escrever a redação.
Habilidades de leitura: as duas provas exigiram muito
Para Sérgio Paganim, professor de Redação do Anglo, as duas propostas empataram em complexidade quando o assunto é habilidade de leitura. “A coletânea de textos foi mais extensa e complexa em relação aos anos anteriores”, afirma. Segundo ele, ambas as provas demonstraram um investimento maior da banca em leituras mais densas e multifacetadas.
As pegadinhas das palavras: “perspectivas” e “valorização”
Na análise linguística, Sérgio destaca que cada tema escondia desafios semânticos que podiam levar ao famoso “tangenciamento”.
“No tema do Enem regular, a palavra ‘perspectivas’ exigia que o candidato discutisse aspectos futuros do envelhecimento — não apenas problemas atuais. A coletânea reforçava essa dualidade ao mostrar tanto pontos positivos (citados por figuras como Rita Lee e Fernanda Montenegro) quanto negativos, como o abandono afetivo. Quem ignorou essa dimensão de futuro pode ter perdido parte do foco do tema”, afirma Sérgio.
Já no tema de Belém, o termo “valorização” também podia induzir a erros. Sérgio explica que, nos padrões do Enem, essa palavra costuma indicar uma problematização implícita: se é necessário valorizar, é porque há subvalorização. Assim, candidatos que interpretaram “valorização” apenas como exaltação da importância dos trabalhadores rurais podem ter feito uma argumentação superficial. O ideal era discutir razões e consequências da desvalorização desse grupo.
No fim, não dá para apontar um “tema fácil”: enquanto o envelhecimento era mais familiar aos estudantes, a valorização dos trabalhadores rurais exigiu um repertório mais específico — e ambos trouxeram pegadinhas semânticas capazes de derrubar distraídos. Em comum, ficou a mensagem da banca: em 2025, o Enem cobrou mais do que conteúdo; cobrou leitura fina, interpretação cuidadosa e atenção às nuances dos temas.
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