Eles fizeram cursinho longe de casa – e conquistaram o 1º lugar
Longe de casa e da família, Isabella e Rodrigo encararam a pressão do ano de estudos para Medicina e conseguiram a aprovação nas primeiras colocações
Mudar de cidade, adaptar-se a uma nova rotina, enfrentar a saudade da família e dos amigos. É comum que muitos estudantes precisem lidar com essas mudanças ao serem aprovados no vestibular, mas alguns antecipam o processo, como é o caso de muitos estudantes que decidem mudar de cidade e da casa dos pais para fazer cursinho.
Para Isabella Rodrigues Calixto Alves, de 20 anos, as inúmeras dificuldades de sair de sua cidade, Mirassol, no interior de São Paulo, para ir para a capital do estado, acabaram compensando: ela foi aprovada em primeiro lugar no curso de Medicina do Hospital Albert Einstein.
A estudante foi morar com as irmãs em São Paulo para estudar no cursinho Poliedro. “Meus pais me deram a moradia e pagaram a mensalidade, aí pude ir pra lá. Vários dos meus colegas são de outra cidade. Fiz amizade com duas pessoas de Araraquara, uma de Ribeirão Preto, um outro de Registro, um de Cuiabá, e outra de São José do Rio Preto”, conta Isabella.
A rotina não foi nada fácil. Estudava das 7h às 23h30, tanto no cursinho quanto em casa, parando apenas para tomar banho e fazer as refeições. “Tive que abdicar da minha família e do meu namorado, que ficaram no interior. Minha vida foi só estudar e estudar. No final do ano você fica muito cansado, muito estressado. Todo mundo perguntando se você foi bem, e você respondendo ‘não sei, não sei’.” Ela foi aprovada também na Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (Famerp), que preferiu por ser pública e bem mais próxima de sua cidade.
Uma rotina parecida foi enfrentada por Rodrigo Genari, de 19 anos, que conquistou a primeira colocação em Medicina também na Famerp. Ele passou na Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade de São Paulo (USP), campus de Ribeirão Preto, onde se matriculou. Ele se mudou de Casa Branca, no interior de São Paulo, para Campinas, para fazer o cursinho Oficina do Estudante.
“Tive de sair de Casa Branca para me preparar em um local com professores experientes e outros colegas que estavam na mesma situação que a minha. No começo foi tudo muito estranho: ritmo intenso da cidade e uma escola grande, mas, com o tempo, fui me habituando e me sentido acolhido por colegas, professores e pessoas que encontrava no dia a dia”, conta Rodrigo.
Sua carga de estudos chegava a atingir um total de 12 horas diárias, mas além dos estudos, ele credita o primeiro lugar à sua confiança. “Durante todo o ano, eu me preocupei em compreender e dominar os conceitos teóricos, antes de me ‘jogar’ nos exercícios. Tendo as disciplinas compreendidas, os acertos viriam como consequência. Por isso, antes de sair resolvendo toda a apostila de exercícios, costumava pegar uma caneta e uma folha em branco e escrever tudo o que sabia daquela matéria, para que eu tivesse a clareza do que eu sabia e do que desconhecia. Assim era possível perceber com maior clareza quais eram meus pontos fracos.”
Apesar dos sucessos, a jornada não foi fácil. “Fiz o Enem e não fui tão bem. Liguei desesperada para a minha mãe, chorando porque não queria fazer cursinho de novo”, conta Isabella. “Mesmo longe, todos eles me apoiaram muito, meu namorado sempre me incentivou, e minhas irmãs em São Paulo me deram muita força. Mas eu sempre sabia de gente que já estava no quinto ano de cursinho, ou que estava melhor classificada do que eu.”
Aos que estão na luta por uma vaga, Rodrigo recomenda a mesma autoconfiança que teve. “Não exija de si próprio a perfeição. Nenhum vestibulando vai para a prova 100% preparado, tudo se baseia em muito treino, sendo que durante a preparação é mais comum o erro do que os acertos. Ambos valem como aprendizado e servirão para construir um “repertório” para as provas.”