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Saiba como usar a vírgula – e quais são os três erros mais comuns

Seja você um amante ou um inimigo da vírgula, separamos um guia com os erros mais comuns para você evitar

Por Luccas Diaz
Atualizado em 17 Maio 2024, 10h05 - Publicado em 17 Maio 2024, 10h00
Meme com garota gritando "meu Deus, é a vírgula"
 (PiComenta_ via X/Redes Sociais/Reprodução)
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Vírgula. Eis aí um tópico que ainda confunde muito estudante na hora da escrita. Enquanto há aqueles que deveriam recorrer a uma reabilitação para viciados em vírgulas, outros desenvolveram uma verdadeira alergia e simplesmente não usam a pontuação. Nenhum extremo é saudável, e o equilíbrio, claro, é o que devemos buscar. Saber onde e quando usar a vírgula é o remédio mais fácil para não passar mais perrengue (ou vergonha) com a pontuação nas frases.

É claro que dominar totalmente a gramática é quase impossível, e todos estamos sujeitos a erros. Mas pensando principalmente nos estudantes e vestibulandos que são avaliados em provas de redação, aprender as principais regras dessa pontuação vai ajudar a desenvolver textos com muito mais facilidade.

“A vírgula tem funções diferentes, a depender do ângulo de observação”, afirma Lauro Rafael Lima, doutor em Linguística e professor do curso Aprova Total. “Para o leitor do texto, ela auxilia nas pausas que facilitam a compreensão das frases. Para o escritor, ela evidencia as regras de norma culta – se o texto assim o exigir – e permite uma clareza maior daquilo que se pretende dizer.”

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Há macetes para não errar vírgula?

Print da rede social Twitter em que usuário escreve:
“Freud, corre aqui”: o uso da vírgula de maneira errada pode causar frases, no mínimo, engraçadas (X/Redes Sociais/Reprodução)

O GUIA DO ESTUDANTE já te explicou que aprender músicas, rimas ou analogias funcionam como ótimos macetes para decorar uma grande quantidade de informações. Ainda na infância, durante o período de alfabetização, é comum ouvirmos dos professores que podemos entender a vírgula como a pausa que fazemos para respirar enquanto falamos. E que, na hora da dúvida, basta pensar a sentença sendo falada e observar em que momento pararíamos para recuperar o ar.

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A dica é bem intencionada, claro, e cumpre os propósitos introdutórios da pontuação. Mas será que funciona mesmo?

+ Redação do Enem: quantos erros de gramática posso cometer sem perder nota?

“Sim e não”, adianta Lima. “Sim, a vírgula representa pausas que devem ser feitas para que a leitura seja realizada com mais clareza, mas não, isso não vai servir para você saber todas as regras que definem o uso adequado da vírgula na norma culta”. Para o professor, o macete ajuda mais no processo de leitura do que no processo de escrita. E, como estamos focando no treino de redação aqui, já podemos descartar a técnica.

Resta, então, olharmos para os 3 erros mais comuns e entender a regra gramatical por trás deles. Assim, fica mais fácil de identificá-los e nunca mais repetir.

Os três principais erros

Veja como evitar 7 erros comuns (e fáceis) de português
(iStock/Reprodução)
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Erro nº 1: não separar com vírgulas orações com sujeitos diferentes

“Para escrita de um texto em provas de redação, lembre-se que se usa vírgula com orações coordenadas aditivas que tenham um sujeito diferente do que está na oração anterior”, explica o professor. Em outras palavras, se em uma mesma frase temos duas (ou mais) orações com sujeitos diferentes, separamos cada uma com uma vírgula.

O professor explicou a vírgula, e eu consegui entender.

Veja só: “O professor explicou a vírgula” é uma oração. “E eu consegui entender” é outra. Cada uma possui um sujeito próprio: na primeira, professor, na segunda, eu. Desta forma, a pontuação deve separar as duas.

+ Letra feia zera redação? Tire suas dúvidas sobre caligrafia no Enem

Erro nº 2: esquecer de isolar o vocativo com vírgulas

Vocativo, caso não esteja lembrado, é a palavra, ou conjunto de palavras, que utilizamos para convocar alguém ao diálogo, à interlocução. Em “Mãe, esqueci a toalha!!”, mãe é um vocativo. Segundo a normal culta, o termo deve estar sempre entre vírgulas.

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Olá, professor. Tudo bem?

 

A frase acima é um exemplo mais traiçoeiro. Por não estar no início da frase, podemos achar que professor não é um vocativo. Mas lembre-se: o termo diz respeito a qualquer palavra que convoque outra pessoa ao diálogo. “Essa é a pontuação correta e não como normalmente se lê ‘Olá professor, tudo bem?'”, adverte Lima.

Vejamos outro exemplo:

  • “A comida está sem aquele sabor Ricardo.”
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  • “A comida está sem aquele sabor, Ricardo.”

Repare que a primeira frase, sem o isolamento do vocativo, dá a entender que está faltando o tal “sabor Ricardo” na comida, o toque especial de Ricardo. Como se a expressão fosse um modo de dizer que o prato não está tão saboroso quanto aquele feito pelo homem. Já na segunda, com o vocativo isolado, vemos que a reclamação, na verdade, é sobre a ausência de um determinado sabor que é reconhecido pelo interlocutor e por Ricardo.

+ Como os vocativos caem na redação do vestibular

Erro nº 3: colocar vírgula entre o sujeito e o verbo

Pense neles como um casal inseparável! O sujeito e verbo de uma oração não devem nunca ser separados por uma vírgula. Ao fazer isso, é como se quebrasse a oração ao meio, a deixando incompleta dos dois lados. Em “A filha da professora é conhecida na escola por não respeitar os colegas da mãe”, nunca poderíamos colocar uma vírgula após filha da professora, isto é, antes do verbo “ser”.

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O professor entrevistado pelo Guia do Estudante respondeu às dúvidas

Da mesma forma, seria considerado errado pela norma culta da Língua Portuguesa adicionar uma vírgula após Guia do Estudante, pois “professor entrevistado pelo Guia do Estudante” é o sujeito da oração.

Claro que há inúmeras outras regras para o uso da vírgula, como o uso de apostos, a listagens de itens, a vírgula depois de locuções prepositivas… A intenção aqui, porém, é mostrar os erros mais básicos para não cometer e evitar perder pontos na prova.

+ O que é um verbo e como classificá-lo

E o ponto e vírgula?

Lendo os três erros mais comuns acerca do uso da vírgula, pode ter passado pela sua cabeça uma outra pontuação que é bem parecida com a vírgula. “O ponto e vírgula representa uma pausa maior do que a vírgula e menor do que o ponto final”, resume o professor. “Na prática, ele deve ser usado para separar orações, em situações nas quais existem outras vírgulas próximas e que, estando todas presentes, dificultariam a leitura ao invés de facilitá-la”.

Vejamos um exemplo para facilitar:

O professor ensinou vírgula, crase, concordância, regência; alunos e leitores tiraram suas dúvidas.

 

Segundo Lima, a ausência de um ponto e vírgula e o uso de vírgula normal após regência poderia gerar uma confusão na hora da leitura, uma vez que daria a impressão de que alunos e leitores são itens que também foram ensinados pelo professor. Da mesma forma, um ponto final após regência seria desnecessário. Assim, o ponto e vírgula assume esse papel de meio-termo entre uma vírgula e um ponto final.

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