O que fazer quando a menstruação afeta a rotina de estudos
A menstruação pode abalar a rotina de aprendizado e médica explica como isso acontece
É comprovado que a cólica menstrual intensa afeta a qualidade de vida das mulheres, independentemente da idade. Acontece que, na adolescência e juventude, ela pode atrapalhar a concentração na hora de focar nos estudos e diminuir a produtividade das estudantes. Além das cólicas, outros aspectos ligados ao ciclo menstrual e à menstruação, quando não tratados, também podem influenciar a rotina a longo prazo.
Pensando nas alterações que podem refletir no estado físico, mental e social das jovens, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com Marta Rehme, ginecologista e vice-presidente da Comissão Nacional de Ginecologia Infanto-Puberal da FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia). Ela ajuda a entender as flutuações hormonais e como as estudantes podem lidar com a situação da melhor maneira possível.
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Cólicas menstruais
De acordo com Marta Rehme, as cólicas menstruais, que em termos técnicos se chamam “dismenorreia”, causam limitações em 15% das mulheres e, quando intensas, resultam em faltas às atividades escolares e trabalho. A notícia ruim é que, nas adolescentes, elas podem ser ainda mais intensas.
No geral, a cólica menstrual pode variar entre:
- leve, na qual raramente necessita medicamentos;
- moderada, em que é necessário uso de anti-inflamatórios (com orientação médica);
- ou intensa, quando pode ser preciso intervir no ciclo com uso de pílulas anticoncepcionais associadas ou não com os anti-inflamatórios.
A cólica tem início alguns dias antes da menstruação ou com o inicio do fluxo, durando em média 48 a 72 horas. A culpa é de substâncias inflamatórias chamadas de prostaglandinas, liberadas no final do ciclo menstrual. Elas também são responsáveis por diversos sintomas como diarreia, náuseas, vômitos e sensação de inchaço.
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Síndrome pré-menstrual (TPM)
Popularmente conhecida como TPM, a Síndrome pré-menstrual (SPM) se caracteriza por sintomas físicos, comportamentais, ou ambos. Eles aparecem nos dias que antecedem a menstruação, no final do ciclo, e duram aproximadamente 14 dias.
De acordo com Rehme, uma das hipóteses sobre a origem destes sintomas é a resposta de cada mulher às mudanças hormonais. Os sintomas variam tanto de pessoa para pessoa, quanto de um ciclo para o outro, podendo ocorrer de maneira isolada ou associados entre si.
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Os sintomas físicos mais conhecidos são o edema, que é o inchaço causado pelo acúmulo de linfa (líquido que circula pelo sistema linfático), ganho de peso, mastalgia, que são dores nas mamas, distensão abdominal, que é o inchaço do abdômen, dor de cabeça, alteração no apetite e até no sono.
É claro que tudo isso afeta diretamente a rotina de estudos. Como já falamos aqui no GUIA, a qualidade do sono está associada à memória e retenção das informações aprendidas durante as horas de estudo. Isso sem falar que ele atua como uma “terapia”, diminuindo a carga emocional de memórias de experiências passadas.
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Já os sintomas comportamentais mais conhecidos da TPM são a labilidade emocional, que são mudanças de humor muito rápidas ou emoções desproporcionais a determinadas situações, irritabilidade, nervosismo, dificuldade em se concentrar, fadiga, ansiedade, depressão, agressividade, humor instável, isolamento social e comportamento irracional.
Se para algumas estudantes já é complicado ficar concentrado por muito tempo nos estudos devido ao celular e as redes sociais, o problema é agravado durante o ciclo menstrual. Por isso, é importante conhecer métodos que podem auxiliar na concentração, como a Técnica Pomodoro. Nela, o aluno ativa um timer de 25 minutos para o primeiro bloco de estudos, faz uma pausa de 5 minutos após o fim da contagem e repete a ação mais duas vezes antes de fazer um intervalo mais longo de 10 ou 15 minutos.
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Síndrome disfórica pré-menstrual
A médica aponta que esta é uma forma mais severa de tensão pré-menstrual e ocorre em cerca de 5% dos casos. Possui uma interferência alta na qualidade de vida das mulheres em geral, mas principalmente das adolescentes que naturalmente mais passam por um fluxo menstrual mais intenso. A Síndrome disfórica pré-menstrual é diagnosticada a partir da presença de 5 ou mais sintomas pré-menstruais, sendo um deles de característica comportamental.
Caso você se identifique com esse quadro, é importante procurar a orientação de uma ginecologista.
Enxaqueca menstrual
A enxaqueca menstrual pode acontecer devido à queda do estrogênio e a liberação de substâncias inflamatórias durante o período menstrual. A queda do estrogênio, por sua vez, diminui a atividade da serotonina, um dos ‘hormônios da felicidade’.
Vale lembrar que a serotonina é liberada durante atividades prazerosas, como a prática de esportes. Este neurotransmissor funciona de maneira similar à dopamina, com o sistema de recompensas. A alimentação também tem influência sobre o disparo do hormônio. Alimentos como chocolate, ovos e tofu são responsáveis pela liberação da serotonina.
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Mastalgia pré-menstrual
Mastalgia é a dor mamária. De acordo com a ginecologista, a mastalgia pode acontecer duas semanas antes do período menstrual, podendo variar de intensidade, sendo desde um incômodo leve, até uma dor intensa ao encostar nos seios. Pode estar relacionada com a variação hormonal do estrogênio, que estimula a tubulação mamária, e a progesterona, hormônio sexual feminino que prepara o organismo para uma possível gestação.
Rehme explica que estas alterações atingem o pico por volta do 25º dia do ciclo e estas alterações acontecem regularmente durante o período menstrual das mulheres que estão em idade reprodutiva.
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E agora, o que fazer com todos estes sintomas?
Segundo a Dra Marta Rehme, todos os sintomas descritos anteriormente podem afetar a produtividade e a concentração de algumas mulheres durante um ciclo menstrual normal. Os dois momentos mais críticos são durante a segunda fase do ciclo, após a ovulação, e durante o período menstrual em si.
Isso não é regra, mas as mulheres podem se sentir mais dispostas durante a primeira fase do ciclo, que acontece entre o fim do sangramento e o período ovulativo. Por isso, conhecer bem o próprio ciclo menstrual é tão importante: assim é possível planejar suas atividades conforme o período em que estiver se sentindo melhor no mês.
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Por fim, para além do ciclo menstrual, Rehme alerta que é necessário avaliar cada caso individualmente para identificar a presença de problemas orgânicos ou distúrbios psiquiátricos que podem influenciar na qualidade de vida da adolescente.
“É preciso identificar qual sintomatologia afeta esta adolescente – cólica? Mastalgia? Sintomas pre-menstruais? Para isso é importante uma avaliação médica se os sintomas estiverem afetando a sua qualidade de vida, para um diagnostico diferencial com outras situações cujos sintomas são semelhantes. Sintomas comportamentais citados na TPM podem ser distúrbios psiquiátricos como depressão, transtornos depressivos, transtorno de ansiedade, etc.”, conclui a médica.
Portanto, na dúvida, busque a ajuda de uma ginecologista.
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