Nota do Enem: entenda a fórmula complexa usada pelo Inep
Entenda o cálculo da nota do Enem. Pode causar estranheza e insegurança, mas sua metodologia é séria e respeitada no meio acadêmico
Muitos estudantes ficam inseguros em relação ao desempenho no Enem porque sua nota não vem na forma tradicional – de 0 a 10 (ou 0 a 100, ou 0 a 1.000). O principal ponto que causa confusão entre os candidatos é que o número de questões corretas no exame não se reflete, de forma direta, na nota final. Acontece que a nota não mede só os acertos, mas a consistência do conjunto das respostas. No exame, todos os estudantes são avaliados pelos mesmos critérios, e, nesta reportagem, buscamos explicar como funciona a avaliação.
Para começar, é importante saber que a nota do Enem é calculada numa escala criada especialmente para o exame, com o objetivo de medir o conhecimento de cada aluno e do conjunto, com base na matriz de competências e no currículo do Ensino Médio. A nota do Enem é uma régua, e, com base nela, é atribuída a nota aos alunos que prestam o exame (veja o infográfico abaixo).
A montagem das réguas faz com que, nas quatro áreas do conhecimento, não haja a nota zero (mesmo que a pessoa erre tudo) nem a nota 1.000 (mesmo que acerte tudo), pois a nota mínima corresponde ao ponto abaixo da questão mais fácil, e a nota máxima, à posição da questão mais difícil.
Teoria da Resposta ao Item
O primeiro passo para dar forma ao exame é o pré-teste. Nele, são testadas inúmeras questões com alunos do Ensino Médio. A partir do conjunto das respostas no pré-teste, cada questão tem o seu grau de dificuldade medido, o que coloca cada questão numa determinada posição na régua do Enem. A partir do pré-teste, é formado um banco de dados com milhares de questões, do qual são extraídas as 180 que compõem o exame nacional. Com base na posição de cada questão, são avaliadas todas as respostas de cada estudante que presta o Enem.
O cálculo da nota do Enem é baseado na Teoria de Resposta ao Item (TRI). Cada questão é um item. O TRI é um conjunto de modelos estatísticos que quantifica o item por três parâmetros:
- grau de dificuldade;
- poder de discriminação, ou seja, a capacidade da questão de diferenciar os alunos em relação à dificuldade da questão;
- possibilidade de acerto ao acaso.
Uma função importante do pré-teste é garantir a qualidade das questões. Caso uma delas tenha pequeno poder de discriminação, pode ser descartada ou refeita, para garantir que cumpra sua função de avaliar corretamente os alunos. Quando a questão é mal formulada, a resposta tende a ser arbitrária, independentemente de o aluno estar bem ou mal preparado.
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O professor Dalton Francisco de Andrade, do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina, explica que, pela TRI, alunos que tenham acertado o mesmo número de questões podem ter notas diferentes, em razão da coerência das respostas: espera-se que um candidato que acerte questões difíceis também acerte as fáceis. Caso o candidato acerte várias questões difíceis, mas erre muitas fáceis, haverá redução na pontuação dos itens difíceis, pois há alta probabilidade de acertos casuais.
A TRI permite “calibrar” as provas para que tenham um grau de dificuldade adequado às necessidades do exame. E, como as sucessivas provas medem o conhecimento dos alunos na mesma escala, é possível comparar os resultados de Enems diferentes.
Redação
No Enem, a redação se baseia nos mesmos eixos cognitivos e na matriz de referência das questões objetivas. Porém, sua nota é calculada de maneira distinta e se baseia na forma de correção tradicional, com uma escala de 0 a 1.000 pontos, pois a Teoria da Resposta ao Item só pode ser feita com questões de múltipla escolha. Na redação, leva zero o texto que não atender a pontos básicos da proposta solicitada, seja em relação ao tema ou ao tipo de texto, e que tiver menos de sete linhas.
Desde 2012, os candidatos podem ter acesso ao espelho da correção de sua própria redação, por meio do site do exame, que mostra detalhadamente a correção feita e a nota atingida em cada uma das cinco competências da redação.
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Nota final
Após prestar o Enem, o estudante recebe cinco notas: uma para cada área de conhecimento e a nota da redação. As notas servem a vários objetivos: para concorrer a uma bolsa do ProUni ou obter um financiamento do Fies é preciso ter ao menos 450 pontos na média das quatro áreas e na redação; em relação ao Sisu, as universidades têm autonomia para usar a pontuação de cada área com pesos diferentes, dependendo do curso universitário que o candidato almeja.
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