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Quem é Nicolás Maduro e quais são as acusações contra o venezuelano

Conheça a trajetória política do presidente da Venezuela, que há 10 anos é alvo de críticas no seu país e no mundo

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 16 ago 2024, 17h18 - Publicado em 30 Maio 2023, 13h07
Presidente da Venezuela Nicolas Maduro
Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, é acusado de perseguir e matar opositores (Spencer Platt/Getty Images)
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Em uma eleição cercada por suspeitas de fraude, Nicolás Maduro reelegeu-se presidente da Venezuela. A ONU (Organização das Nações Unidas) acusa Maduro de violar Direitos Humanos ao perseguir opositores. O TPI (Tribunal Penal Internacional) investiga o governo venezuelano por torturas e execuções, inclusive de manifestantes. Já os Estados Unidos considera que Maduro tem envolvimento com o narcotráfico.

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O presidente da Venezuela responde que as acusações internacionais são enviesadas, e acusa ser vítima de uma perseguição do governo americano, que desde 2014, quando Maduro foi eleito presidente, impõe embargos econômicos ao país.

Entenda quem é, afinal, o homem por trás de inúmeras acusações, que assumiu o governo da Venezuela após uma década de exorbitante crescimento e avanços sociais, e hoje está à frente de um país mergulhado na crise política e econômica.

Nicolás Maduro surge e cresce na política venezuelana

Foi no início dos anos 1990 que Nicolás Maduro despontou no cenário político venezuelano. Nesta época, o proeminente líder sindicalista, que até então trabalhava como motorista de ônibus na capital Caracas, decide aderir ao MBR-200 (Movimiento Bolivariano Revolucionario 200). O grupo da esquerda articulava-se para realizar uma revolução no país, que deporia o então presidente Carlos Pérez e levaria ao poder Hugo Chávez, militar paraquedista que estreita os laços com Maduro a partir daí.

A tentativa de levar o plano a cabo, em 1992, fracassou e Chávez foi preso. Militantes do MBR-200, entre eles Nicolás Maduro, protestaram ativamente contra a prisão do líder e articularam-se nos anos seguintes para a criação do Movimento V República (MVR), partido que em 1999 elege Hugo Chávez presidente.

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Nos anos seguintes, Maduro ganhou cada vez mais projeção na política. Foi primeiro eleito para a Câmara dos Deputados, em 1998, e depois passou a fazer parte da Assembleia Nacional Constituinte, responsável por elaborar a nova Constituição venezuelana. Dois anos depois, em 2000, concorreu e foi mais uma vez eleito para a Assembleia Nacional, agora já em uma nova configuração dos poderes instituída pela Constituição. Em 2005, foi reeleito.

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Maduro passa a ocupar um cargo no executivo em 2006, quando é nomeado ministro das Relações Exteriores, e só o deixa em 2012 para tornar-se vice-presidente. Durante estes anos, a Venezuela experimentava um período de vertiginoso crescimento. Com o petróleo, principal produto nacional, sendo exportado a preços recordes, o país investia pesado em políticas sociais nas áreas de saúde, educação e habitação. A taxa de pobreza urbana no país passou de 49% em 1999 para 29% em 2010. A Venezuela tornou-se o país menos desigual da América Latina, segundo o Índice de Gini da ONU (Organização das Nações Unidas).

Mas a escalada da violência no país já chamava a atenção, assim como o autoritarismo do governo Chávez. O presidente centralizou ao longo dos anos o poder político, restringindo a atuação do legislativo e influenciando nas decisões do judiciário. Os ares de crise política já estavam instaurados quando, em 2013, Hugo Chávez morre vítima de um câncer.

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Nicolás Maduro assume interinamente como presidente do país, mas elege-se formalmente um mês depois em uma eleição presidencial apertada. A Venezuela chavista que Maduro herda, no entanto, já não é mais a mesma.

O presidente da Venezuela em crise

Se durante o governo de Hugo Chávez a Venezuela tornou-se – ainda que com ressalvas – reconhecida pela redução da desigualdade, nos anos seguintes a sua morte o país mergulhou vertiginosamente em uma crise marcada pela fome e extrema pobreza. Nicolás Maduro tornou-se presidente da Venezuela em crise.

O preço do barril de petróleo despencou, a inflação disparou e o resultado de uma economia pouco diversificada começou a aparecer. As prateleiras dos supermercados esvaziaram-se, a população passou a sofrer com a fome. Em meio a políticas equivocadas e ao descontentamento da população, a Venezuela também foi alvo, a partir de 2014, de embargos cada vez maiores dos Estados Unidos – mais tarde acompanhados por outros países como Canadá e Reino Unido. A justificativa para o boicote eram as denúncias de violação de Direitos Humanos.

Para completar, o país tornou-se cada vez mais isolado, mesmo regionalmente. Em dezembro de 2016, a Venezuela é suspensa do Mercosul por não obedecer as regras de adesão do bloco econômico – desde normas de comércio até o respeito aos Direitos Humanos. Vale lembrar que neste ano o Brasil, principal líder do Mercosul, passou a ser governado por Michel Temer após o impeachment de Dilma Rousseff. Com isso, a Venezuela perdia um importante parceiro.

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A crise econômica já andava de mãos dadas com a crise política.

As acusações contra Maduro, da ONU aos Tribunal Penal Internacional

Desde que assumiu o poder na Venezuela, Nicolás Maduro é acusado de combater com violência seus opositores, restringir a liberdade de expressão e imprensa e cercear a atuação de outros poderes.

Em 2016, por exemplo, Maduro obteve uma autorização da Suprema Corte para retirar os poderes da Assembleia Constituinte, restringindo a atuação do legislativo. O mais recente pleito presidencial que o reelegeu também é cercado de acusações: os opositores acusavam que a eleição não foi limpa, e seu oponente Juan Guaidó, então presidente da Assembleia Constituinte, chegou a se declarar presidente interino – na ocasião, o ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, reconheceu Guaidó como tal.

Nicolás Maduro, no entanto, segue à frente do país. Por estas e outras razões, o Índice V-Dem, elaborado na Suécia, classifica a Venezuela como uma autocracia eleitoral: um regime que apesar de realizar eleições, é autoritário.

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Outras organizações e documentos internacionais apontam o autoritarismo do presidente venezuelano. Um relatório da ONU publicado em 2020 acusa Maduro e seu governo de cometer crimes contra a humanidade, em uma conduta disseminada e sistemática. Entre os crimes estariam execuções de opositores, detenções arbitrárias, tortura e desaparições. Desde 2021, Maduro é investigado também pelo Tribunal Penal Internacional, sob as mesmas acusações.

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