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Foto do ano retrata massacre em curso na Faixa de Gaza

World Press Photo é a principal premiação mundial do fotojornalismo e coloca os estudantes em contato com importantes temas da atualidade

Por Paulo Zocchi
23 abr 2024, 10h00

A imagem acima fala por si: a mulher abraça com força o corpo de uma criança, visivelmente morta. O que ressalta é a tragédia. É a melhor fotografia de 2023, escolhida pelos jurados do World Press Photo, mais importante premiação internacional do fotojornalismo. Seu autor, o repórter-fotográfico palestino Mohammed Salem, da agência de notícias Reuters, descreveu a imagem da mulher como um “momento poderoso e triste, que resume o sentido mais amplo do que estava acontecendo na Faixa de Gaza”.

A imagem foi obtida em 17 de outubro de 2023, em Khan Younnis, no sul do território palestino da Faixa de Gaza, após bombardeio das forças de Israel. Dez dias antes, o grupo fundamentalista islâmico Hamas havia atacado o sul de Israel, causando a morte de 1.200 pessoas. Em resposta, o exército israelense iniciou um bombardeio incessante sobre a Faixa de Gaza, onde vivem confinados 2,2 milhões de palestinos, com suas fronteiras fechadas pelos israelenses, e, ao sul, pelo Egito. Desde então, já foram mortos mais de 34 mil palestinos, e 77 mil ficaram feridos.

+ Por que israelenses e palestinos vivem em conflito?

A ofensiva militar brutal contra a população civil e a destruição de toda a infraestrutura na Faixa de Gaza (residências, escolas, hospitais, mesquitas) deixou o Estado de Israel isolado mundialmente, pela compreensão de que sua ação ultrapassou em muito o que seria uma reação ao ataque do grupo Hamas. O cenário de terror tem levado ao uso de palavras como “genocídio” ou “extermínio” para descrevê-lo, e a ONU já adotou resoluções pelo cessar-fogo, que continuam ignoradas pelo governo israelense.

A escolha da foto simboliza tudo isso.

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+ Por que a ONU não atua de forma eficaz contra a guerra na Palestina?

World Press Photo

Para quem se prepara para o vestibular, ou acompanha o noticiário, vale muito a visita ao site do prêmio World Press Photo. O conjunto das fotos premiadas, além de sua força e beleza, permite um contato com alguns dos grandes temas da atualidade mundial.

O trabalho vencedor na categoria “História fotográfica” mostra o cotidiano de um idoso com demência em Madagascar, país da África, e os cuidados de sua filha e neta com ele. Realizado pela repórter-fotográfica sul-africana Lee-Ann Olwage, traz um exemplo dos problemas que atingem o mundo todo pelo fato de a humanidade viver cada vez mais tempo, com o aumento da longevidade nas últimas décadas, e a prevalência de doenças associadas ao envelhecimento.

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A categoria “Projeto de longo prazo” premiou o venezuelano Alejandro Cegarra, que acompanha desde 2018 o drama de migrantes que tentam ingressar nos Estados Unidos por sua fronteira sul, atravessando o México. O endurecimento das leis norte-americanas e mexicanas nos últimos anos, com o fechamento de fronteiras, tem deixado essas pessoas em situação de grave crise humanitária.

+ Crise de refugiados: a realidade de quem é forçado a deixar seu país

A fotojornalista ucraniana Julia Kochetova recebeu o prêmio na categoria “Formato aberto”, com o trabalho “Guerra é algo pessoal” (em tradução livre), no qual utiliza uma combinação de imagens, poesia e música para transmitir sua experiência com os anos de conflito que atingem seu país. A guerra da Ucrânia, aberta com o ataque militar da Rússia em fevereiro de 2022, é o maior confronto armado em solo europeu desde o final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, e prossegue sem solução.

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O Brasil também esteve entre os premiados nas categorias por região, com temas de relevância global. O repórter-fotográfico Lalo de Almeida, da Folha de S.Paulo, recebeu o prêmio de melhor foto da América do Sul, com uma imagem de impacto mostrando um vasto areal onde antes corriam as águas do rio Amazonas. As atuais desordens climáticas levaram em 2023 à maior seca na Amazônia em 120 anos de registros.

+ Amazônia: como conciliar preservação com desenvolvimento

Também da Folha de S.Paulo, a fotojornalista Gabriela Biló recebeu uma menção honrosa pela corajosa cobertura fotográfica da tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Ela esteve presente na invasão do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, onde trabalha, registrando a invasão e a depredação dos prédios públicos que são as sedes dos três poderes do Estado brasileiro.

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As categorias regionais do World Press Photo premiam trabalhos de fotojornalistas do mundo todo. Além da visita ao site, dependendo de onde mora, você poderá visitar a exposição física das fotos premiadas, que passarão pelo Rio de Janeiro (1º/7 a 24/8) e São Paulo (7/9 a 3/11).

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