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Entenda o risco de uma nova pandemia

Destruição do meio ambiente é um fator de atenção. Entenda por quê

Por Wender Starlles
Atualizado em 1 dez 2020, 16h37 - Publicado em 1 dez 2020, 10h52
pandemia de covid-19
 (pexels / juliana vitoria/Reprodução)
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A pandemia de covid-19 registra mais de 60 milhões de contaminados e passa de 1,4 milhão de mortes em todo o mundo. A doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 foi identificada pela primeira vez no mês de dezembro de 2019, na cidade de Wuhan, na China. Na época, ninguém imaginava que, pouco tempo depois, ela se espalharia rapidamente por quase todos os continentes — exceto a Antártida. Apesar de as pessoas ainda não estarem vacinadas contra este novo coronavírus, a comunidade científica já alerta que há risco de acontecerem outras contaminações em nível global.

“Esse pensamento entre os profissionais da área da saúde é quase um consenso. É apenas uma questão de tempo para a humanidade enfrentar outra pandemia, de dimensões até maiores, mas isso não podemos prever”, afirma Giovanni Breda, médico infectologista do Hospital de Clínicas da UFPR e professor da Escola de Medicina da PUC-PR.

Embora estudos para o rastreamento de doenças infecciosas estejam avançados, cientistas ainda não conseguem afirmar qual será o agente causador da próxima pandemia: um vírus, uma bactéria ou outro micro-organismo. De acordo Breda, existe mais probabilidade de o patógeno ser um vírus. “Se você olhar para o nosso passado recente, as maiores epidemias e pandemias são de doenças virais. Isso acontece porque elas têm uma facilidade muito grande de transmissão de pessoa para pessoa”, diz.

Em 2009, por exemplo, a gripe suína (H1N1), uma doença provocada pelo vírus influenza A, transmitido por gotículas respiratórias ou por superfícies contaminadas, se espalhou rapidamente pelo mundo e matou entre 151,7 mil e 575,4 mil em apenas um ano, segundo estudo publicado na revista The Lancet Infectious Diseases.

À época, dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil registrou 50.482 casos, com 2.060 mortes por influenza A/H1N1. Os principais sintomas da doença são febre, tosse, dor de garganta, calafrios e dores no corpo.

A primeira versão do SARS-CoV surgiu em 2002 e se espalhou rapidamente para outros países. Também originário da China, o surto infectou aproximadamente oito mil pessoas e registrou 800 mortes em 26 países. Os sintomas da doença viral se assemelham aos da gripe e incluem febre, mal-estar, diarreia e calafrios.

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Além disso, desde o início da década de 1980, o vírus HIV, causador da aids, já matou mais de 25 milhões de pessoas no mundo. A doença é transmitida principalmente pela prática de relações sexuais sem o uso de preservativos.

Neste texto, o GUIA conta como o mundo já enfrentou outras pandemias, além de mostrar como elas podem cair no vestibular.

Meses antes de o primeiro caso de covid-19 ser detectado, o relatório “Um mundo em risco”, publicado pelo Conselho de Monitoramento da Preparação Global (GPMB), órgão atrelado ao Banco Mundial e Organização Mundial da Saúde (OMS), já alertava sobre o perigo de pandemias globais causadas por doenças graves como Ebola, Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS) e influenza.

Segundo o documento, algumas questões envolvidas em emergências humanitárias, como conflitos prolongados e migrações forçadas, crescimento populacional, mudanças climáticas, falta de saneamento básico e até mesmo a integração econômica global são fatores que favorecem a circulação de surtos letais no mundo.

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Para Breda, a mobilidade humana contribui muito para a propagação rápida de novas doenças. “Um indivíduo que se contamina na China, por exemplo, pode desenvolver os sintomas quando chegar em seu país de origem e depois disseminar o vírus facilmente”. Além disso, ambientes com grandes concentrações populacionais também ajudam na disseminação de infecções.

Se o mundo atualmente enfrentasse um surto como o vivido na Gripe Espanhola, em 1918, estima-se que a doença se espalharia por todos os continentes em apenas 36 horas e o número de mortos chegaria a 80 milhões.

O relatório da GPMB também destaca a importância de os países desenvolverem um plano de ação para a segurança da saúde. Basicamente, um conjunto de medidas de prevenção que os governos devem adotar para evitar uma nova pandemia, como aumentar o financiamento de sistemas capazes de monitorar doenças com potencial pandêmico e incentivar o desenvolvimento de pesquisas para novas vacinas e medicamentos.

Porém, além da esfera política, o infectologista destaca o papel fundamental que a saúde pública deve desempenhar nesse cenário. “Países asiáticos que tiveram experiências com o vírus da SARS conseguiram controlar de maneira significativa a circulação do novo coronavírus. Por isso, devemos utilizar os ensinamentos da covid-19 para entender como agir nas próximas vezes”, diz.

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Alguns estudos também identificaram que o aumento dos índices de desmatamento pode contribuir para o surgimento de infecções zoonóticas — doenças capazes de serem transmitidas de animais para seres humanos. A degradação dos habitats naturais de espécies portadoras de vírus desconhecidos aumenta a chance de contato com a população humana e, como consequência, de contaminação de humanos com vírus que antes só eram encontrados em animais silvestres.

Segundo Breda, o desmatamento não apresenta risco imediato para o surgimento de eventos pandêmicos, mas a longo prazo isso contribui no aparecimento de vetores infecciosos. “A interação do ser humano com o meio ambiente e as constantes mudanças nos ecossistemas possibilitam o surgimento e o reaparecimento de doenças desconhecidas ou já conhecidas, que passam a circular em novos locais. Como foi o caso da febre amarela na Região Sudeste e Sul”, completa.

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