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Como a criação da urna eletrônica mudou as eleições no Brasil

Genuinamente brasileira, a urna já trabalha pelas eleições brasileiras há 30 anos. E o TSE garante: não tem como fraudar

Por Ludimila Ferreira
22 Maio 2024, 19h00

Bastou começar um novo ano de eleições, para voltarem a circular mensagens questionando a segurança da urna eletrônica. A votação digital realmente é segura? E se a urna for invadida por hackers? É possível saberem em quem eu votei? A verdade é que a urna, alvo de desconfiança, poderia ser antes motivo de exaltação para os brasileiros: ela é uma invenção legitimamente nacional, e mudou as eleições por aqui durante a redemocratização eliminando as fraudes.

Ativa nos locais de votação há quase 30 anos, ela evoluiu ao longo das décadas até ganhar a checagem por biometria em 2018. Descubra sua origem, como funciona e o quão segura é a urna eletrônica.

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Origem da urna eletrônica

A urna foi criada especialmente para a realidade do Brasil. No Código Eleitoral, sua idealização data de 1932, mas ela só foi construída de fato em 1995 e usada pela primeira vez no ano seguinte. Naquele momento, o Brasil ainda passava pelo processo de redemocratização, iniciado em 1985 com a posse de José Sarney na presidência.

Os esforços de trazer a democracia de volta ao Brasil incluiu a criação de um mecanismo que tornasse o processo eleitoral honesto, evitando fraudes que vinham acontecendo há tempos.

“Chegava uma cédula em branco e se dava um jeito de, no momento de abrir a cédula, escrever alguma coisa, algum rabisco que já virava um voto. Tinha gente que botava até grafite embaixo da unha para abrir uma cédula em branco, aí já dava um rabisco de um número ali e já virava um voto, subtraia-se células… Quer dizer, era uma festa na questão de fraudes”, conta o ex-secretário de tecnologia do TSE, Giuseppe Dutra, em entrevista à BBC News Brasil.

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A primeira votação em urna eletrônica aconteceu em 1996 e todo o eleitorado do país votou eletronicamente nas Eleições Municipais de 2000. 

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Como funciona a urna eletrônica

A urna é um aparelho eletrônico, não conectado à internet, que possui um CPU, fonte de energia e software próprio. Seu teclado é similar a de um telefone fixo, com botões mecânicos precisos. Após a digitação do número do candidato ao poder, a foto dele aparece na tela junto ao seu nome, para que o eleitor confira se está correto. Caso não seja aquele o político em quem o cidadão deseja votar, basta apagar os dados e recomeçar.

Cada urna eletrônica possui um cartão de memória próprio, onde os votos do dia ficam armazenados de maneira criptografada, isso evita fraudes e garante a segurança da informação. A contagem dos votos após o fim da eleição é feita completamente de forma digital.

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Ligado à urna está o terminal do mesário responsável por liberar o cidadão para votar, seguindo o protocolo da Justiça Eleitoral. No fim do dia é impresso um boletim, como se fosse uma “nota fiscal” da eleição, informando a quantidade de votos daquela urna.

A urna eletrônica ainda garante o sigilo do voto, porque os mecanismos de segurança do aparelho salva os votos em ordem aleatória. Hoje, além do voto eletrônico, também existe a biometria dos eleitores que foi coletada em todo o país para garantir ainda mais segurança, já que impede que uma pessoa se passe por outra.

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A urna eletrônica é segura?

O TSE é enfático e assegura: não é possível que a urna eletrônica seja invadida por hackers. Isso se dá porque elas não são conectadas à internet – diferentemente das urnas já testadas em outros países, como a Noruega. Além disso, contam com mais de 30 barreiras de segurança.

No dia das eleições, elas são transportadas pelas Forças Armadas e, antes da abertura dos locais de votação, é impresso de cada urna um boletim para que seja confirmado que há zero votos até aquele momento. Depois, esse boletim é comparado com o registro do fim do dia.

“Ela afastou a mão humana da apuração. Acabou com as cédulas falsificadas, com o aproveitamento de votos em branco. Ela representa garantia de independência do eleitor e torna as eleições mais limpas. Ela confere legitimidade à democracia que praticamos”, enfatiza ex-ministro Carlos Velloso, que presidiu o TSE de 1994 a 1996 em conversa com o Tribunal Superior Eleitoral

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