Alunos devem conhecer a teoria antes de estagiar, afirma pró-reitora da PUC-SP
Estágio influencia a boa formação profissional dos alunos, mas estudantes precisam de tempo para estudar, fazer trabalhos, provas e preparar seminários
Conhecer a realidade desde o primeiro ano é fundamental para todos os alunos, mas isso não significa estagiar, explica a pró-reitora de Graduação da PUC-SP, Marina Graziela Feldmann. Ela sugere aos estudantes “se preparem para conhecer teoricamente sua área de saber” antes de iniciar a prática profissional e defende que se deva assegurar a menor carga horária possível para os estágios dos alunos.
– Como é o estágio ideal?
Confira, na íntegra, a entrevista que a professora Feldmann concedeu ao GUIA por e-mail:
Guia do Estudante: Qual é a importância do estágio profissional para a formação acadêmica e para a vida do universitário? Isso varia para cada curso?
Marina Graziela Feldmann: O estágio é essencial para os estudantes de todas as áreas, na medida em que permite articular a ação profissional ao conhecimento produzido na universidade. O estágio possui papel importante na formação de profissionais qualificados.
GE: Como a senhora avalia a nova Lei do Estágio? Ela introduziu melhorias para a formação dos alunos?
MGF: A nova Lei introduz alterações positivas para os estudantes, essencialmente porque dá segurança a eles. Ao regulamentar os estágios, a legislação impede algo que era muito comum no mercado: o uso de estagiários como mão de obra barata. Hoje, isso não é mais possível, porque a regulamentação atribui ao aluno alguns direitos, de forma a reconhecer e reforçar o caráter de formação do estágio.
GE: Há empresas que pedem a ampliação do limite de carga horária dos estágios para oito horas. O que a senhora pensa sobre essa ampliação?
MGF: Deve-se assegurar o tempo menor para o aluno que efetua estágios. Ele não é profissional, está em processo de formação. Assim, precisa de tempo para estudar, fazer trabalhos, provas, preparar seminários… Enfim, ele necessita de tempo para articular a vida acadêmica com essa prática de formação.
GE: Que conselho a senhora pode dar aos jovens que pretendem estagiar desde o primeiro ano da faculdade?
MGF: É preciso diferenciar estágio de contato com a realidade. O conhecimento da realidade é importante desde o primeiro ano, mas não na forma de estágio. Como prática de formação, o estágio permite não apenas conhecer a realidade, mas também intervir nela. No primeiranista, porém, o conhecimento teórico ainda não fornece embasamento suficiente para essa atuação. Sugiro aos estudantes que, antes de iniciar a prática profissional, se preparem para conhecer teoricamente sua área de saber.
GE: A regulamentação dos estágios no Brasil ainda pode melhorar? Como?
MGF: Sim. Ela não só pode como deve melhorar, principalmente de forma a fomentar a articulação, ainda tênue, entre as empresas e as universidades. Tais parcerias permitiriam aproximar o espaço de produção de conhecimento ao mundo do trabalho e, consequentemente, fortaleceriam ainda mais a formação do aluno e sua intervenção na realidade.
FÓRUM
– O que você acha dos estágios profissionais?
– Você é ou já foi estagiário? Conte sua experiência!
ENQUETE
– Qual a carga horária ideal para o estágio?
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