Universitários dão dicas para escolher a profissão certa
Decisão deve ser refletida com base no autoconhecimento e com a busca de informações sobre as profissões
Quando as datas de inscrições para os vestibulares se aproximam é também hora de escolher qual carreira seguir. Enquanto para alguns estudantes a decisão está na ponta da língua, para outros, preencher na ficha de inscrição o campo “carreira” é um grande desafio.
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Se você é desses que ainda está em dúvida de qual profissão seguir, fique tranquilo. Para ajudá-los neste momento de escolha, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com universitários que estão felizes em seus cursos, para descobrir como eles fizeram a escolha certa, e com especialistas em serviços de orientação profissional, que indicarão a melhor forma de tomar essa decisão.
Sonhos de infância X realidades de adulto
“Quando era pequena tinha mil sonhos e queria ser médica”, conta Juliane Pagamice, que hoje estuda Letras. A mudança drástica na escolha aconteceu depois que a estudante começou a passar as tardes na escola ajudando os professores. “Foi assim que descobri que queria ser professora. Eu não ganhava nada lá, ajudava porque gostava”, revela.
A mudança de Juliane mostra um dos processos de escolha de carreira: a vivência que você tem da profissão. De acordo com a psicóloga Camila Alves Fior, do Programa de Orientação Profissional da PUC-Minas, a “escolha da profissão é feita por um contato positivo que se tem da carreira, não por um caráter impositivo”. E foi exatamente por isso que Juliane escolheu ser professora: “Foi algo que descobri muito cedo, porque vivenciei aquilo, foi pela experiência”.
Enquanto alguns percebem que os sonhos de criança não fazem mais sentido e mudam totalmente o foco da escolha, outros entendem que uma pequena adaptação pode dar conta do recado. Como aconteceu com a estudante Rafaela Carvalho. Desde pequena ela gosta de contar histórias e queria ser escritora. A vontade de se tornar autora de livros passou, mas ela percebeu que poderia dar voz às pessoas seguindo outra carreira, a de jornalista. “Desde os 10 anos as pessoas me dizem para fazer Jornalismo. A liberdade para manifestar uma ideia e fazer as pessoas falarem sempre me atraiu”, conta Rafaela.
Na fotos, Rafaela Carvalho e Juliane Pagamice, respectivamente (Imagens: Arquivo Pessoal)
Influências da família
Mas e quando você sempre quis seguir uma carreira e seus pais querem que você siga outra? Para ser jornalista, Rafaela teve que lidar com a pressão do pai. Ele, médico, queria que ela fizesse Medicina. O pai apenas desistiu de convencê-la no momento em que leu “Jornalismo” escrito na ficha de inscrição para o vestibular.
– Como decidir entre a carreira que eu quero e a que meus pais sugerem?
Para a psicóloga Camila, o melhor a ser fazer quando há pressão da família é conversar com os pais e expor os motivos pelos quais você quer seguir outra carreira. “Mas é preciso conhecer bem a profissão, para ter argumentos na hora de negociar com os pais”, completa. A irmã de Rafaela seguiu os passos do pai, mas a estudante garante que a opção foi totalmente dela. “Minha irmã é médica, mas isso veio dela. Ela sempre gostou de folhear livros de Medicina e se interessava por saúde”, explica a estudante.
Já a estudante de Administração, Luiza Depierri Sinico, sempre quis ser dentista. Seus pais não eram contra, mas como ela sentia que estava perdida no momento da escolha da profissão, eles a aconselharam fazer um curso técnico em Gestão Empresarial antes de entrar na faculdade de Odontologia. Segundo eles, o curso daria uma visão mais ampla do mundo. A estratégia deu certo. “Eu fiquei perdida na adolescência e como na infância eu já tinha pensando em ser dentista, achei que poderia seguir isso mesmo. Mas hoje me sinto realizada cursando Administração”. E Luiza agradece a ajuda dos pais: “o curso técnico me fez enxergar que o desejo de infância seria uma decisão precipitada”, relata.
A postura dos pais de Luiza é vista com bons olhos pelos psicólogos, pois eles não interferiram diretamente na decisão da estudante, apenas a auxiliaram. “É aceitável que os pais deem suporte, mas a escolha deve partir do jovem. É preciso trabalhar as expectativas dos pais, pois eles não fazem pressão por mal, só querem que o filho tenha uma vida boa”, argumenta a psicóloga Camila.
A importância da maturidade
Assim como a Luiza e a Juliane, Mateus Quintino não seguiu a carreira que sonhava: ser piloto de avião. Com o tempo, percebeu que esse sonho não era bem o que queria. A mudança de rumo é considerada normal, porque, com o tempo, os gostos e a visão de mundo das pessoas mudam. Segundo a psicóloga Débora Amaral Audi, do Serviço de Orientação Profissional da USP, o processo de escolha necessita do amadurecimento do jovem. “É preciso de tempo e experimentação para saber o que se busca”. Para ela, “a pergunta não é só o que você quer ser no trabalho, mas que tipo de pessoa você quer ser”.
Luiza optou pela carreira de Administração e Mateus pelo curso de Educação Física (Imagens: Arquivo Pessoal)
Mateus optou por ser um agente da saúde. Ele cursa Educação Física. “Gosto de esportes e da prática de exercícios físicos”, comenta o jovem. A preocupação com a saúde da população também pesou na escolha: “a sociedade está cada vez mais obesa e com problemas que podem ser resolvidos com a ajuda da Educação Física”.
Atenção para os seus gostos
Além de se preocupar com a saúde da população, Mateus baseou sua decisão em seus gostos escolares. Ele não curtia Exatas e, por isso, nem pensou em procurar profissões nessa área. No entanto, a psicóloga Camila orienta que esse não seja o principal fator na hora da escolha. “É uma exclusão muito simples dizer apenas que não gosta de Exatas ou de Humanas. Você restringe suas opções por uma dificuldade na matéria, que pode ser muitas vezes influenciada pelo próprio modo como o professor leciona na escola”, explica.
Ou seja, pode ser que você não goste da matéria porque ela não é ensinada de uma maneira atraente e não porque não tem capacidade de aprender o assunto. Nesses casos, a dica é “explorar os aspectos da carreira, saber com que o profissional da área trabalha antes de tomar a decisão”, orienta a psicóloga.
Profissão X Dinheiro
O irmão da estudante Juliane Pagamice, Leonardo, ao contrário da irmã, não faz ideia do que quer cursar. “Acho estranho porque eu sempre soube o que queria”, conta Juliane. A irmã tenta mostrar algumas habilidades que ele tem, mas o jovem não consegue se encontrar em uma profissão. Já prestou três vestibulares para carreiras diferentes. Para Juliane, seu irmão é inseguro. “Vejo que ele busca profissões que dão dinheiro em vez de buscar algo que ele goste”.
A psicóloga Camila alerta para esse tipo de escolha baseada em fatores financeiros. “Se você gosta de uma área, vai fazer seu serviço bem feito e é muito provável que você seja bem sucedido. Se você não gosta, mesmo que a área tenha bons salários, pode não conseguir crescer na carreira e não alcançar o sucesso financeiro”, explica.
Dicas para escolher a profissão certa | |
Estude si mesmo | Faça um estudo pessoal e avalie quem você é. Selecione as principais coisas que você gosta de fazer |
Pesquise as profissões | Busque informações sobre as profissões. Conhecer o que cada uma faz o ajudará a enxergar melhor o ambiente de trabalho da carreira. Pesquise no Guia de Profissões do GE! |
Cuidado com estereótipos | Ao pedir ajuda para um amigo, cuidado com os estereótipos que essa pessoa pode ter sobre você. A escolha profissional deve ser feita com base no que você pensa sobre sua personalidade |
Conheça a rotina dos profissionais | Se tiver em dúvida entre duas ou mais carreiras, entre em contato com os profissionais para conhecer suas rotinas de trabalho |
Sonhos de infância | Tem sonhos de infância? Veja se você se enxerga seguindo essa carreira no futuro com a visão que você tem hoje da profissão. Pergunte-se: “Eu quero ser esse tipo de pessoa?” |
Administre a pressão da família | Aprenda a lidar com a pressão da família. Se seus pais querem que você siga uma carreira e você outra, estude bem sobre a profissão que quer para saber argumentar com seus pais e explicar a eles porque a sua escolha é a melhor para você |
Não odeie matérias na escola | Não faça escolhas só com base nas matérias que ama ou odeia na escola. Pode ser que você não goste de, por exemplo, matemática, porque você não gosta do professor e não porque você não tem capacidade para aprender |
Não escolha só pelo salário | Escolher uma carreira só pelo salário não é uma boa. Se você fizer o que gosta as chances de ser bem sucedido são maiores. Já se você fizer algo que detesta, provavelmente não será fácil crescer na profissão e conseguir o salário dos sonhos |