No dia mundial da água, entenda como ela é fundamental também no vestibular
7 tópicos que você precisa conhecer antes da prova
Escassez
O volume de água que circula no planeta não diminui nem aumenta. Ele está constante no processo de reciclagem natural: evapora com o calor, cai sob forma de chuva, escorre para o fundo da terra e retorna para a superfície, onde volta a evaporar.
A crise de água está muito mais ligada ao seu mau uso do que aos fatores naturais que poderiam gerar escassez. Além disso, vale lembrar que a quantidade de água na Terra é sempre a mesma, mas a quantidade de seres que a consomem é crescente. O desperdício e a contaminação dos mananciais são as principais ações humanas que causam desfalque nos recursos hídricos.
Estima-se que apenas 2,5% da água espalhada pelo globo seja doce. Para piorar esse quadro, a maior parte dessa água não está disponível para consumo – ou está escondida em depósitos subterrâneos ou está congelada nas geleiras e calotas polares. Com isso, a real proporção de água doce a que temos acesso imediato corresponde a 0,4% da água do mundo.
Conflitos
De acordo com o Programa Para o Meio Ambiente da Organização das Nações Unidas (Unep), cerca de um a cada seis indivíduos não tem acesso à água limpa e em quantidade adequada para garantir a saúde e o desenvolvimento social e econômico. Isso acontece, em primeiro lugar, porque a água não é distribuída de maneira equilibrada pelo planeta.
Algumas regiões dispõem de recursos hídricos abundantes enquanto outras não conseguem suprir o mínimo recomendado pela ONU – cerca de 20 a 50 litros diários por pessoa. Alguns países da África e do Oriente Médio já foram foco de conflitos armados motivados pela escassez de água. O domínio sobre essas fontes é questão estratégica de segurança nacional. Se não for bem administrada, pode gerar um contingente de 100 milhões de refugiados nos próximos 20 anos.
As guerras pelo controle de rios, lagos e reservatórios fazem parte da história da humanidade desde seus primórdios. A Síria briga com a Turquia e o Iraque pelo controle da bacia dos rios Tigre e Eufrates; israelenses e palestinos brigam pelos lençóis da Cisjordânia; Bangladesh reclamou que a barragem indiana de Farakka desvia parte da vazão do rio Ganges para longe de seu território. Resultado: nos úlimos 190 anos foram estabelecidos mais de 400 tratados internacionais para o uso compartilhado de recursos hídricos.
Disparidade no consumo
Quando pensamos no crescimento demográfico e em sua relação com o consumo de água no planeta, pensamos nas bocas sedentas e no uso cotidiano da água através de torneiras, chuveiros e descargas em vasos sanitários. Não podemos excluir esse tipo de “gasto” dos cálculos, mas a maior demanda por recursos hídricos surge da necessidade de geração de energia, que varia de acordo com desenvolvimento das sociedades no campo e na indústria.
Quanto mais rica é uma população, maior é a demanda de água por cabeça. A disparidade entre o consumo dos países ricos e pobres influi diretamente na rotina de seus habitantes. Calcula-se que os africanos gastem 40 bilhões de horas a cada ano em atividades como coleta e transporte de água potável para consumo. Em termos práticos, esse tempo seria precioso para a produção de conhecimento e riqueza no continente.
Degradação
A contaminação da água do subsolo por pesticidas e outras substâncias tóxicas usadas na agricultura pode inutilizar aquíferos para sempre. Os rios e lagos também podem morrer devido ao excesso de algas, que acabam com o oxigênio da água, tornando-a imprópria para peixes e toda a fauna aquática. Isso acontece quando os nutrientes do solo são arrastados pelas chuvas para os rios e lagos, estimulando o crescimento das algas.
A questão dos efluentes tóxicos exige observância das indústrias. Muitos rios ficam poluídos porque as substâncias contaminantes – como o mercúrio presente em aparelhos eletrônicos e os usados na mineração – tornam os efluentes industriais venenosos.
Dentre os problemas mais urgentes, destacam-se a impermeabilização do solo que prejudica a recarga dos aquíferos e as redes de esgoto sem tratamento, que contaminam as fontes subterrâneas e espalham doenças letais.
Abuso
Parece ironia, mas, quanto mais próspera é a economia global, maior é a sede do planeta. No decorrer do século XX, muitos ambientes aquáticos foram comprometidos por projetos de irrigação e ocupação irregular do solo. O mar de Aral é o exemplo extremo dessa situação.
– Mar de Aral é um exemplo de destruição do meio ambiente
Em 60% das cidades europeias com mais de 100 mil habitantes, o consumo de água subterrânea é maior do que sua taxa de reposição. A Cidade de México fica sobre um lençol freático responsável por 72% do abastecimento. Seis mil poços sugam 52 m³ por segundo e recebem apenas 28 m³ por segundo. Esse esvaziamento do lençol faz a cidade afundar 10 cm por ano.
Mudanças climáticas
As mudanças que mais afetam os recursos hídricos do planeta causam as chuvas ácidas e o derretimento das geleiras. Entenda como e por que.
No caso das chuvas ácidas, os óxidos liberados pela queima de combustíveis reagem com a água e o oxigênio atmosféricos, formando os ácidos sulfúrico e nítrico. Quando as chuvas carregam esses ácidos, o resultado é o envenenamento dos rios, da terra, a morte da vegetação e o surto de doenças.
Quanto ao fim das geleiras, estima-se que 80% das geleiras do Himalaia possam sumir em 30 anos, reduzindo a vazão dos principais rios asiáticos, responsáveis pelo abastecimento de mais de 16% da população mundial. A redução da neve nos Andes, nascente do rio Amazonas, afetará toda a América do Sul. Isso diz respeito não só ao abastecimento, mas também a novas mudanças bruscas nos aspectos climáticos, fechando um ciclo desastroso.
Saneamento básico e saúde
O corpo humano é constituído por 60% de água. Ela é fundamental para manter a integridade dos tecidos, a oxigenação do sangue e o funcionamento dos órgãos. Por esses motivos, o primeiro sintoma de escassez hídrica em uma região é o aumento vertiginoso dos problemas de saúde em sua população.
Consumir água imprópria para beber e cozinhar é uma das principais causas de morte nas zonas periféricas do mundo. A falta de saneamento básico influi diretamente na estrutura social de uma população: nenhuma criança consegue estudar e se não tiver condições mínimas de higiene que permitam sua boa formação física e intelectual.
No Brasil, cerca de 28 mil habitantes morrem todo ano em decorrência de algum fator relacionado à disponibilidade ou à qualidade da água e à falta de saneamento. No mundo, a água contaminada mata 1,6 milhões de crianças por diarreia a cada ano.
LEIA MAIS
– Notícias de vestibular e Enem