Unicamp 2021: confira avaliação e temas abordados pela primeira fase
Especialistas veem avaliação relativamente simples e ligada a questões atuais
No primeiro grande vestibular em tempos de pandemia, a Unicamp cobrou menos conteúdo e mais interpretação dos alunos, como a Comvest, realizadora do vestibular, já havia sinalizado. O primeiro dia da primeira fase, para candidatos a cursos de Humanas e Exatas, teve 72 questões de múltipla escolha, cada uma com 4 alternativas.
“A Unicamp entregou o que prometeu: uma prova acessível, criativa, sofisticada. Uma prova que manteve características de anos anteriores, como uma abordagem contextualizada na maior parte das matérias, que dialoga bastante com o cotidiano, e que demonstra o tipo de aluno que a universidade deseja. Um aluno analítico, com consciência social e que valoriza a ciência”, diz Daniel Perry, diretor do Curso Anglo. “Foi uma prova que abordou direitos humanos, a desigualdade social e diversos episódios relacionados ao momento em que vivemos. Abordou questões de gênero, racismo, a pandemia, dentre outros assuntos que a transformam numa prova extremamente atual”.
Além do racismo e das questões de gênero (abordada, por exemplo, numa questão sobre a maternidade real), a Unicamp também abordou o caráter artístico de manifestações como o rap (a lista obrigatória inclui “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s). Teve ainda uma sátira sobre o terraplanismo e até a interpretação de uma postagem da página Greego Dictionary sobre o “macho palestrinha”.
Na prova de inglês, uma das questões abordou o papel dos governos em impedir a violência contra mulheres e crianças durante a pandemia de covid-19, demonstrando sintonia com os problemas atuais. Em outra questão, o candidato era convidado a relacionar o conceito de equidade a uma representação gráfica. A derrubada de monumentos do passado colonial também apareceu.
Entre as questões de matemática, o desmatamento da floresta serviu de contexto para os cálculos. O “boi bombeiro”, que surgiu durante as queimadas no Pantanal, gerou uma questão. As mortes causadas pela cerveja Backer também foram tema na prova de Exatas, assim como a oxigenoterapia para pacientes de covid-19.
Para Daniel Cecílio, diretor do Curso Pré-Vestibular Oficina do Estudante, a primeira prova da Unicamp ficou dentro do previsto. “Foi uma prova clara, sem pegadinhas, direta e coerente com o que a banca avaliadora vinha comunicando ao longo do ano. Na matemática, por exemplo, a maior parte abordou conteúdos dados no primeiro e no segundo ano do Ensino Médio. A prova de História foi fácil, a de Geografia também. O aluno não teve grandes dificuldades para fazer essa prova“, afirma. “Uma exceção a isso talvez tenha sido a prova de Literatura e de Gramática e Interpretação de Texto, que foram mais exigentes. Não podemos dizer que foi difícil, mas não tão trivial quanto a das outras disciplinas”.