O novo reitor da Universidade Federal do Ceará (UFC), Cândido Albuquerque, assumiu o cargo em meio a protestos e a um clima nada receptivo na comunidade universitária. Ele foi o terceiro colocado na lista tríplice formada a partir de eleições na universidade: recebeu 610 votos, mais de 7 mil atrás do primeiro colocado.
Mesmo assim, foi o nome escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro, que é quem dá a última palavra na escolha de reitores das universidades federais. Em entrevista recente ao portal UOL, Albuquerque afirmou que foi a Brasília e conversou muitas vezes com o ministro da Educação, Abraham Weintraub, para apresentar suas ideias.
Na contramão de alguns reitores de grandes universidades, como a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), o novo reitor da UFC já indicou que deve aderir ao plano de financiamento das federais apresentado pelo MEC, o Future-se.
Além disso, ele evita criticar o recente corte de 30% do orçamento discricionário imposto às universidades, afirmando que o maior corte remonta a 2014. Por fim, Albuquerque desaprova inclusive o processo de escolha dos reitores por meio de lista tríplice, que acontece desde 2003. Segundo ele, a nomeação deveria ser feita unilateralmente pelo presidente.
Protestos
Nesta sexta (23), estudantes da UFC bloquearam os acessos à reitoria da universidade em uma manifestação contra a nomeação do novo reitor, que tomou posse ontem (22). Representantes da UNE pedem a renúncia do reitor e dizem que os estudantes não o reconhecem.
Já Albuquerque diz não se constranger com os protestos e os associa a partidos políticos. Ele disse também que já sabia que não seria o primeiro colocado da lista tríplice, mas se candidatou mesmo assim pelo desejo de mudar a universidade.
O candidato mais votado na consulta universitária foi o então vice-reitor Custódio Luís Silva de Almeida, com 7,7 mil votos. Em entrevistas, ele lamentou a escolha de Bolsonaro e afirmou que a voz da universidade não foi ouvida.