Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram que 13% das 118.996 matrículas realizadas pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) no primeiro semestre de 2013 foram para universidades localizadas fora do estado de origem dos estudantes. Ou seja, em 2013, 15.671 estudantes se matricularam em uma universidade em um estado diferente de onde moravam.
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O Sisu é um programa do governo federal que, semestralmente, seleciona estudantes para instituições federais e estaduais de ensino superior por meio do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem).
Em números absolutos, os paulistas foram os que mais conquistaram vagas fora do estado: foram 4.839, ou 35% das matrículas. Em porcentagem, o campeão foi Rondônia, com taxa de migração de 94%. Mas os números não são tão altos: o estado só teve 279 matriculados pelo Sisu, dos quais apenas 17 permaneceram no local de origem e 262 migraram. O Distrito Federal (83%) e Santa Catarina (47%) aparecem em segundo e terceiro lugares entre os que mais mandaram estudantes para outros locais.
O Paraná foi o que mais recebeu gente de fora: dos 3.970 matriculados pelo Sisu, 1.068 (o equivalente a 27%) vieram de outros estados. A maioria desses, 27%, veio de São Paulo (673 alunos). Um deles foi Jhonathan Augusto Bueno, de 17 anos, que se mudou de Barão de Antonina, uma cidade do interior de São Paulo que faz divisa com o Paraná, para estudar Engenharia da Computação no campus Cornélio Procópio da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR).
“A faculdade mais próxima de minha casa era particular. Como não queria pagar, minha ideia era conseguir entrar em uma federal pelo Enem. Mas queria estudar em uma cidade pequena, porque nunca tinha ido para uma cidade muito grande e acho que não me acostumaria. A qualidade de vida do interior é bem melhor e tudo é perto”, explica. Ele diz que estudam ali muitas pessoas do Mato Grosso do Sul, Pará e Minas Gerais. “Acho bacana essa interação com estudantes de outros lugares porque acrescenta mais cultura, você aprende mais sobre o Brasil com a convivência.”
Jhonathan, que é cotista, conta que se beneficia dos recursos oferecidos pela UTFPR: “Sempre estudei em escola pública e meus pais têm baixa renda. A universidade oferece bolsas-auxílio, o que ajuda mais no meu caso do que estudar em uma universidade estadual ou particular usando o ProUni. Ela também tem mais estrutura e é mais perto da minha cidade natal.”
Vida fora de São Paulo
O principal destino dos estudantes paulistas foi o estado de Minas Gerais, que recebeu 1.501 deles. Em seguida vêm o Rio de Janeiro (724), Paraná (673) e Mato Grosso do Sul (614). Apenas Amapá e Rondônia não receberam matrículas vindas do estado. Ângelo Munhoz, de 19 anos, saiu de Campinas para fazer Engenharia Mecânica na Universidade Federal Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, mesmo tendo passado também na Unesp, Unicamp, Ufscar e Unifesp. “O curso de Engenharia Mecânica da Unifei é um dos melhores do Brasil e muito visado pelo mercado”, conta.
Ele, assim como Jonathan, elogia o Sisu pela possibilidade de concorrer a uma vaga em uma cidade distante sem precisar ir até o local para fazer a prova. “Além dessa facilidade, achei bem positivo o valor da inscrição do Enem, que é bem menor que o de outros vestibulares. Mas, mesmo se não tivesse o Sisu, acho que viria para cá prestar a prova do mesmo jeito”, completa Ângelo.
Mas, por que tantos estudantes saíram de São Paulo para estudar? Algo que pode explicar o fenômeno é a relação entre a procura e a oferta de vagas pelo Sisu. Apesar de São Paulo ser o estado mais populoso do país, ele aparece em quarto lugar na oferta de vagas pelo sistema, atrás do Rio de Janeiro (com 15.443 vagas), Minas Gerais (13.552) e Rio Grande do Sul (9.681).
Existem, hoje, quatro instituições federais em São Paulo: a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Universidade Federal do Grande ABC (UFABC), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o Instituto Federal de São Paulo (IFSP). Todas já aderiram integralmente ao Sistema de Seleção Unificada, com exceção da Unifesp, que adota um sistema de vestibular misto. As universidades estaduais paulistas não participam do sistema.
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