Neste domingo (8), 27.970 candidatos compareceram ao primeiro dia da segunda fase da Fuvest 2023. A prova trouxe dez questões de Língua Portuguesa, com conteúdos de gramática, interpretação de texto e Literatura, além da proposta de redação sobre “Refugiados ambientais e vulnerabilidade social”.
O tema desta edição, segundo professores ouvidos pelo GUIA DO ESTUDANTE, trouxe uma mudança no tipo de temática solicitada pela Fuvest. A banca tem uma tradição de abordar temas mais abstratos e filosóficos – como o da última edição, que tratava das “diferentes faces do riso”. Neste ano, o problema social apontado pela proposta se aproximou mais de exames como o Enem.
Em relação à prova de Português, Sérgio Paganim, diretor do Curso Anglo, avalia como uma retomada da tradição que a Fuvest já tinha consolidado antes da pandemia. Por conta da crise sanitária e as condições atípicas que os estudantes enfrentaram, as avaliações dos últimos dois anos foram mais voltadas à compreensão de texto e com questões menos conceituais. A prova deste domingo, segundo o diretor, rompe com isso ao voltar a cobrar assuntos mais técnicos.
Os candidatos tiveram que responder, por exemplo, sobre o uso da vírgula, que pressupõe identificar funções sintáticas. O exame ainda exigiu conhecimento prévio sobre o conceito de algumas figuras de linguagem, como antítese e ironia.
Liliane Negrão, professora da Oficina do Estudante, destaca a presença de uma lista considerável de gêneros textuais variados (charge, música, peça publicitária, artigo) – uma característica recorrente desta avaliação. Para ela, a questão 4, que trazia uma tirinha sobre a desigualdade de renda no Brasil e uma imagem com o símbolo de “frágil”, pode ter sido uma das mais complexas. “O candidato precisava se atentar a detalhes das imagens para responder, com qualidade, ao item b”, explica Liliane.
Literatura
Após a primeira fase surpreender com poucas questões sobre os livros, havia uma grande expectativa sobre o que esperar das obras obrigatórias na segunda fase da Fuvest. No fim, a prova de Literatura não trouxe tantas surpresas nesta etapa. Quatro livros da lista foram cobrados: “Poemas Escolhidos”, de Gregório de Matos, “Romanceiro da Inconfidência“, de Cecília Meireles, “Campo Geral”, de Guimarães Rosa e “Alguma poesia“, de Carlos Drummond de Andrade. Segundo os professores, o nível de dificuldade foi de médio para difícil.
“As questões, de maneira geral, cobraram, além da leitura das obras, a capacidade do candidato de interpretar textos de maneira densa e crítica”, analisou Liliane, da Oficina do Estudante. Para ela, a questão mais fácil da prova de Literatura foi a de “Campo Geral”, em que o candidato deveria preencher algumas lacunas com sinônimos de verbos e adjetivos específicos, além de lembrar de um dos componentes mais importantes do conto: a dificuldade de enxergar de Miguilim.
“Por outro lado, a questão mais difícil provavelmente foi a de ‘Alguma poesia’, já que o candidato precisava articular não só as discussões propostas pela obra como relacioná-las a Gonçalves Dias e Mário de Andrade”, defende a professora.
Paganim também chama atenção para o fato da prova ter sido bastante fundada na leitura dos textos apresentados. “Há um outro item que cobra uma percepção mais abrangente da obra, mas tiveram questões que exigiam leitura profunda dos textos tais como foram apresentados nas questões”, opina.
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