Grande parte dos comentários sobre a primeira prova da segunda fase da Unicamp, nas redes sociais, nesta segunda-feira (8), foi para as propostas de redação da banca avaliadora. Diferente dos outros principais vestibulares, a Comvest não tem como padrão o texto dissertativo convencional. Tradicionalmente, são cobrados tipos de texto em que o candidato consiga relacionar de uma forma mais próxima seu cotidiano. Este ano não foi diferente. Uma das propostas foi um texto de entrada para um diário que pedia que o estudante se colocasse na posição de um trabalhador que ficou exposto ao risco de contrair a covid-19. A outra opção era escrever um discurso como se fosse um candidato a vereador debatendo o que fazer com monumentos que homenageiam figuras da colonização ou do escravagismo.
unicamp eu te amo que redacao delicia de fazer
— mah 🍨 (@mahelenah) February 8, 2021
“A Unicamp se mostrou novamente uma prova atualizada e conectada com a realidade, desde a proposta de gênero até a temática”, elogia Gabrielle Gulgueira Cavalin, coordenadora do Curso Poliedro Campinas.
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A especialista destaca a proximidade da proposta com os estudantes: “A exposição de trabalhadores ao vírus foi algo que todo jovem viveu em casa, com os próprios pais, muitas vezes, ou viram pela televisão”. Para o professor Felipe Leal, do Curso Anglo, essa proposta poderia conter um exercício interessante de alteridade para aqueles que puderam viver a pandemia em isolamento, sem se expor aos riscos de contaminação para obter o próprio sustento ou o da família.
Além disso, a banca colocou textos de apoio sobre necropolítica, racismo e discriminação. “Eram uma chave para o aluno entender quem são as pessoas que, de fato, precisaram se expor mais ao vírus”, afirma Cavalin. Em relação ao gênero, ela aponta que os alunos precisavam estar atentos aos comandos dados pela Comvest na proposta, já que eles norteavam o projeto de texto e clareavam o que deveria ser executado.
Segundo Leal, o estudante deveria narrar um episódio de negligência do poder público na proteção aos trabalhadores de serviços essenciais, como caixas de supermercado, entregadores, motoristas de ônibus, normalmente também mal remunerados. Um dos exemplos mais evidentes dessa exposição foi a superlotação do transporte público, que impedia adoção de medidas de isolamento pela população.
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