Unicamp 2023: questão de português deveria ser anulada?
Cursinhos divergem sobre uma questão de interpretação de texto. Veja qual foi a pergunta e o impasse apontado por alguns professores
Durante a correção extraoficial da prova de primeira fase da Unicamp 2023, realizada neste domingo (6), professores do Curso Anglo apontaram que uma questão de Língua Portuguesa é passível de anulação, já que, segundo eles, não apresenta apenas uma alternativa correta. Trata-se da questão 3 tanto nos cadernos Q e Z como nos cadernos S e X . Nos cadernos R e Y a questão corresponde a 55, e nos cadernos T e W é a 19.
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A partir da leitura de um trecho do texto “Quebrando o silêncio dos hospícios”, publicado pela revista de literatura Quatro Cinco Um, o item pedia que o candidato relacionasse o título e o corpo do excerto, assinalando a alternativa que indicasse o que representa a quebra do “silêncio dos hospícios”.
O que os professores dizem
Na interpretação de Eduardo Calbucci, professor de português do Anglo, a questão citada questiona o porquê foi dado este título à reportagem, ou seja, o que é responsável por essa quebra do silêncio dos hospícios. Segundo o professor, o problema é que existe uma progressão no texto, fazendo com que fique difícil definir qual é exatamente o motivo da quebra.
Calbucci observa que tudo começa por meio de oficinas de arte para pacientes psiquiátricos, que permitiram que a Stella do Patrocínio pudesse de manifestar por meio das conversas com a artista plástica Carla Guagliardi. No entanto, isso se concretizou também depois que as falas gravadas deram origem ao livro. “A pergunta é: o que quebra esse silêncio? As oficinas, as falas gravadas ou o livro? Talvez todos eles. Mas pelas alternativas não dá para hierarquizar a importância de cada uma dessas coisas, por isso, fica muito difícil optar entre as alternativas B, C e D”, explica.
O Anglo, portanto, considerou a questão sem resposta e defende a sua anulação. “Quando um grupo de professores sem limite de tempo, com acesso aos materiais de consulta e coletivamente não consegue responder uma questão, é mau sinal”, diz Calbucci.
A equipe de português da Oficina do Estudante tem outro posicionamento. Segundo a avaliação de seus professores, a alternativa B se mostra a mais adequada e precisa, enquanto a alternativa D também responde ao enunciado de maneira correta, porém de modo genérico. “Assim, optamos pela B por considerarmos essa alternativa a mais completa”, afirmam.
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