A USP (Universidade de São Paulo), que foi um dos polos de resistência contra a Ditadura Militar, homenageou nesta segunda-feira (27) 15 de seus alunos que foram torturados e mortos no período. Eles receberam o diploma da universidade postumamente, em um projeto nomeado “Diplomação da Resistência”. Na cerimônia, parentes dos estudantes receberam o certificado pelas mãos do reitor da universidade e do diretor da FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP).
+ 4 momentos em que estudantes ajudaram a mudar o rumo da História do Brasil
“Esses jovens perderam a oportunidade de poder modificar a sociedade através de suas atividades profissionais. Mas eles fizeram mudanças profundas em nossa sociedade através de suas ações. Eles deram suas vidas para que pudéssemos ter um futuro melhor”, afirmou o reitor da USP, Carlos Gilberto Carlotti Junior.
Entre os homenageados, estavam nomes reconhecidos da luta contra a Ditadura, como Tito de Alencar Lima, conhecido como Frei Tito. Ele começou a cursar Ciências Sociais em 1969, mas foi preso e forçado a abandonar o curso. Tito era acusado de ligação com a ALN, a Ação Libertadora Nacional, liderada por Carlos Marighella.
Torturado brutalmente no Departamento de Ordem Política e Social (Dops) e na Operação Bandeirante (Oban), Frei Tito nunca recuperou-se dos danos psicológicos, e acabou suicidando-se em 7 de agosto de 1974, em um convento na França.
A USP criou uma Comissão da Verdade própria para apurar quais pessoas ligadas à instituição foram vítimas da Ditadura Militar. Ao todo, pelo menos 47 entre funcionários, professores e estudantes foram assassinados.
Os outros alunos diplomados pela USP nesta semana foram:
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Antonio Benetazzo, do curso de Filosofia
Foi militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e do Movimento de Libertação Popular (Molipo). Preso em 1972 no Departamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi/SP), foi torturado até a morte.
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Carlos Eduardo Pires Fleury, Filosofia
Também militante da ALN, foi torturado e assassinado em 1971. Ele estava exilado fora do país, mas havia retornado clandestinamente.
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Catarina Helena Abi-Eçab, Filosofia
Militante do movimento estudantil (UNE), foi presa e morta em 1968. Para encobrir seu assassinato, foi forjado um acidente de carro.
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Fernando Borges de Paula Ferreira, Ciências Sociais
Militante do movimento estudantil e ativista sindical, foi morto em 1969 após uma emboscada planejada pela polícia. Sua morte também chegou a ser encoberta com uma versão sobre troca de tiros, que foi desmentida mais tarde.
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Francisco José de Oliveira, Ciências Sociais
Conhecido como Chico Dialético, era militante da ALN e do Molipo. Foi morto com uma rajada de metralhadora, disparada contra suas costas.
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Helenira Resende de Souza Nazareth, Letras
Foi vice-presidente da UNE, morta e torturada na Guerrilha do Araguaia em 1972. O corpo de Helenira nunca foi encontrado.
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Ísis Dias de Oliveira, Ciências Sociais
Foi presa em 1972 e seu corpo nunca foi encontrado. Também era militante da ALN.
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Jane Vanini, Ciências Sociais
Militante do MIR, o Movimiento de Izquierda Revolucionaria, foi presa e morta no Chile em 1974. É considerada uma desaparecida política, já que seu corpo nunca foi encontrado.
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João Antônio Santos Abi-Eçab, Filosofia
Também teve a morte encoberta, com um falso acidente de carro. O militante estudantil foi preso junto com a esposa, Catarina Helena Abi-Eçab, em 1968, depois de ser submetido à tortura.
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Luiz Eduardo da Rocha Merlino, História
Estudava História na USP. Foi preso e torturado até a morte no DOI-CODI/SP em 1971.
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Maria Regina Marcondes Pinto, Ciências Sociais
Militante do MIR (Movimiento de Izquierda Revolucionaria) desapareceu em Buenos Aires em 1976. Seu corpo nunca foi encontrado.
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Ruy Carlos Vieira Berbert, Letras
Militante do Molipo, foi torturado e morto em 1972. Também é considerado um desaparecido político.
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Sérgio Roberto Corrêa, Ciências Sociais
Militante da Aliança Libertadora Nacional, morreu em uma explosão em 1969. Seu corpo não foi entregue para a família, e Corrêa acabou enterrado como indigente.
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Suely Yumiko Kanayama, Letras
Militante da guerrilha do Araguaia, desapareceu em 1973. Em 2010, Brasil foi condenado por seu desaparecimento.
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