Nos dias 5 e 6 de janeiro, estudantes de todo o país irão prestar a segunda fase da Fuvest 2020, que possibilita o ingresso na Universidade de São Paulo (USP).
No primeiro dia, todos candidatos devem responder a dez questões de Língua Portuguesa e elaborar uma redação. No segundo, serão doze questões de disciplinas que variam conforme a carreira escolhida pelo candidato.
Pensando nisso, conversamos com diversos especialistas para levantar quais assuntos podem aparecer na segunda fase do vestibular.
PRIMEIRO DIA:
Português
Em relação a Português, a primeira coisa que vale ressaltar é que 40% das questões da segunda fase são dedicadas às obras de leitura obrigatória e não é porque uma delas caiu na primeira fase que deixará, necessariamente, de estar na segunda, explica Heric José Palos, coordenador de Português do Grupo Etapa.
Sobre interpretação de texto e gramática, Wellington Borges Costa, coordenador do Grupo Etapa, diz que algo recorrente na segunda fase são as questões sobre gêneros textuais que mesclam linguagem visual com linguagem verbal, como cartuns (tiras, charges), memes e anúncios publicitários.
O professor de Português do Curso Poliedro, César Ceneme, ainda destaca mais uma possibilidade: paráfrases das ideias do texto. “Paráfrase é uma releitura que simplesmente reafirma o que já foi dito. São questões que o vestibular faz para aferir a capacidade do candidato de encontrar informações e replicá-las de outra forma, reafirmá-la de outro modo. E a Fuvest tem, na segunda fase, muitas questões desse estilo”, diz.
SEGUNDO DIA:
Biologia
Quando se trata de Biologia, os especialistas apontam que não é comum que assuntos já cobrados na primeira fase apareçam novamente na segunda. Mas cuidado: genética, em especial, já foi tema de questões nas duas fases na mesma edição, portanto, é um tópico interessante para ser revisado.
Entre os assuntos que não foram abordados na prova objetiva e que podem cair na segunda fase, Daniel Berto, coordenador do Grupo Etapa, destaca assuntos clássicos e mais complexos, como a fisiologia vegetal (fotossíntese, condução de seiva, transpiração) e as grandes epidemias da atualidade, por exemplo, o sarampo.
Para Tiago Gouveia, professor do Curso Poliedro, fisiologia humana (sistemas circulatório, digestório, endócrino e respiratório) é um tema que raramente passa em branco e não foi cobrado na primeira fase. “Evolução e aquisições evolutivas nos grandes grupos animais e vegetais também não apareceu na primeira fase e é um tema que a Fuvest cobra bastante, então vale a pena conferir esses assuntos”, diz.
Física
Alexandre Lopes Moreno, coordenador de Física do Grupo Etapa, e Eduardo Lessi, do Curso Poliedro, acreditam que um tema muito recorrente, de grande incidência na segunda fase é Energia.
Segundo Moreno, o tema transita por várias áreas da Física, como a Mecânica, a Termologia e a Eletricidade.
Lessi ressalta que repetir um assunto da primeira fase na segunda é algo que pode efetivamente acontecer na disciplina.
“Há alguns anos, a Fuvest cobrou um circuito elétrico com resistores em série na primeira fase e um circuito elétrico com resistores em série na segunda fase. O que muda é o nível de desenvolvimento. Na primeira prova, espera-se que o candidato resolva a questão em três minutos, em média. Já na segunda fase, o estudante tem de 10 a 12 minutos para cada uma, então a banca cobra algo mais elaborado”, explica.
Química
“Tem alguns assuntos que costumam ser muito cobrados pela Fuvest primeira fase e que, dessa vez, não foram. Em ordem de importância: eletroquímica, reações inorgânicas, gases e cálculo estequiométrico. Todos podem cair na segunda fase”, diz Guilherme Bastos, professor de Química do Curso Poliedro.
Segundo o especialista, também pode haver uma repetição de conteúdos, principalmente naquilo que se refere a equilíbrios químicos, cálculo de pH, dissolução de soluções e reação orgânica.
Matemática
Para Alexandre Borges, coordenador de Matemática do Grupo Etapa, alguns conteúdos que não foram cobrados na primeira fase têm grandes chances de aparecer na segunda, como Exponenciais/Logaritmos e Trigonometria.
Sobre os temas que foram cobrados, mas devem aparecer novamente, ele destaca Geometria (plana e/ou espacial), Probabilidades e Funções.
O gerente inteligência educacional e avaliações do Poliedro e professor de Matemática, Fernando da Espiritu Santo, também destaca a falta de questões que envolvessem Análise Combinatória e aposta no tema para a segunda fase. “Nesse sentido, é importante que os estudantes desenvolvam a habilidade de identificar quando se deve utilizar uma contagem simples, uma permutação, um arranjo ou uma combinação. Além disso, dominar traquejos algébricos pode ser um diferencial para fazer o estudante ganhar tempo nas resoluções”, explica.
História
Em 2018, História do Brasil não foi um assunto tão trabalhado na primeira fase e isso foi compensado na segunda. Como na Fuvest 2020 a prova não seguiu a tendência de um número significativo de questões de História Contemporânea, segundo Thomas Wisiak, coordenador de História do Grupo Etapa, é possível que o tema seja abordado na prova do dia 6.
“Apostando que a segunda fase terá questões de História Contemporânea, temas do século XX devem aparecer, como as Guerras Mundiais, as crises do Entreguerras, Descolonização de África e Ásia e as complexas relações internacionais envolvendo EUA e China. Também não foi cobrado nada sobre Antiguidade Clássica, ou seja, isso pode aparecer na segunda fase”, explica.
Geografia
Fábio Gheti, professor de Geografia do Poliedro, explica que a segunda fase cobra uma abordagem mais aprofundada do que a primeira, portanto, pode cobrar os mesmo assuntos, mas de uma forma mais contextualizada e complexa. “A primeira fase faz uma grande seleção, a segunda fase seleciona de forma muito mais criteriosa. A prova exige minúcias do candidato”, afirma.
Omar Fadil Bumirgh, coordenador do Grupo Etapa, também ressalta que os temas encarados na primeira etapa podem aparecer novamente na prova, mas destaca dois assuntos que sentiu falta na prova objetiva: economia mundial e brasileira.
Para te ajudar na hora dos estudos, Bumirgh elencou o que caiu na primeira fase:
- Questão Ambiental no Brasil e no Mundo
- Urbanização no Brasil e no Mundo
- As Principais Tensões Geopolíticas
- Cartografia
- Geomorfologia
- Climatologia
- Pedologia
- Globalização
- Os Grandes Domínios Naturais do Brasil e do Mundo
- A Transição Demográfica mundial e brasileira.
Apesar de não ser uma matéria específica, questões de Atualidades costumam ser cobradas na prova, principalmente atreladas a geografia. O professor do Curso Poliedro, Daniel Pereira Leite, aposta em alguns temas, como manifestações em Hong Kong, a questão do Iêmen e crises na América Latina.
Em relação a Hong Kong, o professor destaca a duração dos protestos e as possíveis comparações que podem ser feitas com o massacre na Praça da Paz Celestial. “Seria interessante o aluno dar uma olhada também nas crises da Bolívia, do Chile e da Venezuela, pois são temas que estão um pouco fora da cobertura dos materiais e se caírem vão surpreender muitos candidatos”, diz.
Já o Iêmen se destaca pelo fato da ONU ter declarado que essa seria a pior crise humanitária da história. “Apesar de não ser um tema recorrente, esse ano a questão foi considerada muito séria”.