O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) lançou na última quarta-feira (30/11), um relatório sobre a situação dos adolescentes brasileiros. O texto analisa a situação de meninas e meninos de 12 a 17 anos a partir de 10 indicadores entre 2004 e 2009. O documento também traz uma análise das políticas públicas desenvolvidas no Brasil e propõe um conjunto de ações a serem tomadas para garantir a realização dos direitos de todos e de cada adolescente.
Um dos indicadores avaliados foi a educação. De acordo com a Unicef, em 2009, do total de meninos e meninas de 15 a 17 anos, 14,8% estavam fora da escola, cerca de 1,4 milhão de meninos e meninas. Apesar de mais de 85% dos adolescentes estarem matriculados na escola, pouco mais da metade deles (50,9%) estava no nível adequado para a sua idade: o ensino médio. Ou seja, os demais ainda cursavam o ensino fundamental.
Segundo a Unicef, o abandono escolar está diretamente ligado à trajetória de repetências que cria a chamada distorção idade-série, ou seja, crianças e adolescentes que cursam uma série escolar diferente daquela prevista para sua idade. O ciclo começa, quase sempre, nas primeiras séries do ensino fundamental e vai se tornando mais grave no ensino médio.
Para se ter uma ideia, em 2009, 13% das crianças e adolescentes de 10 a 14 anos tinham atraso escolar superior a dois anos. No mesmo ano, do total dos 2,3 milhões de concluintes do ensino fundamental, 1,09 milhão (ou mais de 47%) tinham entre 15 e 17 anos, e por isso encontravam-se atrasados em seus estudos, uma vez que prevê-se que uma pessoa nesta varão de idade já esteja no ensino médio.
Cor de pele e gênero ainda influenciam na educação brasileira
O texto da Unicef permite concluir que ainda é possível observar uma influência negativa da cor da pele e do gênero na educação no Brasil. Em 2009, por exemplo, 75,6% dos adolescentes brancos entre 16 e 17 anos tinham o ensino fundamental completo. Entre os negros, esse percentual era de 56% e, entre os indígenas, de 61,8%. No que se refere ao ensino médio, enquanto 60,3% dos adolescentes de 15 a 17 anos brancos frequentavam as escolas em 2009, entre os adolescentes negros, o índice era de 43,4% e, entre os indígenas, de 49,7%.
Além disso, o relatório mostra que enquanto os adolescentes de 15 a 17 anos brancos atingem 7,8 anos de estudo, em média, os indígenas têm 7 e os negros, 6,8 anos.
As desigualdades educacionais também estão presentes quando a questão é o gênero, com uma maior defasagem entre os meninos. Enquanto a proporção de meninas de 16 e 17 anos com ensino fundamental completo em 2009 era de 71,5%, a de meninos ficou bem abaixo, em 58,5%. No ensino médio, entre as adolescentes de 15 a 17 anos, 56,7% frequentavam escolas, já entre os meninos, esse número era de 45,3%.
Entre os analfabetos brasileiros, os meninos também são maioria. Dos 500 mil adolescentes analfabetos no Brasil, eles representam mais de 68% do total de adolescentes brasileiros que não sabem ler ou escrever.
*Com informações do relatório da Unicef Situação da Adolescência Brasileira 2011 – O direito de ser adolescente: Oportunidade para reduzir vulnerabilidades e superar desigualdades.
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