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Intercâmbio na China: conheça o ensino da principal economia em ascensão

As políticas de incentivo ao ensino e pesquisa na China colocaram as universidades chinesas entre as melhores do mundo

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 2 jul 2024, 14h28 - Publicado em 4 out 2019, 10h00
 (Li Yang/Unsplash/Reprodução)
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Atualmente, a China é uma das poucas economias mundiais em crescimento, e parte dessa conquista está diretamente relacionada aos investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico nas universidades do país. Uma série de programas implementados durante os últimos 50 anos pelo governo chinês tiveram como objetivo principal alcançar a melhoria econômica através de investimentos maciços em educação. Como consequência, hoje o país conta com diversas universidades de destaque mundial, principalmente nas áreas de tecnologia da comunicação, ciências da computação e engenharia, e o intercâmbio na China é uma opção cada vez mais popular.

Em 1995, o governo chinês iniciou o Projeto 211, programa de incentivo à educação superior promovido pelo Ministério da Educação da República Popular da China. O objetivo era elevar os padrões de pesquisa nas principais universidades chinesas para melhorar as estratégias de desenvolvimento econômico a longo prazo.

O programa dividiu a administração das universidades públicas em dois modelos. Atualmente, 75 universidades são geridas pelo governo central, enquanto a maioria das instituições de ensino superior passaram a ser administradas pelos governos provincianos. A medida permitiu que as partições públicas tivessem maior controle das instituições.

Outro programa de alto impacto no sistema de educação superior na China foi a instauração da chamada Meta das Quatro Modernizações, iniciadas durante anos 70. Esse conjunto de políticas públicas foram direcionadas aos setores de agricultura, indústria, defesa e, no campo da educação, ciência e tecnologia. As principais universidades chinesas estão sob administração do Ministério da Educação da República Popular da China.

Formada em Relações Públicas pela USP, a profissional de comunicação Cristiane Hong fez intercâmbio na China de um ano, para aprender mandarim na Universidade de Tsinghua, uma das principais do país, localizada em Pequim. Hong foi admitida para o curso através do programa Chinese Language Program.

Filha de pais chineses, Cristiane conta que decidiu fazer o intercâmbio na China em um momento de dúvidas em relação a carreira, quando queria “dar um tempo nos estudos e pensar um pouco no que fazer da vida”. O processo para a admissão “relativamente fácil” e exigiu apenas o preenchimento de um formulário online e entrega da documentação exigida.

 

 

Como é uma universidade chinesa

A China promove um amplo programa de bolsas para quem quer estudar no país, que englobam desde cursos de mandarim até bolsas para graduação, mestrado e doutorado. O principal programa de mobilidade estudantil é o Chinese School Council (CSC), que, atualmente, conta com a participação de 274 universidades chinesas que oferecem programas voltados para estudantes estrangeiros.

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A maioria dessas universidades disponibilizam atividades de recepção para os intercambistas. Na Tsinghua, o Buddy Program é uma iniciativa de acolhimento para os estrangeiros na qual um estudante local “adota” um aluno de outro país. “Eu tive a sorte de ficar com 2 buddies, uma delas me encontrou na primeira semana na China, que estava sendo muito difícil”, explica Cristiane.

Recém chegada no país, ela conta que as dificuldades com a língua e a momentânea falta de internet (ainda não havia comprado um chip de celular) tornaram os primeiros dias no país desafiantes. “Ela (a buddie) me mostrou o campus, me ensinou onde ficava o mercado… essa ajuda foi importante e muito legal”, completa.

O ano letivo na China começa em setembro, como na maioria dos países do hemisfério norte. Há três formas de ingressar em uma universidade chinesa. Para o ensino superior, é possível se inscrever diretamente no site da universidade e concorrer a uma das bolsas para intercambistas ou aproveitar os programas de mobilidade estudantil através de parcerias com as faculdades brasileiras. As universidades chinesas exigem o domínio do inglês ou mandarim, com apresentação dos certificados TOEFL ou IELTS, para os cursos oferecidos em inglês, e do HSK (Hanyu Shuiping Kaoshi), certificado de proficiência em mandarim, para os cursos em língua local.

 

 

Para quem já está morando na China, a forma de ingresso nas universidades é através do Exame Nacional do Ensino Superior, um processo unificado de seleção para as instituições de ensino superior públicas, que ranqueia os alunos e os divide entre as instituições disponíveis. Trata-se de um exame semelhante ao nosso Enem não apenas no nome.

Paralelamente a esse exame, as universidades possuem certa autonomia no processo de admissão e podem levar em consideração o histórico escolar e desempenho dos candidatos nas habilidades específicas de cada curso.

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Intercâmbio de mandarim na China

A terceira forma de estudar em uma universidade chinesa é fazendo um curso de mandarim. As principais universidades oferecem cursos para todos os níveis, do básico ao avançado. “Em relação ao idioma, as aulas são acessíveis se você souber falar inglês”, explica Cristiane, “se você não sabe falar vai se muito difícil, porque as aulas são feitas em inglês e mandarim”.

Antes do início das aulas, os intercambistas conversam com a equipe do programa para falar sobre em qual nível de aulas pretendem ingressar. “As aulas eram super boas, livros excelentes e super didáticos, todos os professores são muito bons”, conta Cristiane. “Todo mundo era muito empenhado porque, se você não presta atenção no mandarim, você não consegue acompanhar”, explica.

Há duas formas de se matricular nesses programas de idioma. É possível se inscrever diretamente no site da universidade em que deseja estudar ou ir para o intercâmbio na China por meio de uma agência autorizada. Esses cursos podem ter a duração de um mês, no caso dos cursos de férias, até seis meses ou um ano.

Visto Estudantil para intercâmbio na China

Para estudar na China, é necessário tirar o visto estudantil antes da viagem. Os documentos exigidos para a retirada do documento são:

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  • Foto recente 3×4
  • Reserva da passagem aérea
  • Comprovante de residência na China
  • Roteiro da viagem
  • Comprovante de matrícula do ano letivo
  • Formulário de aplicação
  • Carta de admissão da universidade chinesa
  • Atestado de saúde

 

Melhores cidades para intercâmbio na China

As duas cidades chinesas mais bem avaliadas no QG ranking de melhores cidades para estudantes morarem são Pequim e Shanghai. O custo de vida na China é bastante barato, quando comparado com o brasileiro. A política de desvalorização do iene (moeda chinesa) para incentivo econômico tornam o país um lugar bastante barato para estrangeiros.

Em relação a vida urbana, “existem muitos espaços públicos, praças, muito lugar para andar e para ver”, explica Cristiane, que morou em Pequim durante o intercâmbio. A comunicóloga conta que se sentiu super segura morando na cidade, “você podia ficar na rua e era tudo super seguro, o transporte público era muito bom, tem metrô para todo lugar e ônibus, era muito fácil de se locomover”.

Hábitos diferentes

“A comida era muito boa e muito barata”, conta Cristiane, “tinha coisas que custavam centavos, pratos enormes que custavam 7 ienes e era sempre muito bom”. Entretanto, ela explica que há certos cuidados que se deve ter ao morar na China, tanto para estrangeiros quanto residentes locais. Entre as precauções, é necessário ter cuidado com alimentos que são extremamente baratos. Cristiane relatou que “na época em que fui para a China tinha uma polêmica que envolvia as pessoas usarem óleo de esgoto (no preparo da comida)”. “Existe muita coisa de comida falsificada, arroz falsificado, leite falsificado e até ovo”, afirma.

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Em relação aos hábitos, conta que o “primeiro choque foi quando fui tentar cumprimentar minha buddie e tentar dar um beijo, e ela se esquivou, com medo”. Foi nesse momento que Cristiane lembrou que não estava em um país que “tão caloroso o Brasil”. “Os chineses expressam amor e carinho de uma outra forma, muito através da comida, através do servir”, explica.

Outra diferença de costumes que chamou atenção de Cristiane foi em relação aos horários. “A gente tinha horários específicos para tomar banho quente, tinha que acordar muito cedo e tomar banho muito cedo, também tinha que jantar muito cedo” conta.

Para quem pensa em fazer intercâmbio na China mas se preocupa em morar num país distante e com tradições diferentes da nossa, Cristiane enfatiza que sentir “um desespero inicial é normal, mas logo passa”. Ela conta que as primeiras semanas no país foram bastante difíceis mas que depois tudo mudou. “Conte com os outros e esteja aberto para fazer amizades” conclui.

Liga C9 de Universidades Chinesas

A liga C9 é uma aliança entre as 9 principais universidades da China continental, considerada a “Ivy League” chinesa. Essas instituições recebem maior investimento do governo, cerca de 10% dos investimentos do país em pesquisa. Juntas, elas representam 20% das publicações acadêmicas do país, o que também as torna interessantes para quem pensa em fazer um intercâmbio na China. As universidades que formam a Liga C9 são:

  1. Peking University
  2. Tsinghua University
  3. Fudan University
  4. Shanghai Jiao Tong University
  5. University of Science and Technology of China
  6. Zhejiang University
  7. Nanjing University
  8. Xi’an Jiaotong University
  9. Harbin Institute of Technology

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Melhores universidades da China

De acordo com o QS ranking de melhores universidades, as instituições chinesas de maior destaque são:

  1. Tsinghua  University
  2. Peking University
  3. Fudan University
  4. Zhejiang University
  5. Shanghai Jiao tong University
  6. Nanjing University
  7. University of Science & Technology of China
  8. Wuhan University
  9. Sun Yat-sen University
  10. Tongji University

 

Este texto foi originalmente publicado no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar, parceira do Guia do Estudante

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