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EaD: flexibilidade e custo-benefício expandem a modalidade

Ensino a distância está em expansão e atrai os estudantes com seus diferenciais. Descubra suas opções

Por Camila Honorato
Atualizado em 7 dez 2017, 17h07 - Publicado em 7 dez 2017, 17h01
Aluno estudando, livros, réguas, computador, escrevendo
 (Geber86/iStock)
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Entrar no ensino superior é uma tarefa que exige esforço. Mais do que estabelecer uma rotina de estudos para passar no vestibular, é preciso pesquisar sobre a carreira escolhida e selecionar instituições qualificadas para o curso pretendido. Com a alta concorrência e os exames puxados das universidades públicas e os preços altos nas mensalidades das instituições particulares, é cada dia mais comum ver estudantes que optam por outras modalidades de ensino que unam qualidade e preços baixos, uma fórmula que permeia os principais atrativos da educação a distância.

No Brasil, a EaD está em uma forte expansão. Segundo dados levantados pela Fundacred, fundação que oferece crédito estudantil e que possui polos que atuam nesse segmento, o número de alunos que estudava nessa modalidade em 2012 era de 90 mil. Em 2016, as matrículas subiram e o país passou a contabilizar mais de 1,3 milhão de estudantes – crescimento que representa uma alta de 47,2% em cinco anos. Em contrapartida, o crescimento da modalidade presencial ficou atrás e totalizou 11,4% no mesmo período.

Apesar da expansão, o ensino presencial ainda figura na preferência dos estudantes. Ao todo, 79% dos alunos matriculados optam pelas salas de aula tradicionais. Ainda assim, esse dado representa uma queda significativa, já que em 2008 a taxa era de 89%. Para Romário Davel, consultor da Fundacred, o maior desafio da EaD é o estigma de que a qualidade desse tipo de ensino é inferior ao do presencial, o que não se confirma com as avaliações positivas fixadas pelo próprio MEC. Além disso, a infraestrutura exigida por alguns cursos, como os da área da saúde e as engenharias, que exigem laboratórios presenciais, também exigem um estudo delicado por parte das instituições para ofertá-los no sistema virtual.

Isso reflete a necessidade de pensar na modalidade como uma forma de modernizar o ensino. “Hoje já existe, mesmo para os cursos presenciais, uma base legal para virtualizar até 20% da carga horária dos cursos. A utilização dessa prerrogativa é ainda pouco utilizada pelas universidades mais tradicionais, que acabam perdendo oportunidades de ganho acadêmico ao abrir mão de tecnologia existente que podem amparar a aprendizagem”, afirma Romário. “Hoje, temos colegas de trabalho em qualquer parte do mundo – e muitas vezes não os conhecemos presencialmente. Já trabalhamos em ambientes virtualizados em home office e temos empresas que já não possuem endereço físico. O mundo está mudando rapidamente, e ficar cinco anos dentro de uma sala de aula para fazer uma graduação já nos parece muito estranho”, conclui.

Hoje em dia, o que mais atrai os estudantes para a modalidade EaD é justamente a modernização e a possibilidade de flexibilizar os estudos. Segundo estudo elaborado pela Quero Bolsa, a modalidade é responsável pela formação de 15% dos universitários do país. Entre os estudantes consultados para a pesquisa, 44% apontaram a liberdade de horários como o principal atrativo, seguido pelas mensalidades mais acessíveis (27%) e localização do polo de apoio presencial (11%). Quando perguntados sobre o conteúdo do curso, 79% dos estudantes o consideraram excelente ou bom, 17% aprovam de forma moderada e apenas 2% mostraram insatisfação. Segundo André Narciso, diretor financeiro da Quero Bolsa, o resultado da pesquisa, intitulada como “Panorama Quero Bolsa do Ensino Superior Privado no Brasil”, o parecer dos universitários reflete o posicionamento das próprias universidades: “O resultado mostra que os investimentos realizados pelas faculdades nos últimos anos para elevar a qualidade dos cursos EaD pouco a pouco estão surtindo efeito”, afirma. “Além disso, como os cursos a distância são tipicamente mais baratos do que os presenciais, estudantes com restrições orçamentárias acabam buscando mais essa modalidade em períodos de crise”, argumenta.

Sobre cursos e plataformas

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(Rawpixel Ltd/iStock)
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Algumas opções de graduação figuram entre as mais procuradas no ensino a distância. De acordo com levantamento da Fudacred, os cursos em alta são as licenciaturas (como Pedagogia e Letras), os tecnólogos e opções como Administração, Ciências Contábeis e Serviço Social. Com a mais recente liberação do MEC, que eliminou a principal trava de expansão dessa modalidade, que era a necessidade da autorização de um polo, a tendência é que mais cursos e instituições ofertem novas alternativas no ambiente virtual.

Atualmente, instituições como o Grupo Kroton, a Estácio, a Uninter, a Unicesumar, a Unip e a Uniasselvi concentram 70% do mercado de educação a distância. Em contrapartida, algumas instituições tem recorrido a plataformas diversas para complementar o ensino e incentivar os estudos no ambiente virtual, como é o caso do Moodle, onde professores podem cadastrar textos de apoio e compartilhar cronograma de aulas. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) também dispõe de um ambiente virtual com oferecimento de cursos diversos de extensão, como História do Brasil e Filosofia. Esse último curso, aliás, é bem disseminado na Canvas (AVA), que prevê o compartilhamento e a colaboração entre instituições do mundo todo. Além disso, opções como a Blackboard são amplamente utilizadas como forma de reforçar treinamentos e revisões de conteúdo.

Sobre mercado de trabalho e o futuro da educação no país

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Crédito: iStock (iStock/iStock)

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Hoje em dia, o maior receio dos estudantes em optar por um curso ofertado na modalidade a distância é a resistência dos próprios recrutadores das grandes empresas, já que alguns ainda torcem o nariz para os estudos no ambiente virtual. Para Romário Davel, consultor da Fundacred, contratadores precisam se ater ao fato de que nem mesmo o Ministério da Educação faz esse tipo de distinção, já que a informação de conclusão presencial ou a distância não aparece no diploma do candidato. “A resiliência, dedicação e autonomia são atributos presentes em um estudante que se forma no EaD, portanto já é comum encontrar empresários que valorizam. Isso tende a avançar”, afirma ele.

Essa mudança no cenário da contratação tende a refletir na própria educação no Brasil, já que a tendência é que a interdisciplinaridade e modelos híbridos de estudos sejam mais frequentes. Sobre isso, Romário Davel é categórico: “Caminhamos para um cenário onde não exista a distinção das modalidades presencial e EaD. A tecnologia substituirá boa parte das atividades de docência, que será mais voltada para curadoria e orientação. Precisaremos de professores cada vez mais qualificados e antenados com novos métodos de ensino e aprendizagem, com uso de menos espaço físico para os ambientes universitários e currículos menos técnicos e mais voltados a resolução de problemas”, conclui.

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