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Como fazer intercâmbio na Coreia do Sul

Famoso pela elevada qualidade de ensino, pelo K-Pop e pelos K-dramas, o país recebeu um número crescente de estudantes estrangeiros nos últimos anos

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 27 set 2021, 09h45 - Publicado em 25 set 2021, 08h00
Seul, capital e maior cidade da Coréia do Sul.
Seul, capital e maior cidade da Coréia do Sul. (Pinterest/Divulgação)
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Este texto foi originalmente publicado no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar, parceira do Guia do Estudante. 

Famosa pela elevada qualidade de ensino, pelo K-Pop e pelos K-dramas, a Coreia do Sul recebeu nos últimos anos um número crescente de estudantes estrangeiros, vindos principalmente da China e Vietnã. O país oferece ampla variedade de aulas em inglês, que dão oportunidade para estudantes das mais variadas nacionalidades realizarem intercâmbio na Coreia do Sul. 

A popularização no mundo ocidental da música, cinema e televisão coreanos nos últimos anos é um fator que vem atraindo interesse internacional pelo país. “Meu primeiro contato mais profundo com a Coreia do Sul foi através do k-pop”, conta Alice Leal, estudante de Produção Cultural na UFF e intercambista na Universidade de Konkuk, na Coreia do Sul.

“Gradativamente, o interesse pelo gênero musical e pelas produções audiovisuais se transformou em um interesse pelo país de origem e cultura como um todo”, conta. Ao ver que o país oferecia parceria de intercâmbio entre a UFF e a Konkuk, ela decidiu fazer o processo seletivo.

Na Coreia do Sul, todas as escolas recebem investimento governamental, tanto as particulares quanto as públicas. O que diferencia um tipo do outro é o montante de dinheiro direcionado à elas. Os altos investimentos em ensino fazem com que o país seja um dos mais bem colocados no ranking da OCDE de ensino. Nos últimos anos, o governo coreano chegou a investir cerca de 5,8% do PIB em educação, enquanto a média dos países da OCDE é de 0,8%.

Em nível de Ensino Médio, os colégios da Coreia do Sul são famosos por serem extremamente exigentes. Há instituições que contam com aulas nos períodos da manhã, tarde e noite, onde os alunos chegam a passar mais de 12h por dia estudando. Essa rigorosidade tem seus pontos altos e baixos. A pressão sobre os estudantes garante um alto nível educacional, mas também é apontada por muitos como excessiva e autoritária.

Universidades para quem gosta de estudar

Educação é um tema levado muito a sério pelos coreanos e a tradição acadêmica no país é antiga. Há décadas, os estudantes se tornaram uma categoria politicamente ativa dentro da sociedade, tendo papéis importantes em momentos históricos, como durante a Independência da Coreia no início do século passado.

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O ensino superior é visto como o principal caminho para ascensão social e inclusão na sociedade coreana. Esse é um dos fatores que fazem com que os colégios preparatórios sejam tão exigentes quanto à quantidade de horas de estudo exigidas.

Para os alunos estrangeiros, as universidades possuem sistemas de recepção que contam com uma série de atividades e auxílios. No caso da Konkuk, “os intercambistas, mesmo antes de chegarem na Coreia, são designados aos seus “buddies” (estudantes coreanos que falam inglês)”, explica Alice. Esses alunos são responsáveis por auxiliar na adaptação e integração dos intercambistas, “algo similar ao que acontece nas universidades brasileiras, onde um veterano ‘apadrinha’ um calouro”, explica.

Um amigo para te ajudar

Os buddies ajudam das mais variadas formas, desde repassando informações e avisos até tirando dúvidas sobre o dia a dia na Coreia do Sul. “Eles também realizam encontros para que os intercambistas socializem, como a festa de recepção e o piquenique no Rio Han (rio mais importante da Coreia do Sul, localizado em Seul)”, conta Alice.

A estudante explica que o ritmo didático das aulas na Konkuk eram parecidos com as da UFF, mas a quantidade de tarefas exigidas era muito maior. “São feitas mais tarefas durante as aulas ou para serem entregues a curto prazo” afirma.

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Alice conta que as universidades coreanas são mais exigentes que a média, porém “não em um sentido ruim”. “Sentia que a cobrança por eficiência era bem maior, mas acredito que seja um reflexo da cultura, não só coreana, mas japonesa, chinesa, entre outras”, explica.

“Os professores levam muito a sério seu trabalho e naturalmente esperam o mesmo dos alunos”, diz. Da mesma forma, tarefas e horários devem ser cumpridos “sem atrasos e sem desculpas”, conta. Embora rigoroso, a estudante conta que o ritmo puxado não impede que os alunos tenham tempo livre durante a semana e fins de semana.

Assim como a maioria das universidades da Coreia do Sul, a Konkuk oferece um grande número de aulas em inglês e uma semana de recepção para os intercambistas. “Nessa semana, há palestras que introduzem a universidade e o campus, e que oferecem informações acadêmicas, de funcionamento e convivência”, conta Alice. A Konkuk acompanha a tradição de investimentos em ensino no país. O campus conta com cerca de 30 prédios com ótima infraestrutura e localização, ao lado do Rio Han.

Principais destinos para intercâmbio na Coreia do Sul

Seul

A capital do país é um dos principais destinos de quem quer fazer intercâmbio na Coreia do Sul, e não é à toa. Ela foi considerada a 10ª melhor cidade do mundo para estudantes de acordo com o ranking da QS. Um dos motivos para isso é a sua concentração de instituições de ponta: a cidade concentra 18 universidades listadas no ranking da QS, incluindo a 37ª melhor do mundo, a Seoul National University.

Além disso, trata-se de uma cidade enorme e extremamente internacionalizada, com quase 10 milhões de habitantes. Por isso, tem ampla estrutura de serviços públicos, comércio abundante funcionando 24 horas por dia, e está bem equipada para receber estrangeiros.

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Daejeon

Daejeon é outra cidade sul-coreana que aparece na lista de melhores cidades do mundo para estrangeiros da QS. Localizada bem no centro do país, ela é a cidade onde fica a KAIST, uma das melhores universidades da Coreia do Sul (e a que tem melhor reputação entre empregadores, segundo a QS). Também estão localizados lá os centros de pesquisa de empresas como LG e Samsung, o que faz com que ela seja conhecida como “Vale do Silício” da Coreia do Sul.

Na comparação com Seul, no entanto, ela é bem menor: “apenas” 1,4 milhão de habitantes. Mesmo assim, por ser uma cidade com instituições de ponta, ela abriga muitos estudantes universitários. Com isso, é uma cidade bem jovem, e um destino muito procurado para intercâmbio na Coreia do Sul.

Daegu

Daegu, às vezes chamada de Taegu, é outro destino comum para intercâmbio na Coreia do Sul. Ela é maior do que Daejeon, com 2,4 milhões de habitantes, mas não abriga tantas universidades de destaque.

Seu diferencial é a presença de edifícios históricos, que a tornam ideal para quem quer conhecer a cultura sul-coreana de maneira mais aprofundada. Além disso, ela também tem muito comércio e sedia anualmente festivais de artes e de pintura corporal. Com isso, é um destino de intercâmbio ideal para cursos mais curtos ou temáticos.

Adaptação

Morar em um país tão distante é uma grande aventura, conviver com costumes, tradições e culturas diferentes da nossa pode ser uma ótima oportunidade de crescimento, não só acadêmico. “Vivenciar, mesmo que por um curto período de tempo, uma cultura diferente foi uma das melhores coisas que já vivi”, conta Alice, “é uma experiência que permite te fazer enxergar o mundo sob uma nova perspectiva e isso é inexplicavelmente enriquecedor”.

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O intercâmbio na Coreia do Sul foi a primeira vez que Alice viajou para o exterior e passou tanto tempo fora de casa, “era excitante, mas, ao mesmo tempo, um pouco assustador”. “A vontade de adquirir novas experiências, conhecimentos e memórias acabaram superando o medo do desconhecido”, conta.

A estudante explica que conhecer a cultura coreana antes do intercâmbio contribuiu para a adaptação no país. Há costumes na Coreia do Sul que são bastante diferentes dos brasileiros, “por exemplo, não falar muito alto em transportes públicos ou atravessar apenas na faixa de pedestre”, conta. Tocar em pessoas desconhecidas ou semi-conhecidas não é comum no país. “A maioria dos coreanos são bem reservados”, explica.

Morar em uma metrópole como Seul foi a melhor parte do intercâmbio na Coreia do Sul, conta Alice, “fiquei extremamente encantada pela cidade, pela mistura quase mágica de tecnologia e tradicionalismo, pelas pelas infinitas possibilidades e experiências que ela oferece, pela segurança”.

Comida na Coreia do Sul

Busca de Cursos

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A gastronomia coreana é rica em arroz, proteínas, vegetais, alimentos fermentados e fibras. Alice conta que teve facilidade para se adaptar à alimentação durante o intercâmbio na Coreia do Sul, mas que “é, de fato, muito diferente do que estamos acostumados”. “É composta por legumes e vegetais como complementos, e a comida, com bastante frequência, é apimentada… bastante apimentada”, conta.

A culinária coreana é repleta de “banchans”, que são uma espécie de acompanhamentos do prato principal. O mais famoso deles é o kimchi, considerado uma das bases da alimentação coreana, cuja preparação é feita com legumes fermentados, que são servidos em quase todos os pratos e possui mais de 180 variedades de receitas.

Além do kimchi, há também o bibimbap, um tipo de arroz coberto com vegetais refogados que pode vir acompanhando praticamente qualquer comida, e o bulgogi, pedaços de carne (geralmente de vaca ou porco) cortados em pedaços pequenos e marinados. Uma curiosidade sobre o bulgogi é que as carnes são servidas cruas, acompanhadas de um grill, onde o cliente deve assá-las. Geralmente, a carne pronta é envolta em folhas, como alface, e comidas junto com kimchi ou outro acompanhamento.

Melhores universidades da Coreia do Sul

A Coreia do Sul possui uma variedade de universidades com alto nível de ensino. Três das mais tradicionais foram apelidadas pelos coreanos de SKY (Seoul National, Korea University e Yonsei University, respectivamente), e são consideradas equivalentes à Ivy League.

As 15 melhores universidades da Coreia do Sul, segundo o QS World Rankings 2020, são:

  • Seoul National University
  • Korea Advanced Institute of Science and Technology (KAIST)
  • Korea University
  • Pohang University of Science and Technology (POSTECH)
  • Yonsei University
  • Sungkyunkwan University (SKKU)
  • Hanyang University
  • Kyung Hee University
  • Gwangju Institute of Science and Technology (GIST)
  • Ewha Womans University
  • HUFS – Hankuk University of Foreign Studies
  • Chung-Ang University
  • Dongguk University
  • Catholic University of Korea
  • Sogang University

Como conseguir o visto?

Há alguns tipos de visto que estudantes que querem fazer intercâmbio na Coréia do Sul podem obter, que variam de acordo com a nacionalidade e tempo que o aluno deseja ficar no país. Para brasileiros, a Coreia emite um tipo de visto livre, que permite a estadia no país durante 90 dias. Caso você opte por fazer um curso de curta duração, esse visto é suficiente.

Também é possível pedir um visto estudantil para um período maior. Para conseguir esse visto, é necessário apresentar o Certificado de Admissão em uma universidade coreana. Em algumas instituições, para conseguir esse certificado é necessário pagar por, pelo menos, dois períodos do curso.

O visto de estudante é chamado de Visto-D. Algumas instituições exigem um visto de trabalho junto ao estudantil após o aluno ficar por mais de um semestre na Coreia do Sul.

Processo Seletivo na Coreia do Sul

Cada universidade tem exigências específicas para a admissão dos alunos de intercâmbio na Coreia do Sul, acessíveis nos sites de cada instituição. Geralmente, os documentos básicos exigidos são:

  • Preenchimento do formulário de admissão
  • Cópia do passaporte
  • Diploma de conclusão do ensino médio.

O governo coreano disponibiliza um site voltado para estudantes que desejam estudar no país. .

Bolsas para intercâmbio na Coreia do Sul

Quem se interessa por estudar na Coreia do Sul pode contar com o apoio do NIIED. A sigla descreve o National Institute for International Education, órgão do governo coreano responsável por colaboração internacional na área. Em outras palavras, ano após ano, essa entidade oferece bolsas de estudo e intercâmbio na Coreia do Sul a alunos internacionais e parcerias com universidades estrangeiras.

Há vários tipos de bolsas de estudo oferecidos pelo órgão. Elas são disponibilizadas por editais e têm diferentes sistemas de seleção, de acordo com o perfil do aluno e do programa em si.

#1 Bolsas para intercambistas na Coreia do Sul

O Exchange Student Support Program foi criado pelo NIIED para apoiar os alunos interessados em intercâmbio na Coreia do Sul. É necessário ser aceito por uma universidade parceira do programa e, então, esperar que a instituição contate o NIIED. Com isso, o estudante recebe apoio financeiro para despesas como acomodação, transporte e seguro-saúde. Os alunos podem passar, ao todo, 4 ou 10 meses nas universidades conveniadas.

#2 Bolsas para graduação na Coreia do Sul

O Korean Government Scholarship Program abre inscrições, todos os anos, para graduação na Coreia do Sul. Os candidatos submetem suas informações às embaixadas do país, até a data limite, e passam por uma seleção inicial. Depois, chega a vez do crivo do NIIED, que filtra os selecionados a serem aprovados por universidades parceiras.

Para se inscrever, é necessário ter menos de 25 anos de idade e bom nível de proficiência em inglês. Também é exigido bom desempenho acadêmico, com o equivalente a média 8 nas matérias do Ensino Médio. Como prêmio, os estudantes recebem benefícios como passagens aéreas, auxílio mensal e anuidade coberta pelo NIIED.

#3 Bolsas para pós-graduação na Coreia do Sul

Também como parte do Korean Government Scholarship Program, estão as bolsas de pós-graduação na Coreia do Sul. Essa categoria abarca cursos de mestrado e doutorado, com duração de dois e três anos, respectivamente. Além da formação em si, os alunos precisam passar por um ano de estudos de coreano, e obter nota suficiente no TOPIK.

A seleção acontece de forma semelhante à da graduação, com três etapas de avaliação. Os estudantes aprovados recebem o mesmo pacote de benefícios, além de auxílio para pesquisa.

Por Mariane Roccelo

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