Na sexta-feira passada (11), um terremoto de magnitude 9 atingiu o Japão. A destruição causada pelo tremor foi intensificada por um tsunami em Fukushima, no Nordeste do território, deixando mais de 8.600 mortos até o momento. Em Tóquio, capital do país, a intensidade do abalo, o maior do país e o quarto do mundo, deixou moradores alarmado, mas não assustou estudantes brasileiros que moram na cidade.
Após o terremoto, o estudante Rafael |
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“Não pensei em nenhum momento em voltar para o Brasil. Já estou aqui há três, então para mim esses tremores são bem corriqueiros E outra, se um terremoto de nível 9 não fez nada aqui em Tóquio, outro também não fará”, diz Rafael Henrique Castanheira de Souza, 28 anos, doutorando do Instituto de Tecnologia de Tóquio.
O estudante conta que estava no laboratório da universidade quando começou a sentir os tremores. “Senti que minha cadeira estava tremendo, mas continuei calmo, achei que seria só mais um terremoto. Quando passou a ficar mais forte, eu e meus colegas corremos para fora. Na rua, notei que as árvores balançavam muito, aí fiquei bem assustado. Demorou tanto tempo o tremor, cerca de três minutos, que fiquei enjoado”, lembra Rafael.
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Após o grande abalo, Rafael seguiu a pé para a sua casa. Foi aí que o estudante se impressionou com os efeitos do terremoto. “Como ficamos sem luz, não havia trens. Andei mais de 15 km a pé até chegar na minha casa. No caminho não vi nenhum dano. A engenharia civil aqui é muito boa”.
Recém-formado no mestrado e estudando para o doutorado, o estudante Luiz Fernando Kruszielsky, 26 anos, que também está no Japão há três anos, conta que antes do abalo sísmico conversava com amigos sobre a possibilidade de uma tragédia como essa. “Há tempos os japoneses especulam sobre o Grande Terremoto de Tokai, em Tóquio – um tremor que costuma ocorrer a cada 100 ou 150 anos, na região de Tokai. O último foi há 157 anos. Dias depois, acontece isso, impressionante”, comenta.
Luiz Fernando estava em sua casa quando começou a sentir que tudo estava tremendo. “Corri para janela e pulei para a rua. Tinham muitas pessoas do lado de fora da casa, a maioria japonesa. Todos estavam muito assustados, inclusive um vizinho que nunca tinha visto”, diz.
Apesar do susto, e do apelo de parentes que pedem para que o garoto volte para seu país de origem, o estudante, garante que continuará no Japão. “Eu não pensei em voltar para o Brasil, mas preferi sair de Tóquio por uns dias. Estou em Kyoto. Não dava para ficar sossegado na capital, por causa dos muitos tremores que vem acontecendo desde a semana passada. Não estava conseguindo dormir direito”, explica Luiz Fernando.
O estudante Luiz Fernando pulou |
Após o grande terremoto da sexta-feira passada, o Japão registrou mais de 260 tremores secundários, segundo a Agência Meteorológica do país. Isso equivale a cerca de 34 tremores por dia, ou seja, mais de um por hora.
Japoneses mantêm a calma após a tragédia
Os japoneses ficaram assustados, mas não entraram em pânico. Essa é a opinião de Rafael e Luiz Fernando. Agora, segundo os estudantes, pelo menos os moradores de Tóquio levam a vida normalmente.
“Os japoneses continuam com a vida normal. Antes do tremor estavam fazendo uma reforma na rua que moro. No dia seguinte do abalo, as pessoas já estavam lá, trabalhando normalmente”, diz Luiz Fernando.
Para Rafael, a única alteração entre os moradores locais, é o excesso de precaução. “Eles estão lotando os mercados, comprando comida a mais para estocar. Parece que estão com medo de não poderem sair da casa no futuro. Mas agora, está tudo normal, não tem faltado nenhum alimento, tanto que como sempre em restaurantes”, afirma.
Os estudantes também concordam que o pânico maior, para quem não enfrentou o tsunami ou teve a casa devastada pelo terremoto, está entre os estrangeiros. “Muitos amigos meus, que não são japoneses, decidiram seguir para o Sul do país, onde não teve terremoto. Alguns asiáticos, inclusive, como Chineses e Coreanos, voltaram para casa”, comenta Luiz Fernando.
O medo dos estrangeiros, em uma avaliação de Rafael, está nas informações, muitas sensacionalistas, que eles leem da imprensa internacional. “As notícias no Japão são de que as coisas não estão fora do controle. Aqui a imprensa só entrevista cientistas, que tentam acalmar a população. Mas os estrangeiros leem os jornais de outros países, que estão mais alarmistas”, explica.
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