Série “Aruanas”, do Globoplay, foi citada em redação nota 1000 do Enem
O seriado, que retrata ativistas que lutam para manter a Amazônia em pé, foi mencionado juntamente com a Constituição Brasileira e a "Agenda 2030" da ONU
Com o Enem batendo à porta – a edição de 2023 está programada para acontecer nos dias 5 e 12 de novembro – é sempre bom reler textos que tiraram boas notas nas edições anteriores para se preparar para a prova de redação.
O GUIA DO ESTUDANTE, aliás, já coletou diversas redações nota 1.000 do Enem 2022, que você pode conferir aqui neste link. O tema proposto era “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil“.
Hoje trazemos mais um texto considerado perfeito, de acordo com as cinco competências avaliativas estabelecidas pelo Inep. Ele foi retirada da cartilha de redação para o Enem 2023 disponibilizada pelo próprio Inep.
Nele, o autor, o estudante Luiz Henrique Nogueira dos Santos se valeu de algumas referências socioculturais para defender seu ponto de vista: a Agenda 2030 da ONU, a Constituição Federal de 1988 e a série “Aruanas” (2019), disponível no Globoplay.
A seguir, leia o texto de Luiz Henrique e, abaixo, os comentários feitos pelo Inep.
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a parceria para a garantia do desenvolvimento sustentável é uma das dezessete metas do programa “Agenda 2030”. Nesse viés, urge a problemática dos desafios para a valorização de comunidades tradicionais no Brasil, visto que estas são fundamentais para a manutenção benéfica dos ecossistemas e promovem a sua conservação e preservação. Desse modo, é válido afirmar que a fiscalização inadequada de práticas ambientais ilegais e a baixa efetividade de políticas públicas destinadas aos povos supracitados são responsáveis pela perpetuação do problema.
Convém ressaltar, mormente, que o monitoramento insuficiente de ações ilícitas prejudiciais ao meio ambiente, como o desmatamento e as queimadas, interfere negativamente no cotidiano de populações tradicionais. Nesse sentido, a série “Aruanas” aborda as dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas criminosos na Amazônia e que tentam assegurar a segurança e a sobrevida das comunidades inseridas nesse meio. Fora da ficção, esse cenário retratado reflete uma realidade marcada pela impunidade e insegurança, reforçadas pela inércia estatal no combate e na punição dos criminosos. Logo, os diversos povos ligados à natureza ficam vulneráveis, o que reverbera o descaso governamental com as suas garantias individuais e coletivas.
Ademais, as políticas promovidas pelo poder público para sanar problemas que ameaçam a segurança e a permanência de saberes culturais tradicionais carecem de plena eficiência. Nesse contexto, a Constituição Federal de 1988 estabeleceu a demarcação de terras para os quilombolas, representando um marco institucional na consolidação dos seus direitos. No entanto, as ações previstas encontram barreiras na sua execução relacionadas aos interesses financeiros, à corrupção no sistema e aos métodos obsoletos de promoção da proteção social coletiva. Em suma, é imprescindível que as autoridades competentes tomem as medidas necessárias para solucionar a problemática.
Portanto, a valorização de populações tradicionais brasileiras é dificultada por fatores administrativos e sociais. Então, o Ministério do Meio Ambiente deve criar um programa de combate às práticas ilegais nos ecossistemas, mediante o enrijecimento de punições e o fortalecimento da fiscalização, visando reduzir a impunidade. Além disso, o Ministério da Cidadania deve realizar ações que promovam a segurança das comunidades, através de incentivo à demarcação dos territórios e à atualização da legislação vigente, com o objetivo de diminuir a violência e garantir a continuidade dos conhecimentos socioculturais. Assim, com essas atitudes, os povos tradicionais serão valorizados no Brasil.
Comentários do Inep:
O participante demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa, com estrutura sintática excelente em um texto sem desvios de escrita.
O participante também revela ter domínio do texto dissertativo-argumentativo. Inicia o texto expondo que a fiscalização inadequada de práticas ambientais ilegais e a baixa efetividade de políticas públicas destinadas aos povos ancestrais são desafios para a valorização de comunidades tradicionais no Brasil, as quais preservam os ecossistemas e promovem sua conservação. No segundo parágrafo, denuncia a inércia estatal no combate e na punição de ações ilícitas prejudiciais ao meio ambiente na Amazônia, com fundamento nas dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas criminosos. No terceiro parágrafo, aborda interesses financeiros, corrupção no sistema e métodos obsoletos que impedem a divulgação dos saberes culturais tradicionais e a demarcação de terras onde esses povos habitam. No quarto parágrafo, propõe ações para a resolução do problema, atribuindo tais atitudes propostas ao Ministério do Meio Ambiente e ao Ministério da Cidadania, como os agentes responsáveis pelo enfrentamento dos desafios para a valorização dos povos tradicionais.
Percebe-se, também, que o participante elaborou um projeto de texto, que desenvolveu com informações, fatos e opiniões relacionados ao tema proposto de forma consistente e bem-organizados em defesa do ponto de vista planejado. O tema é desenvolvido defendendo a valorização dos povos tradicionais por meio da gestão de fatores administrativos e sociais, com a proposta de combate às práticas ilegais nos ecossistemas, promovendo a segurança das comunidades e garantindo a continuidade dos conhecimentos socioculturais. No primeiro parágrafo levanta a problemática dos desafios para a valorização de comunidades tradicionais no Brasil apoiando-se na parceria para a garantia do desenvolvimento sustentável defendida na Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das metas do programa “Agenda 2030”. No segundo parágrafo, citando a série “Aruanas”, aborda as dificuldades enfrentadas por mulheres que lutam contra esquemas criminosos na Amazônia para ressaltar a inércia estatal no combate e na punição de ações ilícitas prejudiciais ao meio ambiente, como o desmatamento e as queimadas, que prejudicam o cotidiano das populações tradicionais, mantendo-as vulneráveis. No terceiro parágrafo, destaca as barreiras impostas por interesses financeiros, corrupção no sistema e métodos obsoletos de políticas planejadas para garantir os saberes culturais tradicionais e a demarcação de terras para os quilombolas estabelecida pela Constituição Federal de 1988. No quarto parágrafo, finaliza propondo que o Ministério do Meio Ambiente promova o enrijecimento de punições e o fortalecimento da fiscalização das práticas ilegais nos ecossistemas e que o Ministério da Cidadania garanta a continuidade dos conhecimentos socioculturais com o incentivo à demarcação dos territórios e à atualização da legislação vigente.
O texto apresenta continuidade temática e, além disso, o participante articula, sem inadequações, um repertório variado de recursos coesivos, que articulam os argumentos, as partes do textos e as informações apresentadas, tanto no plano nominal, com o emprego de pronomes (“sua conservação”, “mulheres que lutam”, “as suas garantias”) e palavras ou expressões sinônimas (“estas” por “comunidades tradicionais no Brasil”), quanto no sequencial (“o que reverbera”, “visto que”, “como o desmatamento”, “Nesse sentido,”, “Logo, …”, “Em suma”). Também utilizou, com pertinência e de modo correto, os sinais de pontuação, ligando palavras, orações e períodos complexos.
Como a prova pede proposta de intervenção, esse texto é finalizado com duas propostas que respeitam os direitos humanos, ambas descritas acima. Elas, como se nota, permeiam o texto e são decorrentes do desenvolvimento da argumentação. Essas propostas são detalhadas, mostram o quê e como devem ser realizadas, quem vai realizar o que foi proposto e qual será o efeito dessas ações de intervenção.
Conclui-se que o participante contemplou em o seu texto, integralmente e com excelência, todas as partes da proposta de redação.
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