Assine Guia do Estudante ENEM por 15,90/mês
Continua após publicidade

Redação nota 1000 do Enem citou “Imagine”, de John Lennon

Além disso, o texto menciona os direitos garantidos pela Constituição de 1988 e o eurocentrismo para debater a valorização de comunidades tradicionais

Por Redação do Guia do Estudante
13 out 2023, 09h13
Foto de homenagem a John Lennon no Central Park, Nova York
Imagine um mundo em que todos convivam em paz? (Guia do Estudante/Canva/Guia do Estudante)
Continua após publicidade

Na semana passada, o Inep divulgou a sua famosa cartilha de redação para o Enem 2023. Nela, os estudantes podem entender melhor as cinco competências avaliativas exigidas pelo exame, além de tirar dúvidas sobre o que significa fugir ou tangenciar a frase-tema e conhecer melhor a função dos títulos na redação do Enem.

Além disso, o Instituto também disponibilizou algumas redações que tiraram nota máxima na edição de 2022. O GUIA DO ESTUDANTE já publicou diversas delas, com análises e comentários exclusivos, que você pode ver aqui.

Hoje trazemos uma nova redação nota 1.000, escrita pelo aluno Zeck Ferreira Gomes e retirada da cartilha, que citou o ex-Beatle John Lennon, a Constituição de 1988 e o pensamento colonial em seu texto. O tema proposto no ano passado era “Desafios para a valorização de comunidades e povos tradicionais no Brasil“.

Veja a redação de Zeck, com comentários do Inep:

Na música “Imagine”, de John Lennon, é retratada uma sociedade que se une, apesar das diferenças culturais, a fim de alcançar a felicidade. Assim como na obra, fora da canção, a harmonia social é imprescindível para o desenvolvimento de uma nação. Contudo, no Brasil, desafios como a negligência estatal, somada à presença de um ideário colonial no pensamento coletivo, prejudicam a valorização das comunidades e dos povos tradicionais, impedindo a concretização dessa união. Desse modo, torna-se fundamental a atuação do Estado para solucionar esse óbice.

Diante disso, é válido analisar, primeiramente, a improficuidade estatal perante o cumprimento dos benefícios normativos. Nesse sentido, segundo a Constituição Federal de 1988, todo cidadão brasileiro possui o direito à educação, cabendo ao Estado a sua efetivação no corpo social. Todavia, percebe-se, na realidade, que esse preceito não é difundido por completo, haja vista que, em virtude da escassa mobilização governamental referente à promoção de campanhas educacionais sobre as distintas comunidades tradicionais que residem no Brasil, diversas pessoas desconhecem a importância desses povos para a nação, a exemplo da utilização do conhecimento indígena para a preservação das florestas nativas, o que contribui para a desvalorização dessa população na atualidade. Logo, conclui-se que as autoridades públicas devem promover ações sensibilizadoras para reverter essa conjuntura.

Continua após a publicidade

Ademais, é imperioso postular como a perpetuação de um pensamento retrógrado afeta a sociedade tradicional. Nesse contexto, durante a colonização do Brasil, houve um processo de imposição da cultura eurocêntrica dos colonos nas comunidades colonizadas, ocasionando uma desvalorização dos povos tradicionais. Tendo isso em vista, observa-se, na contemporaneidade, a existência desse fenômeno, dado que persiste a exaltação de uma cultura globalizada em
detrimento dos costumes das comunidades originárias, o que gera, por consequência, o apagamento de diversos hábitos tradicionais, como a mudança da vestimenta utilizada por algumas tribos indígenas, destacando a adaptação à cultura hegemônica. Dessa forma, faz-se essencial a criação de projetos governamentais que combatam esse pensamento antigo.

Evidencia-se, portanto, que atitudes são necessárias, com o fito de extinguir os desafios para valorização das comunidades e dos povos tradicionais no Brasil. Posto isso, o Estado deve, por meio do Ministério da Educação — órgão federal detentor do papel educacional da nação —, realizar parcerias com os meios de comunicação existentes, a exemplo dos canais televisivos, com a finalidade de divulgar informações acerca da importância das distintas populações que residem no país, elucidando os brasileiros e eliminando a mentalidade colonial da sociedade. Somente assim, diferentes povos serão valorizados e a harmonia cantada por Lennon se concretizará no Brasil.

Continua após a publicidade

Comentário do Inep:

O participante demonstra excelente domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa. A redação é caracterizada pelo excelente domínio das estruturas sintáticas, sem desvios da norma.

Continua após a publicidade

O participante demonstra também excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo. O tema é desenvolvido por meio da defesa de que a harmonia aspirada como ideal de felicidade é ameaçada pela negligência com os povos e comunidades tradicionais, decorrente de um ideário colonial. No primeiro parágrafo, a correlação entre harmonia e felicidade é introduzida pela citação à canção “Imagine”, de John Lennon, contrapondo-se a esse ideal da sociedade o abandono que o Estado faz das comunidades e povos tradicionais, associado à permanência da colonialidade. No segundo parágrafo, o participante indica o descumprimento dos preceitos constitucionais, caracterizando a negligência do Estado no seu papel de valorizar e proteger as comunidades tradicionais. No terceiro parágrafo, destaca-se a perpetuação do colonialismo no fenômeno da globalização, que também contribui para o apagamento das culturas tradicionais. Por fim, no último parágrafo, o participante elabora proposta de intervenção no campo da educação para transformar o imaginário sobre os povos e comunidade tradicionais. Assim, partindo da imagem de uma canção popular e fundamentada em referências históricas e na legislação nacional, a redação demonstra, além do excelente domínio do texto dissertativo-argumentativo, a abordagem completa do tema, com uso de repertório sociocultural produtivo.

O projeto de texto demonstra ser eficiente na articulação de informações, fatos e opiniões ao tema proposto, desenvolvido de forma consistente e bem-organizada em defesa do ponto de vista. Primeiramente, o participante apresenta seu pressuposto: a busca pela harmonia e pela felicidade que seria gerada com a união em um contexto de pluralidade cultural. A solução para essa forma ideal de convivência é defendida como responsabilidade do Estado, que é parte do problema por negligenciar os povos e comunidades tradicionais, historicamente, em um contexto colonial, pouco valorizados. O segundo parágrafo explora a responsabilidade do Estado, devido aos preceitos presentes na Constituição Federal, que prevê o direito à educação. A falha estaria na negligência com um projeto de educação que abrangesse as culturas dos povos tradicionais, como os indígenas. O terceiro parágrafo defende que o eurocentrismo, como parte do projeto colonial, também contribuiu para a desvalorização dos povos tradicionais. Acrescenta ainda ao argumento o fato de a globalização atual poder contribuir para o apagamento dessas culturas. Por fim, no parágrafo final, o participante conclui com a proposta de que a educação seja um instrumento de transformação da mentalidade colonial.

A coesão do texto é garantida não só pela continuidade temática, mas também pelo emprego de um repertório diversificado de recursos coesivos, sem inadequações. No plano nominal, há o emprego de pronomes (“o que”, “isso”) e palavras e expressões sinônimas ou equivalentes (“obra”, “esse óbice”, “dado”). No plano sequencial, há o emprego de marcadores argumentativos e conectivos (“Assim”, “Diante disso”, “por consequência”). Também utilizou os sinais de pontuação ligando palavras, orações e períodos complexos com pertinência e de modo correto.

Continua após a publicidade

Por fim, a proposta elaborada pelo participante é muito boa: completa, detalhada e está articulada à discussão desenvolvida no texto. A proposta apresenta uma ação: divulgação de informações sobre as comunidades e povos tradicionais, a fim de se transformar a mentalidade colonial da sociedade, por meio de campanhas, nos meios de comunicação, coordenadas pelo Ministério da Educação, para, assim, alcançar a harmonia na diferença, da qual tratou na introdução do texto.

Entre no canal do GUIA no WhatsApp e receba conteúdos de estudo, redação e atualidades no seu celular!

Compartilhe essa matéria via:

Busca de Cursos

Continua após a publicidade

 Prepare-se para o Enem sem sair de casa. Assine o Curso GUIA DO ESTUDANTE ENEM e tenha acesso a todas as provas do Enem para fazer online e mais de 180 videoaulas com professores do Poliedro, recordista de aprovação nas universidades mais concorridas do país.

Publicidade

Redação nota 1000 do Enem citou “Imagine”, de John Lennon
Redação
Redação nota 1000 do Enem citou “Imagine”, de John Lennon
Além disso, o texto menciona os direitos garantidos pela Constituição de 1988 e o eurocentrismo para debater a valorização de comunidades tradicionais

Essa é uma matéria exclusiva para assinantes. Se você já é assinante faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

MELHOR
OFERTA

Plano Anual
Plano Anual

Acesso ilimitado a todo conteúdo exclusivo do site

a partir de R$ 15,90/mês

Plano Mensal
Plano Mensal

R$ 19,90/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.