Redação do Enem: os erros mais cometidos na competência 2
Já pensou que você pode estar usando o repertório apenas de "enfeite" no texto? Aprenda a não cometer mais este erro!
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Eis a competência que pode zerar a redação do Enem mais facilmente! Mas antes, um momento: para entender os erros mais comuns na competência 2, é preciso relembrar primeiro o que ela avalia:
- desenvolvimento do tema com uma excelente argumentação;
- uso de repertório sociocultural realmente útil;
- domínio da estrutura da dissertação argumentativa
É pouco? Pode até parecer, mas os candidatos cometem erros de todo tipo dentro desses critérios. Neste texto, selecionamos trechos de redações do Manual dos Corretores que provam isso.
1. Tangenciamento do tema da redação
Já ouviu falar em “fugir” do tema da redação? Não é tão comum que o candidato fuja completamente do que está sendo proposto, escrevendo uma redação sobre internet, por exemplo, quando o tema é imigração. Mas o tangenciamento do tema, que nada mais é do que uma fuga parcial, ocorre com muita gente.
É o que fez este candidato em 2018, quando o tema da redação do Enem era a manipulação dos usuários na internet:
A redação não vai a fundo no que interessa, a manipulação dos usuários na internet, e desvia para assuntos correlatos, como os outros prejuízos do ambiente digital e até suas funcionalidades.
Isso acontece muito com quem tem dificuldade para ler e entender o que leu – ou seja, para interpretar o tema!
Veja um outro exemplo:
O candidato perdeu o foco e não menciona a manipulação do comportamento do usuário, parte central do tema.
2. Desvio do tipo textual pedido pelo Enem
Uma informação básica que você precisa saber sobre a redação do Enem é que ela sempre exigirá um texto dissertativo-argumentativo. Aqui você pode entender melhor como esse gênero funciona, e aqui te ensinamos como planejar sua redação.
É na competência 3 que o Enem avalia como você desenvolveu sua dissertação argumentativa: se seguiu a estrutura correta, adotou a linguagem indicada e todas as outras formalidades. Mas é na competência 2 que ele verifica se você sequer desenvolveu o tema dentro desse gênero, e não escreveu uma carta ou uma crônica, por exemplo.
Muitos candidatos acabam misturando outros tipos textuais no meio da redação e, em alguns casos, isso pode prejudicar a nota. Foi o caso desta redação que encontramos na cartilha dos corretores do Enem:
Notou extensos trechos narrativos nesta redação destacados em vermelho? O candidato perderia pontos na competência 2, ainda que dê para notar uma predominância da argumentação. Por isso, nunca esqueça: é importante que você se atenha ao tipo textual pedido pelo exame.
3. Desenvolvimento insuficiente da redação
Sim, parágrafos que não são aprofundados ou detalhados o suficiente são considerados um erro para os corretores do Enem. Eles o chamam de partes embrionárias, que são encontradas, principalmente, na argumentação.
Veja: não se trata do tamanho do parágrafo visualmente, já que muitas pessoas tem uma letra pequena. O erro aqui é não desenvolver com a profundidade necessária o argumento.
A redação abaixo tem duas partes embrionárias:
Os corretores do Enem avisam: tenha certeza de que seus parágrafos não deixam dúvidas para o leitor.
4. Os erros de repertório na redação do Enem
Saber mobilizar bem os repertórios na redação do Enem não é simples. Tanto é que neste ponto os candidatos podem cometer diversos erros diferentes! Observe estes três principais.
Repertório improdutivo
Observe o trecho deste redação:
O candidato citou o conceito de menoridade de Immanuel Kant, que pertence à filosofia e, portanto, é legitimado. Trata-se de uma citação que também tem a ver com o tema, que discutia a manipulação do comportamento. Pontos para ele!
Acontece que no restante do parágrafo e do texto esse candidato não tocou mais no conceito da menoridade de Kant! Portanto não há uso produtivo dele. É como se o repertório não tivesse uso argumentativo e fosse apenas um enfeite.
Quer ver outro caso com o mesmo erro?
Este candidato caprichou não só citando a obra do português José Saramago, como resumindo-a logo no início da redação.
Mas foi só isso… a obra não foi mais utilizada no decorrer do texto e nem relacionada em mais profundidade com o tema. Tudo isso é o que os corretores chamam de repertório improdutivo.
Repertório não legitimado
Os candidatos usados de exemplo no tópico anterior podem até não ter dado um uso produtivo para seus repertórios, citando-os muito superficialmente. Mas recorrer a Kant ou Saramago na hora da redação é um argumento para lá de legitimado: trata-se de pessoas que foram referência em suas áreas de atuação e estudo e cujo pensamento é considerado sólido.
O contrário disso é quando um candidato recorre a uma fonte que não é confiável – ou sequer menciona a fonte. Veja a marcação no final da introdução desta redação:
Alguns pontinhos o candidato vai ganhar, mas esse tipo de repertório sem uma “garantia” maior não conquista a nota máxima.
Já aqueles que não conseguem mobilizar um repertório próprio acabam utilizando trechos dos textos de apoio. Isso também é repertório não legitimado!
Isso não resulta na perda total dos pontos de repertório, entretanto a pontuação máxima também não vem.
Repertório que não pertencente ao tema
E quando o repertório simplesmente não tem a ver com o tema? Veja as linhas finais da conclusão deste exemplo:
O candidato lembrou-se de uma frase de Platão, que pertence a uma área do conhecimento, sem dúvida, porém… o que a frase desse ilustre nome da filosofia tem a ver com o tema? Nada.
Não tem a ver com a internet, com manipulação de comportamento e muito menos com controle de dados.
É uma boa hora para lembrar o que vale como repertório sociocultural no Enem:
- Informações e dados;
- Citações;
- Experiências que o próprio candidato tenha vivido .
Tudo isso desde que o repertório tenha a ver com o tema e ajude o leitor a entender sua argumentação. O jeito é praticar e aperfeiçoar cada vez mais seu repertório!
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