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Redação: como usar figuras de linguagem no texto

Será que ser irônico, por exemplo, é uma boa estratégia? Confira o que dizem os especialistas

Por Julia Di Spagna
18 dez 2020, 14h46

Imagine que você está prestando o vestibular da faculdade que tanto almeja e quando recebe a proposta de redação, percebe que domina muito o tema. Várias ideias de encaminhamento do texto surgem e você decide fazer algo diferente: explorar uma figura de linguagem, um recurso muito utilizado para tornar as mensagens mais expressivas. Algumas das figuras mais famosas são a metáfora, a metonímia, a ironia, o eufemismo e a personificação. 

Mas, afinal, será que vale a pena se aventurar por esse universo?

Na hora da prova

Segundo Maria Cataria Bózio, coordenadora do Colégio Poliedro, dependendo do estilo do vestibular, o uso de figuras de linguagem pode ser uma boa estratégia para demonstrar autoria no uso da língua. 

“Em provas de redação como a da Fuvest, o uso desse tipo de recurso para criar imagens, comparações e uma leitura mais abrangente pode ser bastante positivo, já que os recortes temáticos suscitam maior liberdade reflexiva, argumentativa e estrutural”, diz.

Mas é preciso tomar alguns cuidados. Thiago Braga, autor do Sistema de Ensino pH, explica que usar uma figura de linguagem é arriscado se o estudante não tiver a certeza de que está sendo absolutamente claro na construção da frase. “Não adianta ele entender o que quis dizer e a figura não ser clara para o leitor. Então, para se certificar de que uma figura está adequada, ela deve fazer sentido para todos, sendo um recurso mais sofisticado por exigir essa compreensão”, afirma.

A prova do Enem e, muitas vezes, a da Vunesp, por exemplo, comportam esse tipo de estratégia apenas para detalhes mais técnicos, como evitar repetições, destrinchar uma ideia ou aprimorar a linha argumentativa, por trabalharem com temas mais objetivos. 

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Quais usar?

Algumas figuras recomendadas pelos especialistas são: 

A metonímia, segundo os especialistas, também pode funcionar bem no texto se for utilizada, por exemplo, para a exemplificação de um conceito abstrato ou mesmo para driblar uma repetição. Ou seja, ela passa a funcionar até mesmo como um possível recurso coesivo. Além disso, é possível usar essa figura de linguagem para criar conexões ilustrativas.

O alerta aqui é que a metonímia, segundo Braga, geralmente é usada para particularizar ou generalizar em texto dissertativo. E isso pode gerar uma restrição ou uma generalização do raciocínio, prejudicando a compreensão do texto.

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Para o autor, a melhor figura é a metáfora. “Uma vez, um aluno fez uma redação sobre a Lei Seca e comparou o consumo do combustível do carro ao consumo do álcool pelas pessoas, ressaltando como automóvel e o corpo reagem de formas diferentes. Sua nota foi 960.”

Já fizemos um texto sobre metáforas na redação no Enem. Confira aqui.

Ironia no texto

A ironia é talvez a figura mais conhecida, mas exige alguns cuidados. 

O principal risco é ela não ser entendida. Se o leitor não captar essa ironia, será como um trecho contraditório, que não faz sentido dentro do contexto crítico da redação.

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Bózio explica que quando essa figura de linguagem é usada no contexto oral, contamos com recursos, como a entonação para que ela possa ser percebida mais facilmente. No âmbito textual, é preciso cuidado por causa do gênero solicitado na maior parte dos vestibulares. A ironia é muito bem-vinda em artigos de opinião, por exemplo, mas não é tão comum em textos dissertativo-argumentativos.

“Além disso, como a ironia carrega uma dose de sarcasmo, também há chance de ela soar desrespeitosa ou jocosa, sendo que o aluno precisa garantir que ela não seja exagerada ou ofensiva a alguém ou algum grupo”, completa Braga. 

Na dúvida: arriscar ou deixar de lado? 

Caso você tenha treinado e feito algumas redações ao longo do ano utilizando algumas figuras de linguagem, segundo os especialistas, vale apostar. Mas, se essa estratégia não estiver enraizada no seu repertório, não fizer sentido, não ficar clara para o corretor ou não contribuir para o sentido global do texto é melhor não arriscar.

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