Excertos de entrevistas, textos filosóficos, poemas, artigos jornalísticos, cartas. Esses são alguns exemplos do que você pode encontrar na coletânea apresentada pela Fuvest. Na segunda fase do vestibular, os candidatos devem fazer uma dissertação de caráter argumentativo no primeiro dia.
Para cada proposta, a banca sempre oferece uma série de textos motivadores, muitas vezes de gêneros variados, que podem ajudá-lo na hora da construção do texto, mas é importante tomar alguns cuidados.
Seleção e repertório
Segundo o professor Eduardo de Araújo Teixeira, do Maximize, de São Paulo, não é necessariamente obrigatório que a redação se fundamente na coletânea de textos disponibilizado pela Fuvest.
Ele explica que, frequentemente, as perspectivas entre os autores são divergentes, de modo que cabe ao estudante “selecionar” o que servir a seu argumento. “Isso não significa, contudo, que ele não possa inserir em sua dissertação outras referências aprendidas nos anos escolares e/ou do seu repertório intelectual/cultural, principalmente dados ou citações que se conectem ao tema proposto”, diz.
Felipe Leal, professor do Anglo Vestibulares, ressalta que um bom diálogo com os textos é um critério muito importante de avaliação. “Esse diálogo envolve, especialmente, uma abordagem autoral: seja nas perspectivas apresentadas sobre o tema, seja no repertório cultural do candidato”.
Às vezes, o candidato também pode sentir que precisa usar todos os conceitos e pontos de vista levantados pela coletânea, mas Leal afirma que o candidato só pode ser prejudicado se deixar de mencionar algum elemento central do tema que esteja presente nos textos.
“Acrescentar informações dos textos motivadores mostra que o estudante sabe conectar dados e citá-los (muitos o fazem e obtém excelentes notas), mas não é obrigatório. Inclusive, é quase impossível no espaço limitado de 30 linhas da redação inserir tantas ideias das coletâneas”, diz Teixeira.
Aspas e paráfrases
Quando for usar a coletânea em seu texto, segundo Leal, o candidato pode empregar as aspas. Mas, como em relação a qualquer recurso, cuidado para não exagerar.
“Citar a fala de outrem ou um fragmento usando o recurso das aspas, é interessante, pois mostra também habilidade com gramática/pontuação e é um recurso que usará em trabalhos acadêmicos, mas não pode exceder, pois ele deve criar seu próprio texto e não montar uma colagem”, diz Teixeira. Ele recomenda o uso de um ou dois fragmentos curtos, ou o recurso da paráfrase devidamente citada.
Fazer uma paráfrase do que está na coletânea, assim como o uso das aspas, deve ser feito com cautela. “Parafrasear é uma possibilidade, mas o perigo é ser entendido como plágio”, alerta Teixeira. Ou seja, se decidir usar esse recurso nada de excessos ou usar a coletânea como colagem. A ideia aqui é endossar um argumento.
O professor explica que uso da coletânea é uma ótima ferramenta para “comprovar” que o estudante tem habilidade de filtrar múltiplas perspectivas e chegar a uma seleção e uma síntese pessoal, mas o risco de criar um “Frankenstein” de citações em excesso, ou pior, usar tais referência fora de lugar é um risco que convém evitar.