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Vittinho do SUS conta sua relação com o autismo e a Medicina

O estudante de Medicina Vittor Guidoni recebeu o diagnóstico de autismo quando tinha 18 anos

Por Juliana Morales
Atualizado em 5 abr 2021, 11h50 - Publicado em 2 abr 2021, 08h01
Vittinho do SUS
 (Twitter/Reprodução)
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O estudante de Medicina Vittor Guidoni – conhecido na internet com Vittinho do SUS – recebeu o diagnóstico de autismo quando tinha 18 anos. “Antes, eu pensava que tinha algo de errado comigo, pois nunca conseguia fazer parte de grupos sociais, de conversar direito com pessoas, de agir como um ser humano ‘normal'”, conta.

Sem muito conhecimento sobre o distúrbio, o jovem chegou a suspeitar de muitos outros transtornos e condições. “Eu acreditava no estereótipo que autistas são todos desabilitados e incapazes de cognição, mas felizmente hoje em dia sei realmente do que se trata”.

Após se consultar com uma psicóloga para tratar de queixas de ansiedade, a profissional levantou a possibilidade dele estar no espectro do autismo. Depois disso, Vittor passou por uma avaliação psiquiátrica que confirmou o diagnóstico. “Não mudou muita coisa, afinal, eu continuava sendo a mesma pessoa. Mas trouxe uma facilidade muito maior pra lidar com minhas dificuldades”.

O Transtorno do Espectro Autista (TEA)

O autismo é um distúrbio do neurodesenvolvimento caracterizado pela dificuldade na comunicação e interação e na realização de comportamentos repetitivos. Ele se apresenta em diferentes formas, podendo ter graus mais leves a mais graves.

As causas do autismo não são totalmente conhecidas. Evidências apontam para a possibilidade de predisposição genética, infecções durante a gravidez e até aspectos ambientais como poluição.

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Não há cura. Os pacientes lidam com as dificuldades recorrentes do transtorno por meio de tratamentos realizados por uma equipe multidisciplinar: médicos, fonoaudiólogos, físioterapeutas, psicólogos e pedagogos.

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Apesar dos avanços de pesquisas e informações sobre o tema, ainda há muito preconceito e falta de visibilidade. Por isso, a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado neste 2 de abril.

“A Medicina é a força que dirige minha vida”

Se o sentimento de ser diferente dos outros sempre o acompanhou, a vontade de ajudar as pessoas também sempre esteve em Vittor. “Quando criança cheguei a pensar em Direito e até Engenharia, mas o foco desde o início foi amparar o próximo”. E, no fim, encontrou na Medicina o caminho para seguir esse plano. 

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Hoje, cursando o 3º ano de Medicina na Universidade Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, ele conta que o que mais faz brilhar seus olhos é a missão que os profissionais de saúde têm de auxiliar a tornar o planeta um lugar um pouco menos sofrido.

Apesar de gratificante, o caminho tem espinhos. Vittor conta que as dificuldades relacionadas ao espectro aparecem quando precisa enfrentar grandes grupos de pessoas: “É difícil quando eu me sinto abafado, quando o espaço é muito apertado, quando estou em contato com alguns cheiros, em alguns momentos das aulas de Anatomia e em salas de cirurgia, por exemplo”.

Fora isso, existem as dúvidas constantes, em meio a tanto conteúdo e aulas. “Penso: será que vai dar certo? Será que vou passar? Será que vou ser um bom profissional?”, questiona. “Mas, no fim das contas, minhas dificuldades são as mesmas que de muitos estudantes brasileiros por aí”.

Sobre o futuro, ele prefere ir devagar diante de tantas escolhas que um acadêmico de medicina pode tomar, evitando qualquer ansiedade. “Neurologia ou Psiquiatria são os temas que mais gosto de estudar, mas deixo para medir as possibilidades quando elas aparecerem lá na frente”, conta.

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Vittinho do Sus

Em julho de 2019, Vittor postou uma foto usando uma camiseta com os dizeres: “Sim, eu faço medicina. Mas por favor não me chame de DOUTOR. Me chame de de Vittinho do SUS”. A publicação bem-humorada ganhou uma repercussão enorme e o estudante ganhou muitos seguidores. Desde então, ele aproveitou essa maior visibilidade para falar como estudante de Medicina, futuro médico, defensor do Sistema de Saúde, e como um jovem dentro do espectro do Autismo. 

“O SUS é todo um sistema que é muito importante de ser debatido. Assim como o Autismo, existem dezenas de preconceitos atribuídos a ele”. Ele explica que a camisa traz a abordagem simples, de que o sistema de saúde é tão importante pra ele que pode ser posto como título.

“Cada um tem sua própria interpretação, mas serviu para chamar atenção para essa discussão de saúde pública. E espero que continue chamando, pois especialmente no momento que vivemos, o SUS nunca foi tão importante”, completa.

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