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Qual o papel do jornalismo na pandemia?

No dia do jornalista, o GUIA convida profissionais de diferentes trajetórias para falar dos desafios de informar em meio à pandemia de covid-19

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 7 abr 2021, 20h13 - Publicado em 7 abr 2021, 18h19

Profissionais de saúde, pessoas que trabalham em supermercados, farmácias, serviços de transporte e… jornalistas. Eles nem sempre são lembrados como trabalhadores essenciais, mas têm cumprido vários papéis importantes durante a pandemia do novo coronavírus: registrar o que está acontecendo dentro dos hospitais, compartilhar o que a ciência tem descoberto sobre a covid-19, fiscalizar a gestão dos governos estaduais e federal, cobrar soluções para vacinação, transporte, auxílio emergencial e, diante da crise social, econômica e de saúde que se instaurou, mobilizar a população para adotar medidas de proteção contra o vírus e para contribuir com os brasileiros que voltaram para a miséria.

É… não é pouco trabalho, não! Tudo isso ao mesmo tempo em que tentam combater a desinformação – que conta com a ajuda de um exército de pessoas dispostas a compartilhar, nas redes sociais e por mensagens, dados sem fonte conhecida nem comprovação. Sem falar no receio que os próprios profissionais têm de ir para a rua e se expor ao risco de contrair a doença, assim como outros profissionais essenciais. Segundo dados da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), 78 jornalistas morreram de covid-19 em 2020. Só no primeiro trimestre de 2020, foram mais 86 profissionais mortos.

Neste dia 7 de abril, Dia do Jornalista, mais do que falar da história da data, decidimos pedir para diversos profissionais contarem qual a principal função do jornalismo na pandemia e qual o principal desafio para cumpri-la. Aproveitamos para homenagear a busca incessante pela informação mais acurada, pelo retrato mais fiel da realidade e pela fiscalização mais eficiente do poder público.

Leonardo Sakamoto, colunista do UOL e criador da ONG Repórter Brasil, de combate ao trabalho análogo à escravidão, fala sobre o desafio de garantir informações de qualidade à população num momento em que o governo tem propagado mentiras sobre a pandemia. Em suas colunas, ele mostra os graves impactos sociais da covid-19 e os riscos para os direitos humanos no Brasil.

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Janaina Figueiredo, repórter especial do jornal O Globo, relata o desafio de superar os medos pessoais para mostrar a situação dentro de uma UTI com pacientes de covid-19. Em sua reportagem sobre um ano de pandemia, ela resgatou mensagens de desespero e esperança de pacientes às suas famílias – alguns conseguiram vencer a luta, mas, outros, não resistiram. A jornalista também ressalta a dificuldade de fazer uma cobertura tão complexa longe da redação, sem a troca de ideias diária com os colegas de profissão.

Igor Gadelha, analista de política da CNN Brasil, destaca a missão de levar a verdade, seja com reportagens de serviço, sobre o calendário de vacinação, por exemplo, seja com denúncias de irregularidade dos órgãos públicos no combate à pandemia. Para ele, um desafio é se aproximar da verdade sem poder, muitas vezes, se encontrar de fato com as fontes, como são chamados os entrevistados.

Luiza Caires, editora de Ciência do Jornal da USP, ressalta duas missões importantes do profissional na pandemia: desmistificar as informações erradas que circulam por aí e ajudar a entender os dados científicos que se proliferam com muita rapidez em meio à luta contra o coronavírus.

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Theo Ruprecht, editor da Veja Saúde, destaca o desafio de persistência que o jornalista tem diante da pandemia. “Devemos persistir em, no meio de tanta correria, trazer a realidade contextualizada da Covid-19, e aqui me refiro a dois grandes eixos. O primeiro envolve o cenário dos hospitais lotados, dos comércios fechados, das baladas clandestinas… É o dia a dia de uma pandemia na sociedade que precisa ser revelada em seus detalhes, até para combatermos o menosprezo a uma doença que já matou tantos brasileiros. O que realmente está por trás disso? Essa é uma pergunta norteadora. O segundo eixo é trazer a realidade que a boa ciência é capaz de mostrar. A Covid-19 deixa claro como o jornalista precisa persistir para entender ao menos o básico dos métodos científicos, e para conhecer e buscar fontes confiáveis. Na área da saúde, essa é a diferença entre mostrar ao público um fato ancorado na melhor evidência disponível, ou ser tapeado por fulano ou beltrano. Por fim, acompanhar diariamente a evolução de uma pandemia, especialmente uma pandemia rodeada por movimentos negacionistas, cobra o seu preço. A persistência para aguentar isso (e tentar encontrar válvulas de escape) talvez seja o maior desafio para a nossa profissão.”

Fernanda Tsuji, editora do Bebê.com.br, afirma que o papel do jornalismo se fortaleceu com a pandemia: as pessoas estão buscando se informar para poder, literalmente, sobreviver. “É sempre positiva esta procura pela informação e pela verdade. No entanto, é um momento desafiador para a profissão. Especialmente diante do cenário brasileiro, com tanto desnorteio, obscurantismo e falta de transparência nas decisões governamentais. Soma-se a este caos a constante luta do jornalismo para barrar as fake news sobre a doença que circulam por WhatsApp e redes sociais. É um exercício permanente de rebater os conteúdos falaciosos, discernir o que pode ter fundamento e produzir uma matéria fundamentada na ciência, na medicina e no que dizem as fontes confiáveis”. Fernanda diz que, em seu dia a dia, também toma o cuidado de não apavorar as famílias, em um esforço pela clareza, mas sem deixar de acolher os pais e mães que também estão tendo sua saúde mental afetada neste momento. “Não podemos esquecer que as notícias não se apuram sozinhas, existem pessoas deste lado de cá do computador que também estão sofrendo dos mesmos males durante a pandemia que os leitores, mas que, mesmo exaustas, continuam num esforço árduo de entender e traduzir a realidade enquanto ela está acontecendo. E não é fácil”. 

Letícia Sorg, editora-chefe do GUIA, reconhece as variadas missões do jornalismo nessa pandemia e destaca os desafios particulares deste site para falar com seu público, os estudantes e os jovens. Além de explicar impactos da pandemia – conteúdo que pode cair nas provas, claro, mas são importantes para a vida –, o desafio é ajudar os estudantes a navegar no mundo da educação online longe dos amigos.

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