Muitas vezes, quando viajamos para fora do país por uma longa estadia, nos preparamos das mais diferentes formas. Procuramos as melhores universidades, buscamos saber sobre as documentações necessárias para vistos de longa duração, custo de vida, bolsas de estudos, seguro saúde… Enfim, buscamos todas as formas de nos informar e nos adaptar da melhor maneira possível. Porém, uma das coisas a que muitas vezes não damos muita importância é a preparação psicológica para o intercâmbio.
Quando decidi que iria para Portugal realizar meu mestrado, procurei informação sobre a localidade em todos os lugares: sites, blogs, YouTube, Facebook… Mas me preparei pouco psicologicamente para a principal mudança da minha vida – e quando digo que me preparei pouco, é porque acreditei que esse tipo de mudança não me afetaria muito e que me adaptar a novos lugares seria algo consequentemente fácil.
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Cheguei já querendo voltar
Meu planejamento inicial consistia em uma viagem de volta marcada para 2 meses depois da minha ida. Caso meus planos para o mestrado não acontecessem como o planejado, teria a segurança de poder voltar para casa no fim desse período. Apenas 2 dias após chegar em solo português, encontrei-me contando os dias que faltavam para voltar para casa (na época, 65 dias para ser exato).
Comecei a me perguntar o porquê de eu estar querendo voltar para casa depois de planejar por meses a viagem. Eu estava em Portugal, que é um ótimo país para morar, em uma boa universidade, com possibilidade de realizar coisas maravilhosas e ainda me perguntava: por que não quero ficar aqui e quero voltar para casa?
Depois de várias semanas pensando um pouco mais sobre o assunto, acabei encontrando a resposta e, mesmo levando um certo tempo, ela era simples. Eu buscava “segurança”. Eu havia saído da minha casa, o local onde eu tinha toda a tranquilidade do mundo, para um país em que estava praticamente sozinho. Sentia que não tinha ninguém presente e me peguei chorando algumas vezes. Percebi que se adaptar a uma cultura diferente da sua demanda tempo, mesmo quando falamos a mesma língua.
Além de tudo isso, morar fora envolve seguir algumas regras diferentes, como ir atrás da documentação local, busca por moradia, adaptação à nova morada, busca por título de residência. Todas essas coisas acabam por ser burocráticas e, em muitos casos, demoradas – o que faz com que, além das preocupações normais como cuidar da casa e estudar, eu tivesse que me preocupar com todas as outras partes, pois sem elas eu não poderia continuar morando legalmente no país e meu sonho de terminar o mestrado fora não seria completado.
Como lidei com a situação
No final das contas, foquei minhas energias em participar das atividades da universidade, ir às aulas e conhecer pessoas novas. Foquei naquilo que era realmente importante para mim naquele momento e me dei tempo para me adaptar ao local e conhecer um pouco mais da cidade em que vivia. Com isso, acabei parando de contar os dias que faltavam para a minha volta e fiquei em Portugal por muito mais tempo do que imaginei.
Portanto, preparar-se psicologicamente, entender as dificuldades e saber os desafios que irão aparecer pela frente são pontos importantes para se adaptar ao intercâmbio fora do país. É preciso entender que dificuldades aparecerão, mas que é necessário subir um degrau de cada vez para aproveitar ao máximo a experiência.
Sobre o Autor
João Pedro Panagassi Forte é gestor e analista ambiental formado pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e atualmente realiza um mestrado no Instituto Universitário de Lisboa, onde simultaneamente trabalha auxiliando na implementação de um Sistema de Gestão Ambiental na Universidade. Tinha um sonho de estudar fora do país e poder trabalhar na sua área de formação e, depois de arriscar, hoje está realizando os dois, morando em Portugal e trabalhando com o que gosta.
Este conteúdo foi publicado originalmente no portal Estudar Fora, da Fundação Estudar.