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Microbiologia: conheça área de grande destaque na pandemia

Além da Medicina, microbiologistas podem atuar em diferentes áreas, como a farmacêutica e de alimentos

Por Juliana Morales
Atualizado em 17 jun 2021, 16h17 - Publicado em 25 mar 2021, 16h06

Ainda em 2019, quando os primeiros casos de covid-19 foram detectados, cientistas conheciam parte da família Coronavírus. Mas o Sars-CoV-2, vírus causador da doença, especificamente, era desconhecido nos seres humanos. Microbiologistas do mundo inteiro se uniram para estudar e entender como o vírus ataca e como o organismo reage para conter os avanços da pandemia.

Ao longo desse tempo, acompanhamos descobertas importantes sobre o vírus e o resultado do trabalho foi o desenvolvimentos de testes para covid e produção de vacinas. Com muitas entrevistas e aparições em telejornais, microbiologistas tornaram-se também porta-vozes do que acontece na comunidade científica para a aplicação na sociedade. Apontando o que funciona ou não na prevenção da doença e o que deve ser feito para combater a disseminação do vírus.

Você já deve ter acompanhado, por exemplo, os microbiologistas brasileiros Natalia Pasternak e Atila Iamarino defenderem, com embasamento científico, o uso de máscara e do distanciamento social.

Mas o que é exatamente a área de Microbiologia?

Doutora em Microbiologia e professora da Escola de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Aline Stipp explica que a Microbiologia é a ciência que estuda a vida diminuta. Ou seja, ela engloba o conhecimento sobre as eucariontes unicelulares, procariontes, bactérias, fungos e vírus.

Esses conhecimentos são aplicados na área médica, para entender os processos fisiopatológicos que os microorganismos causam em uma infecção, como está sendo investigado em relação à covid-19. Microbiologistas também atuam em exames de laboratório, na análise de urina e fezes, por exemplo, e no controle de infecção hospitalar.

E não para por aí, o campo de atuação é vasto. Microbiologistas atuam na produção e conservação de alimentos, no controle de qualidade na indústria farmacêutica, nos campos de pesquisa e em atividades ligados ao meio ambiente, na fertilização do solo, usando bactérias fixadoras de nitrogênio e na degradação de poluentes. Na produção de vacinas, eles fazem parte de uma equipe multidisciplinar, auxiliando na descoberta do imunizante.

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“Tem que gostar de laboratório e por a mão na massa. A pesquisa microbiológica envolve dias, depende do desenvolvimento bacteriano ou fúngico, por exemplo. Precisa ser dedicado e curioso para desvendar um mundo desconhecido”, afirma Stipp.

O estudo da Microbiologia no Brasil

Profissionais das mais diversas áreas da saúde, farmacêuticos, biólogos, biomédicos, médicos, nutricionistas, dentistas podem se especializar em Microbiologia, em cursos de pós-graduação, mestrados e doutorados.

Já em termos de graduação, o Instituto de Microbiologia Paulo de Góes da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) criou em 1994 o primeiro curso de graduação para formação de Bacharéis em Microbiologia e Imunologia do país. Para atender a regras do mercado de trabalho, em 2006, o curso alterou seu escopo de abrangência e passou a formar Bacharéis em Biologia, na modalidade Microbiologia e Imunologia.

Em 1946, o Instituto foi pioneiro no ensino da Microbiologia, na Universidade do Brasil, atualmente a UFRJ. Ele leva o nome de seu idealizador e criador, o importante professor, médico e microbiologista Paulo de Góes. Desde então, a instituição formou grandes pesquisadores que colaboraram com a sociedade com seus trabalhos e descobertas.

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O professor e Diretor Adjunto do Instituto, Marco Antônio Lemos, além da pesquisa, ressalta o papel do Instituto na divulgação do conhecimento até de uma forma leiga (não só técnica) para a população. “É preciso explicar de uma maneira que o público entenda o que é a ciência e para onde o dinheiro da pesquisa vai. Cientes da importância, as pessoas vão ajudar a defender o investimento na ciência”, afirma.

+ Mais trabalho, pouco recurso: desafios da ciência brasileira na pandemia

Muitos caminhos

Marco Antônio, professor da UFRJ há 20 anos, é formado em Ciências Biológicas. Ele descobriu a Microbiologia só no fim da sua graduação quando assistiu a uma aula sobre o assunto e se encantou. “Minha área sempre foi a Microbiologia de Alimentos. Estudamos microorganismos produzindo e deteriorando alimentos, e como melhorar e fazer a segurança desses alimentos”. 

O professor conta que chegou a trabalhar em laboratório clínico e também participou de projetos como o programa Santa Ajuda, no canal GNT. Como consultor e coapresentador, ele ensinou por três temporadas o público como limpar, cuidar e descontaminar as coisas em casa. “A Microbiologia te permite fazer uma série de coisas”, diz.

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Em uma disciplina que coordena, ele mostra justamente esse mercado de trabalho amplo para os alunos que optam pela área. “Ensinamos o aluno a preparar o currículo, a se preparar para uma entrevista de emprego e visitamos locais em que eles podem trabalhar nos diversos campos: usina nuclear, fábrica de bebidas, laboratórios clínicos, entre outros”.

O professor diz que a primeira coisa que o estudante precisar saber é que a universidade não vai transformar o aluno em um gênio, mas sim apresentar os diferentes caminhos. O estudante, por sua vez, precisa entender qual deles quer seguir. “Sempre questiono: Qual é o seu sonho e objetivo? É ficar rico? Ser reconhecido por um prêmio? São caminhos diferentes”. Cada um com suas belezas e durezas, claro.

Entre tantas opções, vinte anos atrás, Marco Antônio escolheu também lecionar e não se arrepende. “A coisa mais legal da universidade não é transformar uma reação química ou produto microbiano, mas transformar um aluno em um profissional. Não tem artigo ou prêmio científico que pague isso”.

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