Tenho 23 anos, já sou formada em Comércio Exterior, mas não consegui seguir carreira na área. Fiquei muito tempo desempregada e estou frustrada. Eu gosto muito de nutrição, relacionamento com o alimento e gastronomia. Penso em estudar um ano para prestar alguns vestibulares. Tenho medo de demorar muito e eu já estar “velha”, mas preciso me decidir. O que devo fazer nesse momento? Seguir com o que já sou formada ou começar a estudar para os vestibulares? Pensando que posso não passar e “perder” um ano.
Elisabete
Oi, Elisabete!
Pela expectativa de vida atual, você tem pelo menos mais 46 anos pela frente. Você quer se conformar ou realizar? Mais da metade da sua vida ainda está por acontecer e será justamente a metade mais produtiva.
O que te fez escolher comércio exterior? O quanto o curso foi apaixonante e você correu atrás de oportunidades para aplicar o que aprendia em sala de aula? Vemos muitas pessoas se queixarem por ‘nunca ter trabalhado na área de formação’, mas quando questionadas sobre o esforço feito pra isso dizem que mandaram muitos currículos. Seja qual for sua escolha de carreira, conseguir entrar na área requer começar de baixo, aprender do início.
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Pra quem nunca trabalhou isso costuma ser mais fácil, pra quem já trabalha, fazer esse movimento se mostra mais difícil, pois nem todo mundo pode, ou quer, dar um passo para trás, especialmente em relação à remuneração. Nesse caso, o tempo passa e mudar de área fica quase impossível.
Se você quer começar uma nova formação, precisa estar ciente que a entrada na nova área vai requerer essa volta a base. Na prática, isso significa até começar sem nenhuma remuneração para conseguir ter a primeira experiência de fato. Hoje em dia, até para estágio, se pede experiência. Então, antes de mergulhar na nova formação, vá conhecer o dia a dia dessa carreira e fazer as contas do quanto você consegue se manter e motivar quando for preciso recomeçar de baixo.
Voltando a sua formação de origem, vemos com frequência casos de profissionais que, assim como você, fizeram cursos mais abrangentes – economia, direito, administração, engenharia – trabalhando com coisas totalmente diferentes da graduação e que se queixam disso. Ao invés de olhar a metade vazia do copo, tem muita coisa positiva que passa desapercebida.
Quem tem experiência prática em uma coisa e acadêmica em outra, costuma ter um repertório mais abrangente, consegue transitar por uma gama maior de assuntos, têm relacionamentos diversos e consegue encontrar soluções usando outras referências.
Se você ama de fato sua formação inicial, faça o esforço para ‘entrar na área’. Será preciso pagar o pedágio. Se a graduação nova for o caminho, é preciso estar ciente que sem esforço, minguada será a recompensa.
Empresas são feitas de profissionais. São eles que constroem, transformam e perpetuam a cultura corporativa. Quando colocadas em posições que exigem aquilo que cada um tem de melhor, alcançam desempenho superior, são mais felizes. Portanto, cuidar da cultura da empresa e da carreira é peça fundamental na gestão de pessoas e para o sucesso nos negócios. Em suma, pessoas e resultados são o nosso negócio.
(A consultoria, especializada em carreira e cultura organizacional, responderá periodicamente as dúvidas dos leitores do GE).