Skate no Brasil: da proibição às Olimpíadas
A fadinha Rayssa Leal trouxe mais visibilidade para a modalidade
A fadinha do skate Rayssa Leal se tornou a mais jovem brasileira medalhista da história. Ela conquistou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. A skatista está se tornando um grande ídolo do público não só pela idade, mas pelo alto astral e simpatia.
Para muitos, a disputa vencida por Rayssa durante a madrugada foi o primeiro contato com o skate. A modalidade surgiu no início dos anos de 1960 nos Estados Unidos, mas faz sua estreia apenas agora nas Olimpíadas.
Conheça a história do esporte no Brasil:
Anos 1960: um novo esporte
A modalidade, ainda pouco conhecida no mundo, chegou no Rio de Janeiro trazida por filhos de americanos e brasileiros que viajavam para os Estados Unidos. Era chamada de “surfinho”.
Início dos anos 1970: popularização
O skate se popularizou quando apareceu na Revista Pop, uma das mais lidas entre os jovens. Surgiram empresas brasileiras especializadas . A primeira pista da América Latina foi inaugurada em Nova Iguaçu, em 1976.
Entre os anos 1970 e 1980: crise
Depois do auge de popularidade, a modalidade quase desapareceu. Quando a moda virou os patins e BMX, os fabricantes que não migraram sua produção começaram a falir. O investimento caiu e aumentou o preconceito com os skatistas, que eram considerados “jovens vagabundos”. Em 1988, Jânio Quadros (PTB), então prefeito de São Paulo, proibiu a prática de skate na cidade. A prefeitura não queria skatistas nas ruas da Zona Sul, já que o esporte era visto como marginal. Sua sucessora na prefeitura, Luiza Erundina, revogou a medida.
Fim dos anos 80: o retorno
Durante a crise, os próprios skatistas conseguiram organizar campeonatos e construir pistas particulares. Foi aí que, em 1984, a indústria nacional do skate voltou a crescer. A TV aberta passou a dar atenção ao esporte, o que ajudou a disseminar a modalidade. Na Record, o programa Vibração era voltado apenas para o skate, assim como o Vitória na TV Cultura e do Grito de Rua da TV Gazeta.
Anos 90: os ídolos
Com o surgimento de estrelas internacionais do skate como Tony Hawk e Tony Alva, o skate voltou a ser amado pela juventude, principalmente na modalidade street. Nesse período, o cantor Chorão e a banda Charlie Brown Jr. alcançaram enorme sucesso com músicas que falavam da cultura skate, entre outros temas. Chorão é considerado um dos grandes divulgadores do esporte no Brasil.
Em 1997, o skatista carioca Bob Burnquist foi eleito o melhor skatista do ano no mundo inteiro, após criar uma nova técnica que revolucionou o esporte, o switchstance.
Anos 2000: oficialização do esporte
Na virada do século, foi criada a Confederação Brasileira de Skate (CBSk). Segundo o Datafolha, naquela época já havia mais de 2,7 milhões de skatistas no país. A partir daí, centenas de pistas foram construídas por todo o Brasil, facilitando o treino de milhares de atletas.
Jogos Olímpicos: uma nova fronteira
Depois da consolidação do skate como esporte ao redor do mundo, o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que a modalidade faria parte dos Jogos Olímpicos, a partir de Tóquio 2020.
Participando da edição pioneira da competição, os atletas brasileiros já fizeram história. Kelvin Hoefler, de 27 anos, trouxe a medalha de prata na categoria masculina. E a pequena Rayssa Leal, de 13 anos, quebrou o recorde de atleta mais jovem a trazer uma medalha para o Brasil, também com uma prata. O recorde anterior era de Rosângela Santos, que, aos 17 anos, ganhou bronze no 4x100m do atletismo em 2008.
Fontes pesquisadas
Livro – A Onda Dura, de Eduardo de Brito
Site CBSk – História do Skate no Brasil
Documentário – Praça do Skate. A Primeira Pista da América Latina
SUPERINTERESSANTE –Reis do asfalto: uma breve história do skate