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Inep estuda terceirizar banco de questões do Enem

De acordo com servidores da instituição, a medida apresenta risco para a integridade da prova

Por Wender Starlles
Atualizado em 25 ago 2021, 10h49 - Publicado em 24 ago 2021, 20h46

O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) estuda a possibilidade de terceirizar a elaboração e revisão das questões do Banco Nacional de Itens (BNI), que fornece perguntas para diversas provas nacionais, como o Enem. Funcionários da instituição afirmam que estão preocupados com possíveis interferências políticas no teor das provas.

Em documento enviado somente para servidores, Anderson Soares Oliveira, chefe da Diretoria de Avaliações da Educação Básica (Daeb), solicita que sejam apresentadas até 31 de agosto analises favoráveis ou desfavoráveis sobre manter o atual sistema de questões ou aderir a terceirização do serviço. A solicitação do estudo partiu de Danilo Dupas, atual presidente do Inep.

Documento estuda a possibilidade de terceirizar a elaboração e revisão das questões do BNI (Banco Nacional de Itens).
Em documento obtido pelo GUIA, chefe da Daeb mostra-se favorável à terceirização da elaboração do banco de questões (Reprodução/Divulgação)

Caso a terceirização seja aprovada, servidores do Inep alertam que a composição das provas estará suscetível a interferências de quadrilhas especializadas que podem se infiltrar no processo com o objetivo de obter vantagens ilícitas.

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Em entrevista concedida à CNN em junho deste ano, o ministro da Educação Milton Ribeiro manifestou a intenção de querer fazer parte da comissão que elabora as provas do Enem.

“Tenho conversado com o meu presidente, o grupo que me assessora, [para] que eu possa fazer parte, ter conhecimento, e, naturalmente, manter a questão do sigilo”, comentou.

Ele também criticou o uso de questões de “cunho ideológico” em provas anteriores, ao citar o dialeto secreto de gays e travestis na edição de 2018, que pedia para os estudantes analisarem elementos importantes na preservação do patrimônio linguístico de um grupo social.

Durante o governo Bolsonaro, o BNI também já enfrentou outras tentativas de interferência na elaboração de questões do Enem. Em 2019, o Inep sugeriu que o termo “ditadura” fosse trocado por “regime militar” em uma das perguntas porque isso causaria uma “leitura direcionada da história”. Ao todo, 66 itens foram desaconselhados na época.

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Em resposta ao GUIA, o Inep negou que as perguntas foram proibidas de serem utilizadas na ocasião. Segundo a instituição, elas ainda permanecem no banco de questões.

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