O formato dos concursos públicos no Brasil está prestes a mudar: o governo federal planeja implementar um processo unificado para selecionar novos servidores. Iniciativa do Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI), o Concurso Nacional Unificado, apelidado popularmente de “Enem dos concursos públicos”, deve ser realizado em 25 de fevereiro de 2024, em 179 cidades de todo o país. A previsão é que a prova seja usada para preencher cerca de 8 mil vagas em ministérios e outros órgãos do serviço público.
A novidade pode gerar dúvidas. Afinal, como será a estrutura do novo exame? É possível concorrer a mais de uma vaga? Por que a mudança foi feita? Se bem executada, que benefícios ela trará para a sociedade?
Para te ajudar a entender tudo isso, o GUIA DO ESTUDANTE fez um resumo que esclarece os principais pontos sobre o tema. Confira abaixo:
O que é o “Enem dos concursos públicos”?
Hoje, cada órgão faz seu próprio processo seletivo e as provas são realizadas separadamente. Ou seja, se uma pessoa quiser concorrer a duas vagas diferentes, terá de prestar dois concursos distintos.
Seguindo uma lógica parecida com a do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que substituiu a realização dos vestibulares tradicionais e possibilitou que as notas obtidas sejam usadas por centenas de universidades, esse novo formato permitirá que os candidatos paguem uma única taxa de inscrição e realizem uma mesma prova para concorrer a diferentes cargos do serviço público.
Nesse primeiro momento, o concurso unificado será usado para preencher as 7.826 vagas de órgãos que ainda não organizaram concursos específicos neste ano, mas a ideia é que ele sirva de base para criar um modelo periódico de seleção. Os órgãos do governo federal que tiverem interesse na adesão têm até o dia 29 de setembro para aderir ao projeto.
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Como funcionará o processo de inscrição dos candidatos?
No momento da inscrição, os candidatos devem escolher entre um dos blocos temáticos a seguir:
- Administração e Finanças Públicas
- Setores Econômicos, Infraestrutura e Regulação
- Agricultura, Meio Ambiente e Desenvolvimento Agrário
- Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação
- Políticas Sociais, Justiça e Saúde
- Trabalho e Previdência
- Dados, Tecnologia e Informação
- Nível Intermediário
Dentro do mesmo bloco, o candidato pode selecionar diferentes opções de cargo/carreira seguindo uma ordem de preferência ou, se preferir, só se candidatar a uma vaga.
Para preencher as vagas, a banca levará em consideração o desempenho na prova e essa ordem assinalada na hora da inscrição.
Qual será a estrutura da prova?
A prova será dividida em duas etapas a serem realizadas no mesmo dia. Na primeira parte, o candidato responde a questões objetivas que serão iguais para todos, independentemente da carreira escolhida. Já na segunda parte, os concurseiros encaram provas dissertativas com conteúdos específicos de acordo com o bloco temático escolhido na hora da inscrição.
Além disso, cada órgão poderá acrescentar outras etapas no processo de seleção, como pontuações relativas à titulação acadêmica, experiência profissional, apresentação de memoriais, provas práticas, entre outras.
A previsão é que a prova ocorra simultaneamente em 179 cidades brasileiras no dia 25 de fevereiro de 2024.
Por que querem fazer essa mudança?
Segundo o governo, esse novo modelo permite a ampliação e democratização do acesso da população às vagas do poder público. Os gastos dos candidatos serão reduzidos, pois não precisarão mais se deslocar para outros estados ou pagar diferentes taxas de inscrição para concorrerem a mais de uma vaga. Assim, a mudança também aumentaria a diversidade social e territorial dos servidores.
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“Quanto mais o perfil do servidor estiver alinhado com o da população, melhor para o governo. Quanto mais a burocracia for representativa do coletivo da nação, as políticas públicas também serão mais representativas”, explicou o secretário de Gestão de Pessoas, José Celso Cardoso Jr., em entrevista à CNN.
Além disso, a proposta teria surgido após a procura de alguns órgãos que afirmaram ter dificuldade para organizar os concursos por conta própria.
Cronograma previsto
- 29 de setembro: último dia para ministérios e órgãos interessados em participar do concurso fazerem a adesão;
- 20 de dezembro: publicação do edital;
- 25 de fevereiro de 2024: aplicação da prova;
- abril de 2024: previsão para a divulgação dos resultados gerais da primeira fase.
Para esclarecer com mais detalhes como o novo modelo funcionará, o Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGI) também lançou um Guia Referencial com quase 200 páginas que reúne orientações tanto para as instituições quanto para os candidatos.