Desde janeiro deste ano, muitos estudantes estão tendo dores de cabeça com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), do governo federal. Depois das mudanças divulgadas no fim de 2014, está mais difícil financiar um curso superior e quem ficou de fora do programa terá que procurar outras saídas para continuar estudando. Uma delas é o crédito estudantil privado. O problema é: nenhum outro financiamento tem taxas de juros anuais tão baixas como a do Fies (3,4% ao ano). Para não se enterrar em dívidas, é preciso tomar alguns cuidados e, por isso, o GUIA DO ESTUDANTE conversou com um consultor financeiro que dá dicas de como agir de forma segura.
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O primeiro passo
A primeira coisa que você deve fazer é avaliar se o financiamento é a melhor solução para o seu problema. O consultor financeiro Erasmo Vieira orienta que o crédito privado deve ser uma das últimas alternativas a se buscar. “Tudo que é financiado tem juros e os juros irão elevar o preço do valor final pago no financiamento estudantil”, explica o consultor. Antes de recorrer ao banco, veja se você já tentou essas outras saídas:
– Já conversou com a faculdade sobre a possibilidade de conseguir uma bolsa?
– Se é você quem paga suas próprias despesas: há a chance de conseguir uma promoção no seu emprego ou de procurar outra colocação que eleve o seu salário?
– Se são seus pais: o orçamento familiar pode ser reorganizado para encaixar as mensalidades da faculdade? Dá para cortar alguma despesa supérflua?
É importante tentar outras soluções porque financiar uma faculdade é coisa séria. A dívida poderá acompanha-lo por longos anos depois de formado e, como aponta Vieira, nem sempre um diploma em curso superior é sinônimo de salário polpudo imediato: “A universidade melhora a empregabilidade, mas não garante o emprego para você ter a renda e quitar a dívida no futuro. Às vezes o jovem até poderia pagar o curso, mas ele prefere jogar a dívida mais para frente porque quer aproveitar a vida, ir para balada, comprar um carro… Mas uma hora ele vai ter que pagar e com juros”, alerta.
Pesquise bem antes de fechar contrato
Para quem não tem outra saída, o crédito estudantil é melhor do que os demais tipos de crédito, como o cheque especial e os empréstimos bancários tradicionais, chamados de CDC (Crédito Direto ao Consumidor). As taxas de juros são menores e o prazo para pagar a dívida pode ser negociado.
Muitas universidades mantêm convênios com instituições financeiras que oferecem condições melhores aos alunos. Vale a pena conhecer esses planos. Mas fique atento! Apesar da promessa de taxas menores, o recomendado é que você compare esses pacotes com outras fontes de financiamento.
Até o segundo semestre, a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP) espera fechar acordos com algumas entidades financeiras do Brasil para oferecer financiamentos acessíveis aos estudantes. “A verdade é que estamos estimulando o setor [privado] a sair do Fies. Depois desse trauma que estamos passando desde janeiro, achamos que não valia a pena. Vamos reduzir ao mínimo o número de vagas [pelo Fies], mas apresentando outras opções aos alunos”, explica Amábile Pacios, presidente da FENEP. Estão participando da conversa, além dos sindicatos que representam as faculdades particulares, instituições financeiras como a Ideal Invest S/A, responsável pelo crédito universitário PRAVALER, a Federação Brasileiras de Bancos (FEBRABAN) e o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (SICOOB).
De olho no orçamento
“O principal cuidado é avaliar se a prestação cabe no orçamento sem estresse”, aconselha Erasmo Vieira. Com o Fies, o estudante só paga depois de formado, mas em muitos planos de financiamento privado é necessário pagar uma “mensalidade” ao banco logo no primeiro mês de contrato. Por isso, é importante pesquisar em diversas instituições financeiras antes de fechar o contrato. “Oriento para que o estudante financie o mínimo possível no menor prazo, desde que a prestação caiba no seu orçamento”, diz o especialista.
Não existem fórmulas mágicas para saber quanto você pode gastar por mês com o financiamento, segundo Vieira. É preciso botar no papel todas as despesas fixas que não podem ser cortadas e avaliar o que pode ser economizado para pagar as parcelas do valor negociado. “Vejo pessoas que estão ficando inadimplentes porque não fazem planejamento e, mesmo não cabendo no orçamento, colocam [o financiamento] forçadamente”, revela o consultor.
Além disso, é preciso contar com imprevistos. Vale a pena guardar em uma poupança pelo menos um pouquinho por mês, caso você perca o emprego ou fique doente. A boa notícia é que, se você não conseguir pagar as parcelas do empréstimo, não precisará largar a faculdade. “No financiamento, a instituição financeira garante o pagamento do período combinado à universidade e a pessoa pode se formar e receber o diploma. Se não pagar, ficará endividada com o banco e não com a faculdade”, explica Vieira. Em todo caso, é importante checar essa garantia na hora de assinar o contrato.
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