Quão criativo é o estudante brasileiro? Segundo os resultados deste ranking mundial divulgado na última quarta (18), não muito… O PISA (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) é uma avalição que, a cada três anos, mede o desempenho de estudantes de 15 anos matriculados na rede pública de ensino de 56 países. O exame, coordenado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) aborda questões de leitura, matemática e ciências. O objetivo é, além de ter uma noção de como anda a educação das juventudes ao redor do globo, apontar melhorias e deficiências no sistema educacional.
Como parte dessa avalição, há o PISA Creative Thinking Assessment, isto é, o Teste de Pensamento Criativo do PISA. Nessa etapa da prova, concentram-se perguntas que avaliam a capacidade dos jovens de gerar ideias originais e criativas para problemas de contextos diferentes. Os candidatos demonstram suas habilidades criativas por meio de tarefas que demandam seus talentos de escrita, resolução de problemas e expressão visual.
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O mais recente ranking, divulgado nesta quarta-feira (18), é referente ao exame aplicado em 2022. No Teste de Pensamento Criativo, o Brasil ocupa a 44ª posição, atrás de países como Portugal (12º), Itália (20º), Chile (23º) e México (28º). A pontuação média determinada pela OCDE é de 33, a nota brasileira é de 23 pontos.
Veja os primeiros colocados do ranking:
- Singapura (41 pontos)
- Coreia do Sul (38 pontos);
- Canadá (38 pontos);
- Austrália (37 pontos);
- Nova Zelândia (36 pontos);
- Estônia (36 pontos);
- Finlândia (36 pontos);
- Dinamarca (35 pontos);
- Letônia (35 pontos);
- Bélgica (35 pontos);
Quer saber como você se sairia nas questões? O GUIA DO ESTUDANTE trouxe uma seleção de algumas das perguntas da prova. Um documento detalhando o que a banca esperava na resposta de cada pergunta também foi divulgado. A explicação de cada exercício, assim como as possíveis respostas, foram todas tiradas de lá.
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Títulos de ilustrações
Nesse teste, os alunos precisavam criar títulos originais e diversos para uma ilustração abstrata. Foi solicitado que escrevessem três títulos diferentes para uma imagem de um livro gigante em meio a um cenário na natureza. Para receber a pontuação máxima, os títulos precisavam ser diferentes entre si e serem apropriados à imagem.
Veja abaixo como foram avaliadas as respostas dos candidatos. O documento divulgado exemplifica resoluções que seriam pontuadas com a nota máxima, parcial ou zerada.
Exemplo A de respostas: sem pontuação
- Título 1: O livro grande
- Título 2: O livro gigante
- Título 3: O grande livro na floresta
Exemplo B de respostas: pontuação parcial
- Título 1: A liberdade de uma história
- Título 2: A vida é uma história aguardando para ser lida
- Título 3: O poder de uma história
Exemplo C de respostas: pontuação máxima
- Título 1: A árvore solitária
- Título 2: A trilha escrita
- Título 3: A história perfeita
Segundo os dados divulgados, respostas dadas no exemplo A mostram ideias similares à descrição literal da ilustração, não mostrando nenhuma diversidade cognitiva. No exemplo B, duas ideias (1 e 3) têm estruturas idênticas e focam somente no livro, enquanto a segunda mostra um título que aborda a vida como uma história – ainda que sejam 3 títulos apropriados, não há diferença significativa entre 2 deles (1 e 3). Por fim, no exemplo C, cada título referencia um elemento diferente da ilustração, com adjetivos diferentes entre si, atingindo assim o objetivo do exercício.
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História de Robô
Nessa outra questão, foi solicitado que os candidatos criassem ideias para o enredo de um curta-metragem protagonizado por um robô chamado Rob e o seu amigo humano Leo. A questão pedia duas ideias diferentes entre si. O estudante não precisava explicar a narrativa inteira, apenas um resumo do que o curta trataria. A recomendação era descrever a ideia em até 8 orações.
O documento exemplifica que o candidato poderia desenvolver uma história que focasse em como o robô Rob foi criado; a maneira como a amizade entre os dois se desenvolveu; ou ainda sobre uma reviravolta em que Leo, o humano, se tornasse um robô. As duas histórias poderiam ser similares entre si, desde que alterassem o foco ou a representação de cada uma.
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HQ espacial
Em outro exercício, a avaliação mergulhava no mundo das histórias em quadrinhos. A perguntava solicitava que os estudantes criassem um diálogo entre o Sol e a Terra, dentro de uma tirinha. Para isso, deveriam completar os seis balões de diálogo entre os dois astros – a ordem dos balões era fixa. Para receber a pontuação máxima, o diálogo deveria ser considerado criativo e original. Respostas envolvendo temas convencionais, pouco inovadores, ou abordagens óbvias seriam zeradas ou apenas parcialmente pontuadas.
Foram considerados temas convencionais: diálogos focando no calor, temperatura, clima ou estações do ano (com exceção a citações a mudanças climáticas e o aquecimento global). Já temas considerados originais incluíram, mas não se limitariam: a capacidade da Terra de manter a vida, os aspectos físicos dos dois astros (cor, tamanho etc.), reflexões sobre amor e amizade; conversas sobre outros corpos celestiais.
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Livro “2983”
Neste item, os candidatos foram instruídos a criar uma ideia original para um livro intitulado “2983”. Com apenas o nome e a capa (sem nenhum detalhe) da obra em mãos, precisavam associar o número 2983 a algum detalhe relevante na narrativa criada. A avaliação funcionou de maneira semelhante à questão anterior. Isto é, para receber a pontuação máxima, era necessário apresentar um tema original, não-convencional.
Temas convencionais seriam como: histórias sobre o futuro da humanidade no ano de 2983, histórias em que o número 2983 identificassem uma pessoa, um lugar ou um objeto. Estas seriam zeradas ou apenas parcialmente pontuadas – a menos que fossem combinadas com outra abordagem inovadora. Uma resposta original, por exemplo, poderia ser o número 2983 ser o código para desbloquear um dispositivo importante para a narrativa.
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Pôster para a Feira de Ciências
Explorando agora expressões visuais, uma outra questão trazia como desafio criar um pôster para a Feira de Ciências do colégio. Para tal, foram disponibilizadas a base para a arte (uma foto do espaço estrelado); a função de desenhar na tela; e alguns “carimbos” com imagens já prontas. Os estudantes poderiam arrastar para a área do pôster os carimbos (com imagens de corpos celestes, astronautas e elementos da natureza) na posição que mais achassem conveniente. A imagem deveria seguir o tema “Vida no espaço profundo”.
Veja alguns exemplos de respostas possíveis:
Foram consideradas respostas convencionais (e, portanto, pouco originais) criações que envolvessem puramente a Terra ou elementos relacionados à exploração humana do espaço (como astronautas, naves, satélites). Já como originais, criações envolvendo o uso de texto para comunicação do tema; figuras humanas ou alienígenas (que não fossem astronautas); modelos científicos; ou aspectos relacionadas a vida (como moléculas).
Nos exemplos acima, o exemplo A foi parcialmente pontuado; enquanto os exemplos B e C foram avaliados com a pontuação máxima. No exemplo C, destaca-se o uso da ferramenta desenho para criar uma nave especial, ao invés de apenas arrastar o carimbo para a tela.
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Acessibilidade na biblioteca
Nessa questão envolvendo a acessibilidade de uma biblioteca, os estudantes precisavam pensar em três ideias diferentes para melhorar o acesso de uma cadeira de rodas ao local. Para receber a pontuação máxima, era necessário apresentar três ideias lógicas e diferentes entre si. Caso apenas duas atendessem ao critério, o estudante seria parcialmente pontuado.
A banca do exame esperava respostas de três tipos: modificações físicas na biblioteca (rampas, elevadores, etc.); fornecimento de assistência humana (para entregar os livros aos clientes, por exemplo); e mecanismos tecnológicos de assistência (como um sistema de delivery dos livros).
Na segunda parte da questão, os estudantes deveriam considerar rampas já existentes na biblioteca. A pergunta pedia sugestões de modificações que melhorassem ainda mais a acessibilidade dos usuários de cadeiras de rodas aos livros. Algumas respostas originais poderiam ser: alterar o ângulo da rampa; adicionar um sistema de freios ou superfície antiderrapante; adicionar rampas extras; considerar aumentar o tamanho da rampa para que livros pudessem ser colocado embaixo dela.
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Salve as abelhas
Em outra questão, os estudantes eram requisitados a ajudar o clube “Salve as Abelhas” da escola. Foi pedido para desenvolverem uma campanha de conscientização acerca da importância ecológica das abelhas. O desafio era criar 3 ideias diferentes para isso. Como todas as questões no estilo “gere uma resposta criativa”, a banca avaliaria com a pontuação máxima o estudante que conseguisse criar três itens que fugissem do convencional.
Já na segunda parte da questão, lhe era pedido para escrever uma maneira de atingir o objetivo. O estudante poderia escolher entre explicar um dos três itens que respondeu anteriormente, ou criar uma nova meta.
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Carona solidária
Nessa pergunta, os estudantes precisavam criar uma ideia original para incentivar o compartilhamento de caronas. Descontos em combustíveis ou pedágios não seriam consideradas respostas inovadoras, visto que esses incentivos já existem em algumas regiões do mundo. Recebia a pontuação máxima os estudantes que criassem sugestões criativas. Descrever ideias convencionais ou já existentes recebia a pontuação parcial, a menos que incluíssem uma abordagem inovadora.
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Salve o rio
Já nesta outra etapa, os estudantes eram investigados em suas capacidades de resolver problemas científicos ou de engenharia. Na questão “Salve o rio”, os estudantes foram solicitadas a pensar criativamente na solução de determinada problemática: a diminuição da população de sapos em uma parte de um rio que cerca uma cidade. Foi explicitamente dito que os estudantes deveriam pensar em outras causas para o problema além da poluição ambiental. Nesta questão, só havia pontuações máximas ou zeradas.
Alguns exemplos de respostas seriam mudanças no habitat aquático (alterações de temperatura, oxigênio, níveis minerais); na fauna local (novo predador, falta de comida); na flora local (uma nova planta invasiva, ou a ausência de uma vegetação relevante); nos próprios sapos (doenças, infecções, mutações); no comportamento humano ao redor do rio (barulhos, vibrações, ou até mesmo caças de sapos).
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Já na segunda parte da questão, aí sim, os estudantes deveriam considerar a poluição ambiental como a causa do declínio de sapos. Na questão, os cientistas representantes das fábricas haviam começado um estudo para investigar o processo. Foi pedido que os estudantes imaginassem formas de melhorar essa investigação. A ideia sugerida deveria ajudar a equipe a chegar em conclusões ou evidências que provassem se a poluição química tinha a ver com a diminuição da população de sapos.
Neste caso, as respostas poderiam envolver: informações específicas sobre como testar a poluição na água; a adição de testes que verificassem a presença de químicos nos organismos dos sapos; a inclusão de pontos de comparação com sapos das outras regiões do rio.
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