?Ser o primeiro é possível?
João Paulo Rocha Almeida foi o 1º lugar em medicina na USP há dois anos e ainda lida com a ?fama? da conquista
João Paulo fez intercâmbio nos Estados Unidos e na Espanha, mas teve tempo para visitar Paris
por Cláudia Fusco
Na faculdade, os amigos de João Paulo Rocha Almeida o chamam de Zero Um. O apelido não tem nada a ver com o filme Tropa de Elite. Na verdade, João Paulo recebeu a alcunha por ter sido o primeiro colocado em medicina na Fuvest.
"Até hoje isso é motivo de comemoração na família", conta o estudante, que participou do ciclo de debates da IV Feira Guia do Estudante, em agosto. João Paulo enfatiza que ir bem no vestibular não é algo distante e inatingível. “É engraçado como fazemos disso uma coisa mística, né? A gente acha que só quem é predestinado e sempre mostrou os melhores resultados vai passar em primeiro. Mas só quando acontece perto é que a gente descobre que é alcançável, é possível”, diz.
Apesar da frase animadora, João sempre foi esforçado. Durante os tempos de escola, caprichava nos trabalhos e tirava boas notas, embora tivesse ótimo relacionamento com os amigos e não se identificasse com "o grupo dos nerds – se é que isso ainda existe", nas palavras dele. Seu esforço foi recompensado: assim que terminou o Ensino Médio, passou no vestibular de Nutrição.
"Na época, eu até gostava de medicina, mas não queria me esforçar tanto para passar… acho que era uma questão de maturidade", confessa o estudante. Insatisfeito com o curso, João Paulo optou por um intercâmbio durante a faculdade. "Fiquei seis meses nos Estados Unidos e outros cinco na Espanha. Viajei bastante, aprendi muito, valeu demais a pena".
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DEDICAÇÃO TOTAL
De volta ao Brasil, o primeiro colocado fez novas escolhas: desistiu da Nutrição e dedicou-se ao vestibular de Medicina, aos 22 anos. Abdicou do MSN Messenger, deletou o Orkut e até se separou da namorada para se dedicar ao cursinho.
"Meus amigos entendiam, davam a maior força. Só as amigas é que não gostavam muito", riu o futuro médico. "Eu preferia não ficar junto de ninguém porque toma tempo e distrai muito, sua cabeça fica em outro lugar". A preocupação com o vestibular era tanta que o estudante procurou apoio em uma única fonte: a comida.
"Eu engordei 18 quilos durante a época do vestibular", disse João Paulo. Sua rotina era pouco saudável: além da jornada de oito horas no cursinho – “às vezes mais, às vezes menos” –, João retomava os estudos durante a noite, só descansando à tarde. Hoje em dia, diz que não está arrependido da correria. "Faria tudo de novo. Valeu totalmente a pena. Ainda mais a pena do que eu pensava."
E depois de passar na faculdade, João Paulo, o que mudou no jeito de estudar? "Eu levo a faculdade a sério, é claro, tiro boas notas. Mas não deixo de curtir, viajar, ir pra balada, fazer esporte, curtir um filme em casa, sou uma pessoa agitada. O assunto da faculdade é infinito, você pode direcionar para onde quiser, mas o cursinho tem uma série programada de estudos que te deixa maluco depois de um ou dois anos". Entendido, Zero Um!
SAIBA MAIS
– Campeã do Simuladão do Enem estuda o dia todo mas não abre mão dos amigos – GUIA DE PROFISSÕES: Medicina