Saiba reconhecer os principais elementos da arquitetura gótica
Atingida por um incêndio, a Catedral de Notre Dame, em Paris, é um dos principais exemplos desse estilo medieval
Historicamente, a arquitetura gótica surgiu em solo francês na Idade Média, entre os séculos 10 e 15. No começo, esse estilo de construção era chamado de “obra francesa”, e o termo “gótico” só veio com Iluminismo, na intenção de insultar o que se acreditava ser uma arte bárbara, dos godos.
A Basílica de Saint-Denis é considerada a primeira deste estilo, embora a construção original não fosse gótica. Ela foi “reformada” pelo abade Suger, que retirou os recintos que separavam as capelas e inseriu colunas e abóbadas em cruzaria, típicos dessa arquitetura.
Uma das outras grandes representantes da arquitetura gótica é a Catedral de Notre Dame, que sofreu em 15 de abril de 2019 um incêndio de grandes proporções. Assim como diversas outras construções góticas, a catedral é reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial da Humanidade.
Os principais representantes da arquitetura gótica são os estabelecimentos religiosos — igrejas, basílicas, catedrais. A proporção monumental, a altura e verticalidade das construções tinham muita relação com a religião: e ideia é que o homem contemplasse, perante dela, a sua insignificância e a grandeza de Deus.
O formato da planta era de uma cruz latina, semelhante ao modelo das construções romanas. Por sinal, há muitos elementos dessas que foram incorporados, com modificações, na arquitetura gótica.
Conheça as principais características e elementos da arquitetura gótica:
Abóbadas em cruzaria e arcos ogivais
Eis um exemplo de um elemento incorporado da arquitetura românica, mas que foi refinado pelos construtores góticos. Os arcos ogivais dessas novas construções eram mais leves e mais fortes, e por isso permitiam paredes mais altas. Com arcos mais fortes, as abóbadas precisavam também de menos pilares e cobriam, cada uma, extensões maiores da nave. Eram simples e elegantes.
Arcobotantes
Os arcobotantes são estruturas externas que se ligam a contrapesos para equilibrar as paredes da construção — são espécies de arcos que se apoiam nas paredes e em colunas. Com o tempo, se tornaram mais reforçados e também parte da arquitetura.
Os vitrais e a rosácea
Os vitrais são uma das marcas da arquitetura gótica. Eles se tornaram maiores e mais coloridos, aumentando a iluminação no interior das catedrais. Existe também uma explicação religiosa: supostamente, a luz estaria vinculada ao divino. As janelas e vitrais maiores só foram possíveis graças às paredes mais altas e mais finas — por sua vez, possibilitadas pelas abóbadas em cruzaria e arcos ogivais. As temáticas dos vitrais geralmente eram episódios bíblicos.
As rosáceas, assim como os vitrais, tinham como objetivo iluminar o interior da construção, mas ficavam em posições mais altas e, quase sempre, nos portais de entrada. As rosáceas traziam também um significado bíblico: representavam Maria (quando no formato de flor) ou Jesus Cristo (quando no formato de sol).
Florão
O florão, como o nome indica, é um elemento no formato de flor que decorava o interior ou exterior das construções. Eram feitos em pedra e tinham função apenas decorativa.
Portais e tímpanos
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A entrada principal das construções góticas fica no seu extremo-oeste e, geralmente, há três portas com arcos pontiagudos, chamados também de tímpanos. Os tímpanos são decorados com estátuas que retratam episódios bíblicos.
Esculturas e gárgulas
Os exteriores e interiores das catedrais góticas eram decorados com muitas estátuas de temática religiosa, que geralmente contavam alguma história bíblica. As representações eram especialmente didáticas, já que a maior parte dos fiéis não sabia ler. Na catedral de Notre Dame de Paris, por exemplo, as estátuas do tímpano trazem Jesus Cristo cercado dos apóstolos e de signos do zodíaco, representando o movimento dos céus e o Juízo Final. As portas da catedral seriam a entrada do paraíso.
Já as gárgulas, embora tivessem também função decorativa e significado religioso (reza a lenda que elas protegiam as igrejas), tinham uma função arquitetônica bem definida: escoar a água das calhas para longe das paredes da construção, evitando assim danos às estruturas.
Torres
Seguindo o modelo da primeira basílica da arquitetura gótica, a de Saint-Denis, a maior parte delas era constituída de duas torres altas na fachada da entrada. Para tornar a torre ainda mais visível a distância, geralmente era acrescentado uma agulha (flèche) feita de madeira e coberta de chumbo. A disputa pela torre mais alta marcou toda a Idade Média, e acabou muitas vezes em desastre: a Catedral de Beauvais tinha a torre mais alta até 1573, mas os 153 metros foram ao chão depois de um vendaval.