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Resumos de obras obrigatórias são vilões ou aliados na hora dos estudos?

Apesar da ferramenta ser muito útil e poder possibilitar um olhar diferente sobre os livros, é preciso ter cautela, alertam especialistas

Por Julia Di Spagna
Atualizado em 6 dez 2020, 11h02 - Publicado em 13 out 2019, 13h01
 (Pixabay/Reprodução)
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Ao longo do ano, um vestibulando precisa se dedicar ao estudo de uma série de teorias, acontecimentos e exercícios. Disciplinas como Matemática, História e Biologia fazem parte do seu cotidiano. Isso sem contar a redação, que exige repertório e treino.

Entretanto, quem vai prestar determinados vestibulares, como a Fuvest, acaba se deparando com mais uma demanda: a lista de obras literárias exigida pela banca. 

O que está por trás dessa exigência?

“O objetivo da banca é que os alunos desenvolvam um repertório cultural básico e tenham contato com textos mais complexos”, afirma Paulo Oliveira, professor de Literatura do Curso Anglo. “Isso também servirá para se habituar a esse tipo de leitura mais densa que eles encontrarão na vida universitária”, completa. 

Segundo Carlos Barreiros, professor de Literatura do Curso Poliedro, a leitura das obras permite um contato direto com a linguagem literária e é ideal para que o estudante demonstre multiplicidade de repertório.

O que as provas pedem sobre o assunto?

“A maneira como as obras serão cobradas depende da banca. Algumas costumam exigir conhecimento sobre o enredo, que são questões mais superficiais. Outras, como Fuvest e Unicamp, cobram a compreensão do texto com questões mais interpretativas, que costumam ser mais difíceis”, afirma Carlos. Ele explica que a Unicamp, por exemplo, chega até a relacionar os livros com questões filosóficas na segunda fase  para o candidato mostrar capacidade analítica e ir além do enredo.

Resumos: usá-los ou não?

Como as outras disciplinas tomam muito o tempo do estudante, muitos acabam recorrendo a um recurso que, em tese, facilitaria o entendimento da obra como um todo: o resumo. Nesse caso, alguns acabam até deixando a leitura integral de lado. Mas, afinal, vale a pena?

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Para o professor do Poliedro, o ideal é tentar ler a obra sem resumo. Aí, se não conseguir, recorra à ferramenta. “Muitos realmente não conseguem ler por falta de tempo ou dificuldade de interpretação por falta de repertório. Entretanto, para se dar bem na prova, principalmente quando se trata de cursos mais concorridos, é necessária uma leitura integral. É uma ilusão pensar que uma aula ou um resumo podem substituir essa experiência”, afirma Carlos.

“Boa parte desses jovens não se tornarão leitores regulares e sentem falta de uma orientação do que ler quando passam dessa fase. Costumo falar para os meus alunos que essa pode ser a última oportunidade de ter um contato com esse tipo de literatura. Então por que não fazer disso uma experiência significativa?”, questiona o especialista.

Mas é importante ficar claro: o resumo tem muitas vantagens para quem já leu a obra: organiza a leitura, pode tirar dúvidas que restaram, estabelece relações com os livros da mesma lista e relaciona a obra com outras áreas do conhecimento. 

“Os resumos são textos acessórios que não substituem a obra, mas podem servir de apoio”, afirma Paulo. Eles apresentam novos pontos de vista e iluminam pontos que o aluno poderia não conseguir interpretar sozinho.

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Para ele, quando a obra é mais complexa, é bom ler o resumo antes. Essa é uma boa estratégia principalmente quando se trata de um livro de poemas. “Os temas e a linguagem são diferentes, então, nesse caso, o resumo serve como um roteiro, uma espécie de guia, que permite que o estudante aprofunde a experiência da leitura. Com um romance, por exemplo, é diferente. O resumo irá entregar ‘spoilers’ da obra e isso poderá até desincentivar a leitura”.

É possível fazer a prova sem ter lido a obra?

“Às vezes é possível, porque existem níveis diferentes de questões. Com uma leitura atenta de um bom resumo e sorte, o candidato pode acertar certas questões. Mas, como é uma disputa acirrada, é complicado contar com apenas esses fatores”, afirma o professor do Anglo. 

Segundo Carlos, isso acontece com questões mais superficiais sobre enredo, que são cobradas principalmente nas primeiras fases. “Questões mais complexas que envolvam gramática aplicada ao texto e interpretação, quem leu resolveu em segundos. Quem não leu chuta e conta com a sorte. Vale ressaltar que esse tipo de questão é uma tendência nos vestibulares”, completa.

E como discernir se o resumo é bom?

“A melhor forma de saber se um resumo é bom, ou não, é simples: lendo a obra”, brinca Carlos. Entretanto, existem algumas dicas que o professor indica para facilitar essa procura. Falar sobre com propriedade sobre as peculiaridades de uma obra exige um conhecimento técnico científico, portanto, peça indicação de um professor, tome cuidado com resumos sem autoria e procure apenas em sites confiáveis. 

Segundo Paulo, a experiência do aluno como estudante conta na hora de discernir se um resumo é ou não bem feito. E não se esqueça: é importante que o texto contenha trechos das obras para análise e comparações com outros livros da lista.

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