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Resumo: quem foi Augusto Pinochet, ditador do Chile

O saldo dos 17 anos de ditadura no país foram cerca de 3 mil mortes e mais de 40 mil torturados

Por Taís Ilhéu
Atualizado em 26 jun 2023, 16h36 - Publicado em 11 set 2019, 12h17
pinochet
Há cinquenta anos, Augusto Pinochet ascendia ao poder como ditador do Chile, depois que o presidente democraticamente eleito, Salvador Allende, foi deposto. (Wikimedia commons/Reprodução)
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Foi em um 11 de setembro, há 49 anos, que o Chile mergulhou em uma ditadura que duraria longos dezessete anos. Nesta data, o general Augusto Pinochet deu um golpe militar e depôs o então presidente chileno Salvador Allende, que se declarava socialista mas que havia sido eleito três anos antes por vias democráticas. Allende, que sempre declarou que não renunciaria, se suicidou enquanto o palácio presidencial era tomado pelos militares. 

Com a presidência vaga, uma Junta Militar elegeu Pinochet como chefe de governo, e ele se manteve nesta posição durante todo o período da ditadura. Curiosamente, Pinochet, à época comandante chefe do exército, foi um dos últimos militares do governo chileno a aderir a conspiração que culminou no golpe de 1973. 

O golpe chileno e a posterior ditadura, assim como nos outros países da América Latina, contou com o respaldo dos Estados Unidos, que temiam o avanço do socialismo na América Latina depois da Revolução Cubana (1959). Desde o começo do governo de Allende, o governo americano já vinha impondo uma série de embargos comerciais ao Chile, além de financiarem um jornal no país para mobilizar a opinião pública contra o presidente. 

O Chile de Pinochet: das reformas econômicas às mais de 3 mil mortes

A afinidade chilena com os americanos não foi mera conveniência que acabou com o golpe. Ao longo dos anos de ditadura, Augusto Pinochet se aproximaria ainda mais dos Estados Unidos, especialmente no campo econômico — prova cabal disso é o apelido dado aos reformuladores da política econômica do Chile, os chicago boys

Inspirados pela ideologia de Milton Friedman, professor da Universidade de Chicago, esse grupo implementou uma política econômica nomeada de “O Ladrilho”, que previa uma série de medidas muito próximas do que hoje é conhecido como o neoliberalismo. O país passou por períodos de intensa privatização de estatais e medidas contraditórias tomadas pelos diferentes ministros da Fazenda que passaram pelo governo ditatorial— que acabou resultando, inclusive, em uma profunda crise econômica em 1982.

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Durante os anos Pinochet, o crescimento anualizado do PIB foi de 1,6%. Nos 17 anos seguintes à redemocratização, esse valor saltou para 4,36%. Até hoje, no entanto, as políticas econômicas do ditador tem defensores dentro e fora do Chile. Muitos creditam a ela, por exemplo, a atual desempenho da economia chilena, uma das mais fortes na América Latina hoje. 

Em entrevista à BBC Mundo, Óscar Landerretche, professor da Universidade do Chile e ex-presidente do conselho da estatal de mineração Codelco, afirma que não faz sentido atribuir os números de hoje a um período encerrado há 30 anos. “O Chile tem tido um desempenho econômico muito maior do que tinha durante a ditadura em crescimento econômico, estabilidade e até mesmo indicadores de equidade que, embora sejam ruins no âmbito global, são melhores do que antes e estão melhorando, ainda que lentamente”

Enquanto no plano econômico os mais pobres perdiam poder de compra (em 1990, 38,6% da população chilena se encontrava abaixo da linha de pobreza), no plano político milhares de opositores eram mortos e torturados em uma das ditaduras mais violentas da América Latina. Ao todo, estima-se que 3,2 mil pessoas tenham sido mortas sob o comando de Pinochet e outras 40 mil torturadas. 

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A ditadura chilena é conhecida por ter sido especialmente cruel com as mulheres. Das 3.621 mulheres detidas, 3.399 foram estupradas e sofreram diversas humilhações. Não à toa, na véspera dos 46 anos do golpe de Pinochet, lá no ano de 2019, diversas mulheres marcharam por lugares em Santiago que foram sede dessas violações.  

Augusto Pinochet morreu em 10 de dezembro de 2006, sem ser penalizado por nenhum dos crimes cometidos sob a justificativa de senilidade. Até 2002, ele tinha foro privilegiado em virtude do cargo concedido a ele de “senador vitalício” durante a redemocratização. 

O estado mental do ditador chileno foi muito questionado, já que ele começou a apresentar sinais de debilitação justamente após ser acusado internacionalmente de cometer crimes contra a humanidade. Ao todo, ele acumulava mais de 300 queixas na justiça.

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