Um dos maiores nomes da filosofia brasileira, autora do livro “Introdução à História da Filosofia“, amplamente utilizado nos estudos da disciplina dentro das escolas, Marilena de Souza Chauí é professora de História da filosofia Moderna na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP (Universidade de São Paulo). Conheça aqui a trajetória, os pensamentos e algumas citações de Chauí.
Nascida na cidade de Pindorama, interior do estado de São Paulo, no dia 4 de setembro de 1941, Marilena é filha de um jornalista com uma professora.
A intelectual começou a se interessar pelos estudos da Filosofia ainda no ensino médio, no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, na cidade de São Paulo, ao ter aulas com o professor João Villalobos. Em 1960, ingressou no curso de Filosofia da FFLCH-USP e conclui a graduação em 1965.
Em 1966 entrou na pós-graduação da mesma instituição, e, um ano depois, defendeu sua tese de mestrado, intitulada “Merleau-Pointy e a crítica do humanismo”. Ainda no mesmo ano inicia sua tese de doutorado na França sobre o pensamento do filósofo Baruch Spinoza, concluída em 1971.
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Tornou-se livre-docente no ano de 1977, com a tese “A Nervura do Real: Espinosa e a Questão da Liberdade“. Em 1987, prestou concurso público para tomar posse do cargo de professora titular do curso de Filosofia da USP, onde, até os dias de hoje, leciona as disciplinas de História da Filosofia Moderna e Filosofia Política.
Recebeu o título de doutora Honoris Causa pela Universidade Paris 8 em 2003; da Universidade de Córdoba em 2004; da Universidade Nacional de San Juan em 2008; da Universidade Federal de Sergipe em 2008; e da Universidade de Brasília em 2018 – tornando-se uma das mais respeitadas pensadores da área.
Marilena Chauí, além de professora, também é presidente da Associação Nacional de Estudos Filosóficos do século XVII e seminarista em assuntos sobre Filosofia Moderna. Por ter uma escrita e pensamentos de fácil entendimento e absorção, ao utilizar uma linguagem mais didática e simples, Marilena é muito utilizada em estudos de Filosofia Moderna e Introdução à Filosofia. Não à toa, seus pensamentos podem também serem adaptados para repertórios sócio-culturais nas redações de Enem e faculdade.
Vida política
A ditadura militar brasileira se fazia presente durante a graduação de Marilena Chauí. Em seus primeiros anos de faculdade, participou, junto com outros alunos e professores, de grupos que ofereciam suporte aos perseguidos e presos políticos pelo regime ditatorial, além de se dedicar a críticas contra a ditadura por meio da argumentação de conhecidos filósofos.
A filósofa também foi uma das fundadoras do Partido dos Trabalhadores (PT), no ano de 1980, tornando-se Secretária Municipal de Cultural da cidade de São Paulo, durante o mandato da ex-prefeita Luiza Erundina, entre os anos de 1889 e 1992.
Marilena é uma grande pensadora e crítica da sociedade brasileira, que julga possuir um “caráter autoritário”, o que, para ela, é um grande obstáculo para uma efetiva democracia no país. Também tornou-se uma crítica ferrenha ao plano de impeachment da então presidente Dilma Rousseff, em 2016, que, de acordo com ela, serviu de estopim para um período fascista no país, que se seguiria depois.
Frases e pensamentos
Segundo o site ScieELO Brasil, os livros de Marilena Chauí tornaram-se um referencial didático para o estudo introdutório da Filosofia, pois a pensadora “analisa a dominação ideológica, o autoritarismo das elites, a burocratização das instituições, a massificação cultural e a mercantilização da educação” alinhadas com a realidade nacional, por meio de uma reflexão social e autoconsciente dos textos, o que permite uma compreensão crítica de discursos autoritários e ideológicos. Alguns exemplos desta linha de pensamento são as obras “O Que é Ideologia“, “Convite à Filosofia” e “Iniciação à Filosofia“.
O pensamento de Marilena Chauí também é voltado para o funcionamento da universidade moderna. Para ela, após o período ditatorial, as instituições foram transformadas nas chamadas “universidades funcionais”, isto é, em universidades com currículos pensados apenas para o mercado de trabalho e manutenção da produção capitalista, e não mais para a formação reflexiva e pesquisa.
Algumas citações:
- “A alegria é o que sentimos quando percebemos o aumento de nossa realidade, isto é, de nossa força interna e capacidade para agir. Aumento de pensamento e de ação, a alegria é caminho da autonomia individual e política. A tristeza é o que sentimos ao perceber a diminuição de nossa realidade, de nossa capacidade para agir, o aumento de nossa impotência e a perda da autonomia. A tristeza é o caminho da servidão individual e política, sendo suas formas mais costumeiras o ódio e o medo recíprocos”.
- “Os animais são seres naturais, os humanos, seres culturais.”
- “Sabemos que os poderosos têm medo do pensamento, pois o poder é mais forte se ninguém pensar, se todo mundo aceitar as coisas como elas são, ou melhor, como nos dizem e nos fazem acreditar que elas são”.
- “A democracia é a atividade criadora dos cidadãos e aparece em sua essência quando existe igualdade, liberdade e participação”.
- “Desejo é relação entre seres humanos carentes. Por isso amamos até à loucura e odiamos até a morte: nosso ser está em jogo em cada e em todos os afetos. Desejo é paixão, diziam os clássicos.”
Veja algumas obras da autora:
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