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“Quarup” – Resumo da obra de Antônio Callado

Entenda o enredo da obra

Por Redação do Guia do Estudante
Atualizado em 12 abr 2018, 15h35 - Publicado em 17 set 2012, 00h47

Considerado pela crítica uma das obras mais representativas do Brasil após a instauração do Regime Militar, “Quarup” retrata através seu protagonista Nando, o retrato de um país em conflito.

– Leia a análise de Quarup

Resumo
A história começa no início do governo de Getúlio Vargas, na década de 1950, e vai até o golpe militar de 1964, com as primeiras perseguições e torturas da ditadura militar. A maior parte da narrativa se dá nas reservas indígenas do Xingu, onde o protagonista, padre Nando, irá aos poucos se integrar à dura realidade local.

Quando ainda vivia em um mosteiro, Nando conhece Francisca e seu noivo, Levindo. O jovem acaba se apaixonando por Francisca e teme não conseguir mais cumprir seus votos de castidade quando fosse viver com os índios do Xingu. Então, uma amiga inglesa de Nando, Winifred, oferece-se a ele. Após ter sua primeira relação sexual, Nando está pronto para seguir seu caminho.

Antes de ir ao Xingu, Nando passa pelo Rio de Janeiro, onde conhece diversas pessoas ligadas ao Serviço de Proteção aos Índios (SPI). Junto ao chefe Ramiro e os outros, Nando se entrega às drogas (o éter das festas regadas a lança-perfume que eles faziam) e ao sexo. Porém, nem tudo é só festa e Fontoura, chefe do Posto Capitão Vasconcelos (Xingu), conta a Nando a dura realidade dos índios na região do Xingu: a pobreza e as doenças que assolavam a população indígena, fruto de uma ganância que lhes roubou as terras e a tranquilidade.

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Do Rio de Janeiro, Nando parte para o Xingu. A época era 1954, em plena fase do atentado contra Carlos Lacerda e dos últimos momentos do governo de Getúlio Vargas. Há uma grande expectativa na inauguração do Parque Nacional do Xingu, algo que Vargas já estava prometendo há muito tempo. Enquanto isso há a preparação de um grande ritual, o “quarup” – festa indígena aos mortos, que constitui em uma série de cerimônias ritualísticas, de caça e de pesca. Entre estes festejos todos, chega a notícia do suicídio de Vargas e com a morte do presidente, também se vai a esperança de ver o Parque se tornar realidade.

Anos depois, os integrantes do Serviço de Proteção aos Índios, Nando e Francisca voltam a se reencontrar no Xingu. Francisca havia retornado da Europa e estava solteira, sou noivo foi morto pela polícia. Ao se reencontrarem, renasce o amor de Nando, mas dessa vez Francisca corresponde aos desejos dele. Então, os dois se amam no centro da floresta virgem, em meio a orquídeas coloridas.

O grupo segue em frente em uma expedição pelo Xingu, cada um com sua obsessão. Após enfrentarem fome, risco de vida, furtos, tribos ferozes ou doentes e famintas, o grupo chega ao centro geográfico. Destruído pelo alcoolismo, Fontoura morre com o rosto em cima de um grande formigueiro após perder as esperanças de salvar os índios.

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Nando renuncia ao sacerdócio e volta a Pernambuco com Francisca, que passa a trabalhar na alfabetização de camponeses. Ela leva a Pernambuco a terra do centro geográfico para cumprir uma promessa feita a Levindo. Com isso, Francisca resolve abandonar Nando em memória de seu noivo falecido.

Neste momento, a história está no governo de Miguel Arraes em Pernambuco e as luta dos camponeses, liderada por Januário, ganha força. Nando resolve ajudar o movimento. Com o golpe militar de 1964, o presidente João Goulart é deposto e Arraes afastado. Os líderes dos movimentos são perseguidos e diversas prisões feitas, inclusive a de Nando. Na cadeia, Nando passa por interrogatórios e sofre diversas torturas, principalmente torturas morais.

Ao ser solto, Francisca já havia partido novamente para a Europa. Nando resolve morar em uma casa de praia que foi deixada de herança por seus pais e se entrega a uma vida de amor carnal. Ele então passa a amar todas as mulheres: feias, prostitutas, mulheres abandonadas. Acredita que deve amar a todas e tenta convencer outros a também o fazer, de forma que vários pescadores se juntam a ele. Enquanto isso, seus antigos companheiros de luta política estão organizando um novo movimento revolucionário, mas desta vez no sertão nordestino.

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No décimo aniversário da morte de Levindo, Nando resolve comemorar a data com uma espécie de “quarup”. Ele reúne, então, seus antigos companheiros de lutas políticas, os pescadores, prostitutas e amigos para o grande jantar. Este ritual acontece simultaneamente à grande Marcha da Família com Deus pela Liberdade (nome comum de uma série de manifestações públicas organizadas por setores conservadores da sociedade, contra os protestos da população que era contra a ditadura militar), que invadem a festa junto com a polícia. Muitos são presos, outros fugem e Nando é espancado quase até a morte.

Socorrido por dois amigos, uma prostituta e um antigo companheiro de luta, Nando é levado para a casa do padre Hosana. Após se recuperar, ele resolve partir para o sertão e voltar às lutas. Antes de partir, Nando passa em sua casa e encontra cartas de Francisca. Após matar alguns guardas que estavam de tocaia o esperando, Nando parte de Recife. Então, ele explica a Manuel, seu companheiro de luta, que Francisca já não é mais uma mulher de carne e osso, ela era o “centro de Francisca”. Nando, obrigado a mudar de nome, adota o nome de Levindo.

Lista de personagens
Nando: protagonista do romance. Padre que abandona a vida religiosa para se dedicar a lutas sociais.
Francisca: jovem burguesa por quem Nando se apaixona. Para não se juntar nas lutas pelos camponeses, é mandada para Europa por seus pais.
Levindo: noivo de Francisca. Jovem revolucionário, morre atingido pela polícia.
Ramiro: chefe do Serviço de Proteção aos Índios. Formado em Farmacologia e filho de médico, acredita que a curar as doenças dos índios é a solução para todos os problemas delas.
Fontoura: chefe do Posto de Proteção Vasconcelos, no Xingu. Sonha em ver os índios protegidos com a criação do Parque Nacional do Xingu.
Manuel Tropeiro: companheiro de luta de Nando.
Leslie e Winifred: pesquisadores ingleses amigos de Nando.

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Sobre Antônio Callado
Antônio Callado nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 26 de janeiro de 1917. Embora tendo se formado no curso de Direito em 1939, jamais trabalhou na área jurídica. Callado foi jornalista de sucesso, tendo trabalhado no jornal O Globo, de 1941 a 1947. Em plena Segunda Guerra Mundial, trabalhou para a BBC em Londres. De volta ao Brasil, fez reportagens por lugares como o Xingu e o Nordeste do país.

Antônio Callado estreou na literatura em 1951 com a peça teatral “O fígado de Prometeu”. Durante toda a década de 1950 ele se dedica a escrever para o teatro com grande sucesso de crítica e público. A partir dos anos de 1960, Callado começa a produzir mais romances e são dessa época suas obras mais importantes. Junto aos intelectuais da época, que se opunham ao regime militar, Callado escreveu obras com forte engajamento político. Faleceu no Rio de Janeiro em 28 de janeiro de 1997.

Seus principais romances são: “A madona de Cedro” (1957), “Quarup” (1967) e “O homem cordial” (1994). No teatro destacam-se: “Pedro Mico” (1956), “O colar de coral” (1957) e “A revolta da cachaça” (1983).

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