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O que é negacionismo e como ele apareceu ao longo da História

Entenda as origens dos movimentos de negação da ciência

Por Juliana Morales
Atualizado em 18 jun 2021, 15h32 - Publicado em 12 mar 2021, 19h08
Mulher com máscara nos olhos
 (Getty Images/Reprodução)
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Se não bastasse um vírus que já fez milhões de vítimas, ainda é preciso enfrentar uma onda forte de negacionismo da ciência. Adeptos da desinformação tentam boicotar a vacinação e contrariam o isolamento social e o uso de máscara, fortemente recomendados pela comunidade médica. Um exemplo recente é a fala do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) sobre “enfiar a máscara no rabo” (palavras dele) em um vídeo divulgado nas redes sociais.

Negar a ciência, no entanto, não é um fenômeno recente. No início da Idade Moderna, autoridades religiosas negavam os avanços científicos e as reflexões dos filósofos humanistas. Para calar quem trouxesse a ciência para o debate, eles usavam o poder que tinham para executar pessoas na fogueira. “O filósofo Giordano Bruno foi condenado à morte por defender a existência de vida em outros mundos”, conta Igor Vieira, professor e autor de História do Sistema de Ensino pH.

Ele também lembra o caso de Galileu Galilei, que foi processado pela Inquisição e precisou negar as suas teorias sobre o Heliocentrismo – que coloca o Sol no centro do universo –, para não ter o mesmo destino do Giordano Bruno. A Igreja Católica defendia o Geocentrismo (a Terra no centro do universo), teoria que apresentava aspectos de passagens bíblicas.

Negando a História

Negacionismo é recusar e negar uma realidade cientificamente comprovada – o método científico, é bom lembrar, é baseado em fatos e evidências. É o que fazem os negacionistas do Holocausto, mais um movimento histórico marcante. Eles negam que o genocídio de judeus durante a Segunda Guerra Mundial  tenha de fato acontecido ou que tenha tido a proporção historicamente reconhecida. Isso mesmo diante de muitas pesquisas, estudos e depoimentos de sobreviventes. 

Em entrevista à BBC,  a historiadora Deborah Lipstadt, da Emory University, dos Estados Unidos, falou sobre os principais pontos dessa negação. “Eles afirmam que os nazistas não assassinaram seis milhões de judeus, que a noção de que havia câmaras de gás para matar em massa é um mito, e que qualquer morte de judeus ocorrida sob o domínio nazista foi resultado da guerra e não de uma perseguição sistemática e assassinato em massa organizado pelo Estado”, diz a pesquisadora.

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Lipstadat foi processada por David Irving, um escritor simpatizante do nazismo, após acusá-lo de ser um negacionista do Holocausto. O processo concluiu que Irving promoveu a negação do genocídio dos judeus, sim, além de ter sido antissemita e racista. A historiadora contou o caso na obra History on Trial: My Day in Court with a Holocaust Denier, que em 2016 acabou virando um drama histórico no filme Negação, dirigido por Mick Jackson e escrito por David Hare.

No passado e no presente

A tese que a Terra é redonda foi comprovada há muito tempo. O grego Eratóstenes, nascido em 276 a.C., já apresentava a planeta como uma esfera e mediu sua circunferência. No início do século 16, espanhóis liderados por Fernão de Magalhães fizeram a primeira viagem de circum-navegação ao globo.

Apesar de mais de 2 mil anos de ciência e conceitos provados, os terraplanistas, como são conhecidos os que acreditam que a Terra é plana, “distorcem a ciência de verdade para justificar o injustificável”, como mostra reportagem da Superinteressante, que apresentou algumas das fantasiosas teorias desse grupo.

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Outro movimento negacionista que ainda ganha força é o antivacina. Em 2019, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou uma lista das 10 grandes ameaças à saúde em 2019 e, entre elas, estava o medo e a desinformação sobre as vacinas. Para piorar, em meio à grande crise sanitária atual, grupos contrários à imunização encontram um ambiente ainda mais fértil para disseminar suas ideias negacionistas. 

Nesse contexto, Vieira destaca a capacidade de articulação desses movimentos nas redes sociais. “Eles exploram bastante uma falta de informação digital da sociedade. Muita gente trata a internet como uma espécie de oráculo: está nas redes, então é verdade”, afirma o professor do pH.

Para o combate do coronavírus, precisamos defender medidas de isolamento e o uso de máscara, além de, é claro, reivindicar por mais vacinas. Contra o negacionismo, Viera acredita que o antídoto é “apoiar a ciência e apelar para a educação”.

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