Nos últimos dias, quatro pessoas que estiveram em um evento na cidade de Campinas, interior de São Paulo, morreram vítimas da mesma doença: a febre maculosa. Embora ainda não esteja confirmado que o contágio se deu na festa, o local parecia guardar as características ideais para isso: uma fazenda, com a presença de animais de grande porte ou silvestres, e em uma das regiões com maior incidência de casos no país.
Neste texto, entenda o que é, afinal, a febre maculosa, do contágio aos sintomas. Veja ainda como a doença já apareceu em grandes vestibulares e esteja preparado para responder sobre ela – além, é claro, de tomar os cuidados para não contraí-la.
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Da capivara ao carrapato: o contágio pela febre maculosa
Antes de partir para a febre maculosa e os seus sintomas em si, é importante entender quais são os envolvidos no contágio. Aliás, aqui vale atenção redobrada: estas, em geral, são as informações mais cobradas pelos vestibulares quando se trata de parasitoses, zoonoses e outras doenças.
Agente infeccioso: bactéria Rickettsia rickettsii – e, mais raramente, a Rickettsia parkeri. É esta bactéria que causa a infecção, ou seja, a própria doença, em seres humanos.
Hospedeiro: animais de grande porte ou silvestres, como bois, cavalos, gambás e, especialmente, a capivara. Em algumas situações, animais domésticos como cachorros também podem ser infectados, embora seja menos comum. O hospedeiro não adoece com a presença da bactéria Rickettsia, mas a abriga em seu organismo e acaba sendo essencial no processo de transmissão.
Vetor: se a capivara é o hospedeiro mais comum da bactéria Rickettsia, o responsável por transportá-la até os seres humanos é outro. Os carrapatos do gênero Amblyomma, incluindo o famoso carrapato estrela, é quem faz a ponte final do contágio: ele primeiro morde o animal silvestre contaminado e, depois, morde e se fixa no corpo de um ser humano, transmitindo neste processo a bactéria que vai gerar a infecção.
Em resumo, o grande causador da febre maculosa, ao contrário do que muitos imaginam, não é o carrapato: ele é quem carrega a bactéria de outros animais para as pessoas. É o mesmo que ocorre, por exemplo, no caso da dengue, em que o mosquito Aedes aegypti transmite o vírus por meio da picada.
No caso da febre maculosa, no entanto, apenas uma “picada” não é suficiente para passar a bactéria: é necessário que o carrapato fique pelo menos quatro horas fixado ao corpo de alguém para que ocorra a transmissão.
Locais como a fazenda em Campinas, onde estiveram as quatro pessoas infectadas e mortas pela doença, são os mais propícios para o contágio, uma vez que abrigam animais que servem de hospedeiro e costumam ter vegetação alta. Além disso, o interior de São Paulo e o Sudeste de maneira geral são as regiões do país onde mais ocorre a febre maculosa. A região norte é que tem menos casos: nenhuma morte foi registrada de 2012 a 2022.
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Sintomas e tratamento
No corpo humano, a bactéria Rickettsia age destruíndo os vasos sanguíneos e, por isso, é comum que os infectados pela doença comecem a apresentar lesões na pele, que aparecem especialmente na palmas das mãos e planta dos pés. Outros sintomas comuns são febre alta, dor no corpo, dor forte na cabeça, náuseas, diarreia, dor muscular. O fato dos sintomas serem parecidos com os de outras doenças, como dengue, hepatite, malária ou mesmo a covid-19, pode dificultar o diagnóstico – e é aí que mora o grande perigo.
Para ser reversível, a febre maculosa precisa ser tratada o quanto antes, preferencialmente antes do quarto dia de sintomas. Depois disso, a taxa de mortalidade pode chegar a 80%. Segundo o Ministério da Saúde, o diagnóstico pode ser feito a partir de exames laboratoriais, como a reação de imunofluorescência indireta (RIFI) e o exame de imunohistoquímica, realizados via coleta de sangue e amostras de tecido, respectivamente.
O tratamento envolve o uso de antibióticos – já que o agente infeccioso é uma bactéria – e o carrapato também precisa ser cuidadosamente removido da pele.
Como se prevenir
Evitar, se possível, locais de comprovada incidência da doença é um primeiro passo. Mas os que costumam frequentar áreas rurais, de vegetação alta e que abriga animais como capivaras pode tomar alguns cuidados. O primeiro deles é utilizar roupas que cubram o máximo possível da pele e que sejam de cores claras, a fim de melhorar a visualização do carrapato.
O Ministério da Saúde também recomenda o uso de repelente e que, caso esteja caminhando em áreas de risco, a pessoa verifique em intervalos de duas horas se não tem nenhum carrapato grudado na pele. Caso identifique um, é importante removê-lo com cuidado para não esmagar, já que o veneno pode se espalhar.
A febre maculosa nos vestibulares
Que os grandes vestibulares como Fuvest, Enem e Unicamp costumam cobrar doenças na prova de Biologia os estudantes já sabem, mas vale se atentar especificamente para o caso da febre maculosa e dos agentes envolvidos na sua transmissão.
A doença já foi tema de diversas questões ao longo dos últimos anos e pode aparecer novamente, especialmente com a grande repercussão dos últimos casos.
Confira algumas perguntas que já figuraram nas provas:
UNICAMP 2013
Um caso de morte por febre maculosa em Piracicaba resultou no fechamento temporário de um parque da cidade, para que os elementos envolvidos na transmissão fossem eliminados. O agente etiológico dessa doença e os elementos necessários para sua transmissão são:
a) vírus, gato e mosca.
b) bactéria, capivara e mosca.
c) vírus, cão e carrapato.
d) bactéria, capivara e carrapato.
GABARITO: Alternativa D.
UNIVERSIDADE DE RIO VERDE 2019
A febre maculosa é uma doença causada por bactéria, que tem entre seus sintomas a febre alta, dores no corpo e manchas na pele. Analise as afirmativas abaixo e assinale V (verdadeiro) ou F (falso) para a alternativa.
A doença é causada pela Rickettsia rickettsii, uma espécie de bactéria que é transmitida aos seres humanos por carrapatos do gênero Amblyomma.
[VERDADEIRO]
[FALSO]
GABARITO: A afirmação é verdadeira.
PUC-PR 2015
Segundo o Instituto Adolfo Lutz, em 2015, a febre maculosa vitimou duas criança em Ourinhos (SP) e uma mulher de 35 anos em Santa Cruz do Rio Pardo (SP). Essa doença é transmitida ao homem e a outros animais domésticos pela picada do carrapato estrela contaminado, que costuma infestar as capivaras e outros animais silvestres. O aumento de casos pode estar ocorrendo devido à migração crescente de animais silvestres para os parques e praças das cidades em fuga dos herbicidas, pesticidas e desmatamento das zonas rurais.
Os primeiros sintomas da febre maculosa são confundidos com os da dengue, o que pode ocasionar o tratamento de forma incorreta.
A mãe de uma das crianças, morta aos 12 anos, não se conforma com o possível erro médico, uma vez que, se diagnosticado rapidamente, um simples antibiótico resolveria o problema e teria salvado a vida de sua filha.
Com base no texto, analise as afirmativas :
I. A dengue e a febre maculosa são causadas por um patógeno do mesmo Reino.
II. A transmissão da dengue e da febre maculosa é feita por vetores da mesma classe.
III. A transmissão da dengue e da febre maculosa é feita por dois animais hematófagos.
IV. O uso de antibiótico resolve as duas doenças.
A(s) afirmativa(s) CORRETA(S) é (são):
A) Apenas I, II e IV.
B) Apenas I e III.
C) Apenas II e III.
D) Apenas III.
E) Apenas I, III e IV.
GABARITO: Alternativa D
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